Devoções, ciberespaço e imaginário religioso - Uma análise dos altares virtuais

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Por José Rogério Lopes *


Resumo: O artigo analisa algumas correspondências estabelecidas entre as experiências devocionais no ciberespaço, com foco nos altares virtuais, e o imaginário religioso contemporâneo, considerando os registros das novas devoções e a introdução de práticas e linguagens rituais em espaços novos para mediações devocionais; a propriedade de o cristianismo devocional conferir rosto e materialidade à fé, como de criar raízes onde existam outras religiões, e a “vocação para o público” própria dessas devoções.

A análise das correspondências estabelecidas explicita a necessidade de aprofundar o estudo dessas combinações, visando melhor compreender o universo dinâmico e rico de religiosidade que se produz no ciberespaço.

No céu entra quem merece, no mundo vale é quem tem [...computador!]
(Adaptação da letra de uma canção de domínio público)

Introdução

O campo religioso contemporâneo carrega a marca da pluralidade e se define, mais do que antes, pelas problematizações que tal pluralidade provoca. Isso porque os reptos constantes que as diversas denominações religiosas dirigiram, e ainda dirigem, à predominância católica no ocidente têm flexibilizado as fronteiras e os padrões sociais das práticas religiosas e modificado o cenário institucional religioso. Simultaneamente, emergiram nesse mesmo campo religioso de pluralismo concorrencial, nas últimas décadas, processos de significação individuais e coletivos que, combinados com estruturas de sentimentos abertas a novas percepções, rearranjam de forma reflexiva os modelos prevalecentes de religiosidade. Reagindo a esse reordenamento, as antigas tradições religiosas se atualizam seletivamente, ora incorporando, ora desincorporando representações e práticas diversas. E seguindo a máxima de que nada se perde, tudo se transforma, essas mudanças têm deixado lacunas sobre as quais os atores religiosos contemporâneos fabricam novos modelos, ou também atualizam os antigos.

Nesse quadro de atualizações e fabricações religiosas inacabadas, que pode ser configurado como um campo performático-religioso (Lopes, 2008), as devoções populares têm ganhado força, novamente, pela sua capacidade performática de produzir estratégias e gerir identidades em negociação com alteridades distintas.

Enquanto as institucionalidades religiosas se da perspectiva das mediações tecnológicas (Jungblut, 2004), seja como produção de uma imagética religiosa que presentifica significações religiosas, como já afirmou Bruno Latour (2004). E é nessa direção que aqui me oriento, indicando e analisando alguns percursos. As correspondências que busco estabelecer entre as descrições e análises das experiências virtuais-devocionais contemporâneas explicitam a necessidade de aprofundar o estudo dessas combinações, de maneira a melhor compreender o universo dinâmico e rico de religiosidade que se produz no ciberespaço. Para tanto, opto por analisar, nos limites do artigo, alguns referenciais importantes dos altares virtuais criados nesse contexto.

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* Pedagogo, mestre e doutor em Ciências Sociais, professor titular do PPG em Ciências Sociais da Unisinos, em São Leopoldo, Brasil (jrlopes@unisinos.br).


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