Xenoglossia - Sarah Grey Thomason - Universidade de Pittsburgh - 12 de janeiro de 1995

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INTRODUÇÃO:

O conceito de xenoglossia está mais intimamente associado com Ian Stevenson, Professor de Psiquiatria da Universidade da Escola Médica de Virgínia, o qual publicou detalhadas análises de muitos, especialmente bem documentados, pretensos casos do fenômeno. Stevenson define xenoglossia como ‘falar uma língua real inteiramente desconhecida [ao falante] em seu estado normal’ (1974:1). Afirma que o termo foi originalmente cunhado por C. Richet (1905-1907).

Como Stevenson nota (veja especialmente a pesquisa em seu livro de 1974) existem numerosos relatórios publicados de xenoglossia, mas a maioria deles tem pouquíssima informação para permitir um teste de sua validade.
Stevenson argumenta por uma distinção crucial entre o que ele chama xenoglossia responsiva e xenoglossia recitativa. Na xenoglossia recitativa a pessoa expressa ‘frases e de vez em quando longas passagens de uma língua estrangeira, normalmente aprendida precocemente em vida, sem a habilidade de conversar nesta língua (1974:2); a pessoa ‘exibe normalmente somente memória mecânica (ibid., 5) e pode não entender absolutamente esses fragmentos da língua estrangeira. Claramente, xenoglossia recitativa não se encaixa de fato sob a definição de xenoglossia, porque – apesar da pessoa ter esquecido o que sabia da língua após muitos anos devido à falta de uso – a língua dificilmente poderia ser considerada inteiramente desconhecida pela pessoa.
Em xenoglossia responsiva, entretanto, ‘a pessoa pode conversar inteligentemente na língua estrangeira’ (ibid.). A importância deste critério é que, na visão de Stevenson, ‘alguém só pode adquirir a capacidade de usar uma linguagem responsivamente usando-a, não por ouvi-la por acaso’ (1984:160). Não é tão fácil quanto Stevenson acredita caracterizar o conceito de ‘conversar inteligentemente’ de forma precisa, sendo mais difícil do que parece se testar tal capacidade; mas o que ele tem em mente é que a pessoa deve poder mostrar que ela entendeu perguntas feitas na língua estrangeira respondendo-as de uma maneira apropriada. Dado o problema de anterior conhecimento por meios normais em xenoglossia recitativa, não surpreende que o foco da pesquisa de Stevenson seja em casos do tipo responsivo, os quais ele acredita serem os únicos casos verdadeiramente probativos de xenoglossia. No resto deste artigo, eu usarei o termo ‘xenoglossia’ para me referir exclusivamente a essa categoria.
A explicação apresentada por Stevenson para os casos de xenoglossia que ele considera genuínos é que ‘a personalidade sobrevivente à morte [pode] expressar em outro corpo físico – seja por meio da reencarnação ou possessão temporária – uma língua que tenha aprendido na vida passada’ (1984:166). Ele diz que não pode ‘decidir entre a hipótese de possessão e reencarnação’ no caso Jensen, por exemplo (1974:84); neste caso ele primeiramente favoreceu a explicação de reencarnação como a mais provável, mas então mudou para possessão, sem saber bem por quê (ibid.). Em geral, ele é cauteloso em fazer alegações sobre reencarnação: uma frase que se repete em muitos dos seus escritos é ‘casos do tipo reencarnação’. Vejam, por exemplo, artigos como ‘A preliminary report on an unusual case of the reincarnation type with xenoglossy’ (The Journal of the American Society for Psychical Research 74:331-48, 1980) e títulos de livros como Cases of the reincarnation type (p. ex. vol. 1, Ten cases in
India, Charlottesville: University Press of Virginia, 1975).

