OTZ CHIIM — ÁRVORE DA VIDA

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Níveis de Consciência, Esferas de Existência, Planos Mentais... a Árvore da Vida (ou Otz Chiim em hebraico) possui inúmeras definições e várias obras foram escritas em cima de seus conceitos. Originária da Cabala judaica (segundo a história, foi passada de Enoque a Abraão e perpetuada por Moisés), serviu como base para muito do que hoje é conhecido em magia porém, vamos aqui apenas relacioná-la com o sistema de nossa Santa Ordem.

A principal função da Árvore da Vida reside na estruturalização do sistema da A.·.A.·. Os graus da ordem são baseados em suas sephiroth onde um estudo mais aprofundado de suas relações (Livro da Lei, astrologia, tarô, chakras, orixás, gematria) deve ser cuidadosamente feito.

A Árvore da Vida é um mergulho na consciência humana, onde uma de suas principais virtudes reside na mutabilidade de sua aplicação no auto-desenvolvimento mágico, onde a sua correspondência com o microcosmo é dinâmica e infinita, pois em hipótese alguma ela é hermética em si, possuindo correspondências com praticamente todos os sistemas mágicos existentes.

Introdução à Árvore da Vida e sua relações na A.·.A.·.

A Árvore da Vida está dividida em 4 mundos, 10 sephiroth e suas 22 ligações ou caminhos. Cada sephirah corresponde a um grau da Fraternidade (o Probacionista está perdido em Qliphoth).

Os 4 mundos na Árvore são:
- Assiah — Mundo da Ação referente à sephirah de Malkuth.

Basicamente o mundo material e a relação que o indivíduo possui com ele, o nosso corpo e sua condição (Nephesh).

- Yetzirah — Mundo da Formação referente às sephiroth de Yezod a Netzach.

Corresponde ao mundo astral e aos seus habitantes anjos, demônios, espíritos e a alma humana (Ruach).

- Briah — Mundo Criativo referente às sephiroth de Tiphareth a Chesed.

- Atziluth — Mundo Arquétipo referente às sephiroth de Binah a Kether. Também Conhecido como a "Cidade das Pirâmides sobre a Noite de Pan".

Podemos citar também as Qliphoth (do singular Qliphah, "mulher indecente") — Mundo Maligno referente ao Abismo de Daäth—, a Àrvore da Vida inversa, o aspecto inverso das sephiroth.

Constituição Humana

Segundo a Cabala, a constituição do Homem é quíntupla.

- Jechidah — este é o princípio quintessêncial da Alma; aquilo que torna o homem idêntico a toda outra fagulha de Divindade e, ao mesmo, tempo diverso (no que concerne ao ponto de vista, e ao Universo do qual esse é o centro) de todas as outras. É um ponto, possuindo apenas posição; e essa posição só é definível através de referência a eixos coordenados, a princípios secundários, que só lhe pertencem por acidente, e devem ser postulados à medida que nossa concepção cresce.

- Chiah — este é o Impulso Criador, ou vontade, de Jechidah: a energia que exige a formulação do eixo de coordenadas já dito, a fim de que Jechidah possa obter auto-realização (uma compreensão articulada daquilo que é implícito em sua natureza) de suas possíveis qualidades.

- Neschamah — esta é a faculdade de compreender a Palavra Chiah. É a inteligência ou intuição daquilo que Jechidah deseja descobrir a respeito de si mesmo.

Estes três princípios constituem uma Trindade; eles são um, porque eles representam o ser de, e o aparato que tornará possível a manifestação de, um Deus em forma humana. Mas eles são apenas, por assim dizer, a estrutura matemática da natureza do homem. Poderíamos compara-los com às leis da física, como estas são antes de serem descobertas. Não existem, por enquanto, quaisquer dados através de cujo exame eles possam ser percebidos. Um homem consciente, portanto, não pode saber coisa alguma desses três princípios, sem bem que eles constituem a essência dele. É a obra da iniciação viajar interiormente em direção a eles. Veja-se, no juramento de um Probacionista da A.·.A.·. :
"Obter um conhecimento científico da natureza e poderes do meu próprio ser".

