Robert Smith, vocalista do The Cure, foi uma das principais influências da figurinista Lolô Aranha para compor o visual dos rapazes de "Julie e os fantasmas", no ar na Band, às segundas, e no Nickelodeon, às quintas, às 18h30m.
"O diretor, a maquiadora e eu pensamos muito para chegar num conceito. Logo de cara, o Robert Smith surgiu como ideia para o líder da banda. Mas não fizemos nada muito obscuro porque é uma série adolescente, alegre. Tivemos que encontrar um meio-termo", explica a figurinista.
Para gravar o episódio piloto, ela conta ter garimpado peças mais antigas. Já na hora de rodar o seriado para valer, esbarrou num pequeno problema: como os rapazes são fantasmas, não mudam de roupa nunca. E a probabilidade de achar duas peças iguais num brechó é bem próxima de zero. A solução foi comprar vestimentas novas e mandar envelhecê-las artificialmente.
Cada personagem tem três mudas de roupa e estilo próprio. Daniel (Bruno Sigrist), o líder, é mais sério e introvertido; Martim (Marcelo Ferrari) é o galã da banda, com sua camisa de cetim brilhosa e cabelo arrumadinho; já Félix (Fábio Rabello) é o divertido: usa calça roxa justíssima e colete.
"O que a gente mais gostava era o The Cure, mas buscamos um monte de outras coisas. Assistimos desde vídeos do Joy Division e New Order a episódios de 'Armação ilimitada'", conta Lolô.
Outros ícones do rock inspiraram o visual dos músicos de mentirinha, como Iggy Pop e Mick Jagger. É em caras assim, como estes, que Fábio pensa quando olha as roupas de seu personagem.
"Nas conversas com o diretor, sempre surgiam menções ao Iggy Pop. Na personalidade, o Félix é bem diferente desses roqueiros, porque é mais medroso e na dele. Mas o visual é muito parecido, especialmente o cabelo", lembra o ator, que encarna uma versão levemente mais colorida do vocalista do The Stooges.
Com idades que variam de 21 a 23 anos, os meninos não viveram a década de onde saíram seus personagens, mas não acham que isso dificulta a interpretação. O rock também não é exatamente a especialidade dos atores: Marcelo diz curtir um som mais pop, além de blues e MPB, e Bruno confessa que mal conhecia as bandas que são referência.
O único mais inclinado ao som das guitarras é Fábio, que coloca as bandas Queen e Led Zeppelin entre seus favoritos.
No fim das contas, eles mesmos acabam, de vez em quando, influenciando o figurino de acordo com sua percepção dos personagens.
"O Martim, por exemplo, é super descolado e largadão na essência. Fica claro que esse papel de galã da banda, todo bonitinho e certinho, foi imposto a ele.
Para mostrar isso, a gente decidiu fazer algumas coisas: dobramos a manga da camisa e deixamos a gravata um pouco mais solta", explica Marcelo, cujo visual tem um quê de surfista numa releitura de André de Biasi como o Lula de "Armação ilimitada".
FONTE: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1070911