Encontrar evidência
que apóie alegações de reencarnação é uma meta importante sua, e ele está correto na sua crença que um caso bem estabelecido de xenoglossia genuína deve convencer os céticos da necessidade de alguma explicação paranormal.
Nas seções seguintes eu primeiro delinearei vários estudos de caso: os melhores exemplos de Stevenson [os casos Jensen, Gretchen, e Sharada] e três exemplos menos sofisticados fornecidos por um hipnólogo de Pittsburgh (§2). Então, em §3, eu considerarei se uma explicação paranormal é necessária para quaisquer destes casos. Minha conclusão será que, embora fraude provavelmente possa ser desconsiderada em todos estes casos, a evidência linguística é fraca demais para fornecer algum apoio para as alegações de xenoglossia. Uma discussão mais plena de xenoglossia incluiria fenômenos linguísticos relacionados tais como glossolalia (falar em línguas num cenário religioso; vide Samarin 1972) e sotaques pseudo-estrangeiros na fala de entidades canalizadas pelos médiuns modernos, ou canalizadores (vide Thomason 1989); limites de espaço impedem a inclusão destes temas aqui.

ESTUDOS DE CASO:

Stevenson começa seu livro de 1974 com uma pesquisa de vários casos de xenoglossia que foram relatados na literatura, mas ele não faz afirmações fortes sobre sua validade porque, ele acredita, que não haja informações suficientes disponíveis para permitir testes rigorosos de suas alegações. Seus livros de 1974 e 1984, por sua vez, focam em três casos de xenoglossia responsiva que poderiam ser submetidos a testes sérios.
Descreverei o primeiro estudo de caso mais detalhado, porque o padrão de investigação e análise de Stevenson são semelhantes nos casos posteriores, farei resumos mais breves dos outros dois casos cobertos por Stevenson em 1984.
O estudo de caso de 1974 é o de Jensen Jacoby, uma personalidade masculina manifestada por TE, uma dona de casa americana de trinta e sete anos, sob hipnose. (O esboço do caso apresentado aqui é de Stevenson 1974.) Jensen apareceu em oito sessões hipnóticas, todas durante 1955-1956, por uma técnica de regressão de idade que supostamente voltava TE para além de sua juventude, mais precisamente para uma vida anterior como Jensen, um camponês sueco. Durante estas sessões Jensen foi interrogado, primeiro em inglês mas mais tarde em sueco, sobre sua vida; respondeu em inglês a perguntas inglesas e em sueco a perguntas suecas (embora algumas perguntas tivessem sido feitas primeiramente em sueco e então, quando ele pareceu não entender, em inglês). O hipnólogo era o marido da TE.
TE nasceu e se criou na Filadélfia; seus pais imigrantes falavam inglês, polaco e russo no lar enquanto ela crescia. A única língua estrangeira que ela tinha estudado na escola foi o francês. Ela nunca fôra exposta sistematicamente ao sueco ou a qualquer outra língua escandinava, e sua única experiência significativa com sueco consistia, até onde podia se lembrar, de algumas frases suecas faladas numa série exibida pela televisão sobre as vidas de americanos suecos, a qual tinha visto alguns anos antes de 1955 e que se lembrava bastante bem. Ao investigar o caso de Jensen, Stevenson foi a grandes extensões para descartar, como uma explicação para a fala sueca de Jensen, toda a possibilidade de fraude ou de experiências esquecidas com sueco ou outras línguas escandinavas. TE teve de fazer dois testes com o polígrafo, um teste de associação de palavra, e um teste de aptidão de linguagem; Stevenson obteve declarações assinadas de TE, de seu marido, e de outros parentes e conhecidos atestando seu não-trato com escandinavos e línguas escandinavas; ele estabeleceu que nenhuma língua escandinava foi ensinada na escola que ela frequentou, e que não havia nenhum período em sua vida em que ela poderia ter aprendido sueco secretamente sem o conhecimento do seu marido e outros parentes; e assim por diante. Stevenson foi de fato extremamente zeloso nos seus esforços para eliminar fraude como uma possível explicação.
Concluiu que ‘neste caso, a capacidade de falar sueco, como essa pessoa fez, não foi adquirida normalmente por TE’ (1974:71). Sua demonstração que não havia nenhuma fraude no caso convence, mas sua alegação que Jensen tinha a capacidade de falar sueco não.
O sueco de Jensen é, como Stevenson reconhece, menos que perfeitamente fluente. Primeiro, na entrevista estudada mais intensivamente por Stevenson (a da sessão sete), Jensen só usa aproximadamente sessenta palavras espontaneamente (isto é, antes dos interlocutores suecos usá-las) e, de acordo com um dos consultores do Stevenson, ao se eliminar cognatos com inglês ou alemão este número fica reduzido a trinta e uma palavras inteligíveis (ibid.). Segundo, nesta entrevista Jensen tem um vocabulário sueco total de aproximadamente cem palavras; isto não é muito impressionante quando comparado com as milhares de palavras conhecidas por qualquer orador nativo de qualquer língua natural, mesmo levando em conta os contextos limitados em que Jensen falou sueco.
Terceiro, ele raramente
responde as perguntas em sentenças completas; na cópia completa da sessão sete que é incluída como um apêndice em Stevenson 1974, a vasta maioria das respostas de Jensen são elocuções de uma ou duas palavras, com nenhuma sentença absolutamente complexa.
As opiniões na qualidade da pronúncia sueca de Jensen variam. Por um lado, dois dos consultores de Stevenson elogiam o sotaque sueco de Jensen, e um diz que só um falante de sueco nativo poderia pronunciar a palavra ‘seven’ corretamente, como Jensen fez (ibid., 37, 38); Stevenson toma este julgamento como evidência para a excelência do ‘sotaque sueco em ao menos alguns momentos’ (ibid., 66). Por outro lado, Stevenson se refere em outra parte a peculiaridades da ‘pronúncia de Jensen, especialmente seu hábito de adicionar uma vogal no final das palavras que acabam numa consoante’ (ibid., 96), e admite que a transcrição das entrevistas em ‘ortografia sueca correta’ obscurece os erros de pronúncia de Jensen.
Outros aspectos inesperados da competência linguística de Jensen surpreendem, isso é, sob a suposição que ele é/era um orador nativo da língua, devendo ser explicados também. Vários especialistas da pesquisa psíquica que conheciam o sueco e/ou o norueguês entrevistaram TE enquanto ela manifestava a personalidade de Jensen sob hipnose, e eles concordaram que o sueco de Jensen vinha misturado com norueguês; Stevenson supõe que isto seja explicado por ele ter tido uma mãe norueguesa. Além do mais, Jensen fala inglês, e isto, na visão de Stevenson, mostra que Jensen deve ter vivido no século 17 e emigrado à Nova Suécia na América do Norte, onde ele aprendeu inglês. Propostas análogas são ditas para explicar a mistura aparente de dialetos suecos no discurso de Jensen.
Apesar de todos estes problemas com o sueco de Jensen, Stevenson conclui que é ‘incontestável’ que ‘a pessoa conversou inteligivelmente num sueco de sotaque excelente (em alguns momentos) e vocabulário claro’ (ibid., 71).
Para ilustrar esta conclusão, ele realça o fato que, para conversar numa língua, deve-se praticá-la; não é possível conversar se alguém meramente memorizou algumas palavras e frases.

