OBSERVAÇÃO

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Observo. A água avança. Prédios abrem os braços.

Não dá pra fazer nada.

Aquele anjo sentado na calçada olha ao redor. Nada vê. Não há nada para fixar os olhos.

Mija ali mesmo o anjo sentado na calçada.

Dois policiais se aproximam. Dão um alerta. Logo mais inúmeras viaturas aparecerão e forjarão uma peneira no corpo e nas asas do anjo da calçada.

Um anjo não pode mijar assim, obediente à vontade do corpo.

Há que segurar. Além do mais, os tempos estão muito violentos.


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