Sacrifícios humanos foram praticados desde a Antiguidade, quando matavam-se pessoas ritualisticamente de forma que agradasse algum deus ou força espiritual. Muitas civilizações tiveram ou ainda têm práticas de sacrifício humano em suas culturas, como por exemplo o caso da civilização asteca.
Ocasiões em que se sacrificavam homens:
A teologia do sacrifício permanece uma questão em aberto, não apenas para as religiões que ainda realizam rituais de sacrifício, mas também para as que não mais os praticam, ainda que suas escrituras, tradições e histórias façam menção a sacrifício de animais. As religiões apresentam diversas razões pelas quais os sacrifícios podem ser realizados.
Na religião da Grécia Antiga o templo não servia de lugar de culto onde os fiéis se reuniam para celebrar os ritos, o templo era a casa do deus ao qual foi consagrou. O lugar de reunião dos devotos era o altar exterior, o bomos, bloco de cantaria quadrangular onde se desenrolava o rito central da religião grega, o sacrifício. O sacrifício era de origem alimentar, envolvendo um animal doméstico como os que hoje nos servem de alimento, que seguia numa procissão ritual até ao bomos. A cabeça era cortada com uma espada curta, a machaira, que até ali estava dissimulada debaixo de cereal no cesto ritual, o kanun. O sangue que jorrava sobre o altar era recolhido num recipiente, tal como ainda se faz num açougue ou matadouro, e abria-se o animal para se examinar as entranhas, e em especial o fígado, de modo a concluir se o sacrifício era aprovado pelos deuses. No caso afirmativo, a vítima era esquartejada e dividida nas suas diversas partes, tarefa que atualmente se faz num talho. As gorduras e os ossos maiores, completamente descarnados, eram deixados no altar para serem cremados, processo pelo qual se enviava o produto sacrificial aos deuses. Alguns dos pedaços internos, os splanchna, eram grelhados em espetos neste fogo, pelos executantes do rito, e posteriormente distribuidos pelos mesmos, garantindo assim o contato entre os deuses e os executantes do rito. O resto da carne era cozida e dividida em partes iguais para ser consumida no local, como consumação geral da festa sacrificial por todos os participantes. As peles e a língua eram entregues ao sacerdote, ou cidadão imaculado, que procedera ao sacrifício.
O que no sacrifício grego é, para os deuses, uma oferenda, para os homens é uma refeição de festa que desde a imolação ao repasto estava envolvida numa atmosfera de fausto e alegria. Toda a encenação ritual era conduzida de modo a velar quaisquer traços de violência e assassinato, para fazer ressaltar a solenidade pacífica de uma festa feliz. O animal do sacrifício não chegava a perceber qual era o seu destino e ninguém se horrorizava com o prospecto da sua morte. Ainda hoje, nos açougues industrializados, procura fazer-se a matança sem que o animal perceba, para que não liberte as toxinas produzidas pela ansiedade anterior ao golpe que o leva à morte, que infestam e muitas vezes inutilizam a sua carne. Na sociedade grega antiga não se comia outra carne que não a dos sacrifícios.
No Judaísmo, o sacrifício é conhecido como Korban, palavra oriunda do hebreu karov, que significa "vir para perto de Deus".
Judeus medievais como Maimônides reinterpretaram a necessidade de sacrifícios. Em sua visão, Deus sempre colocava os sacrifícios abaixo de orações e da meditação filosófica. No entanto, Deus entendia que os israelitas estavam acostumados aos sacrifícios animais, que as tribos pagãs realizavam como forma de comunicação com seus deuses. Assim, na visão de Maimônides, era natural que os israelitas acreditassem que o sacrifício fosse necessário na relação entre o homem e Deus. Maimônides concluiu que a decisão de Deus de permitir sacrifícios era uma concessão às limitações psicológicas do homem. Era esperado que os israelitas passassem de sacrifícios à adoração pagã em pouco tempo.
O sacrifício de um animal, em língua árabe, se diz Qurban (ﻗُﺮْﺑَﺎﻥ). No entanto, a palavra possui em certas regiões uma conotação pagã. Na Índia, porém, a palavra qurbani é utilizada para o rito islâmico de sacrifícios de animais.
No contexto islâmico, o sacrifícios de um animal é comumente referido como Udhiyah, significando sacrifício. Udhiyah, como um ritual, é oferecido apenas em Eid ul-Adha. Os muçulmanos dizem que isso não tem nada a ver com sangue e ferimentos (Corão 22:37: “Não é a sua carne tampouco seu sangue que alcança Alá, mas sim a sua fé que o alcança...”). O sacrifício é feito para ajudar os pobres, e para recordar o profeta Abraão que não se opunha a sacrificar o filho (de acordo com os muçulmanos, seria Ismael) a pedido de Deus. O animal a ser sacrificado pode ser um cordeiro, uma ovelha, uma cabra, um camelo ou uma vaca. Deve ser saudável e estar consciente.
O rito islâmico de sacrifício é chamado Dhabĥ. Em nome de Alá, a garganta e as veias jugulares são cortadas rapidamente com faca bem afiada. A espinha dorsal e o pescoço não devem ser quebrados até que o animal pare de se mover, evitando dor ao animal. São explicitamente proibidas outras formas de sacrifício de animais como morte a pauladas, eletrocussão e perfuração do crânio com lança.
A razão por que se invoca o nome do Criador no momento do sacrifício é por alguns considerada aquivalente à aceitação do direito do Criador sobre todas as criaturas. Trata-se de um tipo de permissão garantida ao autor do sacrifício, resulta em sentimento de gratidão por poder comer a carne do animal sacrificado. A carne é normalmente distribuída entre os parentes necessitados. No entanto, dependendo do propósito ou da ocasião, pode ser consumida pela pessoa que sacrificou o animal. Todos os animais devem ser sacrificados dentro das formas acima, não se importando se a carne será utilizada em comemoração religiosa ou consumo pessoal. Será então considerada Halal, e própria para consumo.
Fonte: xangoaganju.no.comunidades.net
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