Este princípio triuno, sendo completamente espiritual, tudo que pode ser dito sobre ele é na realidade, negativo. E ele é completo em si. Além dele estende-se aquilo que é chamado O Abismo. Esta doutrina é extremamente difícil de explicar, mas corresponde mais ou menos ao hiato em pensamento entre o real, que é ideal, e o irreal, que é atual. No abismo, todas as coisas existem, realmente pelo menos em potencial, mas são desprovidas de qualquer significado possível, pois falta-lhes o substrato de realidade espiritual. Elas são aparências da Lei. São, assim, Miragens Insanas.

Agora o abismo sendo assim o grande armazém de Fenômenos, ele é a forte de todas as impressões. E o Princípio Triuno tencionou uma máquina para investigar o Universo; e esta máquina é o quarto princípio do Homem.

- Ruach — pode ser traduzido como Mente, Espírito ou Intelecto; nenhuma das três traduções é satisfatória, com a conotação variando com cada escritor. Ruach é um grupo estreitamente entretecido de Cinco Princípios Morais e Intelectuais, concentrados em volta de seu corpo, Típhereth, o Princípio da Harmonia, a Consciência Humana e Vontade, de que as outras quatro Sephiroth são (por assim dizer) as antenas. E estes cinco princípios culminam em um sexto, Daath, conhecimento. Mas este não é realmente um princípio, pois ele contém em si mesmo o germe de auto-contradição, e assim de auto-destruição. É um falso princípio; pois, tão cedo, o Conhecimento é analisado, ele se decompõe no pó irracional do Abismo.

A aspiração do homem ao Conhecimento é, assim, simplesmente, um caminho falso; é tecer cordas de areia.

Nós não podemos entrar aqui na doutrina da "Queda de Adão", inventada para explicar a parábola de como o Universo está assim, tão infelizmente constituído.

Nós nos ocupamos aqui apenas com fatos observados, e não com teorias. Todas essas faculdades mentais e morais de Ruach, se bem que não são puramente
espirituais como a Tríade Suprema, estão ainda como se fosse, "no ar". Para serem úteis, elas necessitam de uma base através da qual possam receber impressões, muito parecido como uma máquina que necessita de combustível e matéria prima antes de poder manufaturar o artigo que foi concebida para produzir.

- Nephesch — é usualmente traduzido como "Alma Animal". É o veículo de Ruach: o instrumento através do qual a Mente é posta em contato com o pó da Matéria do Abismo, para que possa senti-lo, julga-lo, e reagir a ele. Nephesch é, em si mesmo, um princípio ainda espiritual, em um senso da palavra: o corpo físico do homem é composto de pó de Matéria, temporariamente coerido pelos princípios que o infundem para seus respectivos propósitos e ultimamente para o supremo propósito de auto-realização de Jechidah. Mas Nephesch, desavisado como é, sem outro objetivo que o tráfico direto com a matéria, tende a partilhar da inocência desta. Suas faculdades de perceber dor e prazer o atraem à arapuca de prestar demasiada atenção a um grupo de fenômeno, e evitar outros. Daí que Nephesch execute sua função como é próprio, é necessário que ele seja dominado pelas mais severa disciplina. Nem merece mesmo Ruach confiança neste ponto. Ele tem suas próprias tendências à fraqueza e injustiça. Ele tenta todo truque — e é diabolicamente astuto — para organizar seu contato com a matéria no senso mais conveniente à sua própria inércia, sem dar a mínima consideração ao seu dever para com a Tríade Suprema, cortado como está de compreensão dela; de fato, nem suspeitando normalmente, a existência dela.


Aleister Crowley
Pequenos Ensaios em Direção à Verdade

astrumargentum.org.br/

Mundos, Constituição Humana, Elementos

http://www.ordoaa.com.br/arquivos/ht/libri/otz_chiim.pdf

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