Faster Pussycat, Kill, Kill! (1966 - Legendado)

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Sinopse:
No deserto californiano, três strippers em carros esportivos, após um racha com um casalzinho ingênuo, acaba matando o rapaz e sequestrando a garota. Em um posto de gasolina uma das garotas toma conhecimento de uma bolada em dinheiro guardada por um velho deficiente físico que mora com dois filhos, um deles demente. Usando a garota sequestrada como isca para se aproximar do rancho do velho e colocar a mão na bolada, a stripper "chefona", juntamente com as outras controladas por ela, tentam seduzir o velho e os filhos com o intuito de encontrar o dinheiro.


Resenha:

Tenham em mente que o meu resumo da sinopse não faz jus ao filme.

Se o tempo me permitisse, eu ficaria por horas a fio comentando sobre as qualidades e inovações deste filme absolutamente genial. Russ Meyer (ex fotógrafo da Playboy) é um diretor ousado e inovador, para dizer o mínimo. Faster Pussycat praticamente inaugura o subgênero bad girls, mas está longe de ser um filme rotineiro e formulaico. FPKK é um estranho híbrido onde a comédia, farsa, sátira pop, suspense, horror, crítica social, escracho e violência andam lado a lado.

Meyer utiliza suas atrizes de seios avantajados da mesma maneira que cineastas do cinema "macho" utilizam seus atores no papel de bad guys e fotografa os seios como símbolos de poder e dominação, os homens passam quase sempre a impressão de serem uns maricas bundas-moles e as mulheres geralmente se aproveitam dessa condição. As atuações são toscas, artificiais e teatrais, não sei até que ponto isso é proposital, mas essa "falha" acaba contribuindo para a riqueza tonal do filme que alterna momentos de humor farsesco (voluntário e involuntário), suspense, tensão e por vezes, através de diálogos precisos que ressaltam o lado negro da natureza humana, momentos de puro horror psicológico e uma atmosfera de genuína insanidade, não muito distante de clássicos do horror rural como Quadrilha de Sádicos e Rejeitados pelo Diabo.

Vale ressaltar também a ótima trilha sonora jazzística.

Russ Meyer foi um dos primeiro diretores ligados ao cinema exploitation a conseguir reconhecimento de críticos sérios e a atrair o público mainstream (curiosamente FPKK que é considerado seu melhor filme não tem sexo nem nudez), chegou a ser contratado pelos estúdios Fox para dirigir 5 filmes, dos quais apenas 2 saíram do papel. Apesar de sofrer processos pelo conteúdo subversivo de alguns filmes e não ser exatamente uma unanimidade dentre público e crítica, sua influência na cultura americana como um todo é imensurável. Sem ele não existiria seriados como As Panteras nem a atitude "bad girl"como conhecemos, o visual da Tura Satana (atriz principal) é tão emblemático que ela chegou a patentea-lo e toda vez que o Meyer precisava fazer modificações nos posters era obrigado a liberar umas verdinhas para ela. Sem ele o horror rural dos anos 70 teria outra cara e até banda de rock com nome do filme existe.

FPKK é um filme emblemático e divisor de águas, infelizmente é muito mais citado que visto, o que é realmente uma pena pois pra mim é mais uma prova do que um diretor capaz pode conseguir com um material limitado.

FONTE DA RESENHA: Maquinário da Noite

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