Stevenson 1984 contém dois estudos de caso, os de Gretchen e Sharada.
Gretchen é uma personalidade manifestada em sessões hipnóticas entre 1970 e 1974 por uma dona de casa americana chamada Dolores Jay. Como TE, o conhecimento anterior de alemão da Sra. Jay (até onde ela podia se lembrar) estava restrito a programas de televisão e uma olhada num livro alemão.
Como no caso de Jensen, o hipnólogo era seu marido. Uma diferença entre os dois casos (à parte da língua específica da manifestação) é que a Sra. Jay estudou um dicionário alemão em um momento durante o período principal, num esforço para aprender alemão suficiente de forma a agradar seu marido indisposto durante as sessões hipnóticas subsequentes; mas Stevenson assinala que a Sra. Jay já tinha produzido 206 palavras espontaneamente antes deste acontecimento (1984:48). Neste caso também, Stevenson fez grandes esforços para descartar a fraude como uma possível explicação para o desempenho linguístico do sujeito. Sua conclusão é que não havia nenhuma fraude convincente em ambos os casos, embora o desejo das mulheres de agradarem seus maridos por manifestar as personalidades estrangeiras talvez as tenha encorajado a prestar grande atenção a quaisquer frases diretas suecas ou alemãs que lhe chegassem.
O desempenho linguístico de Gretchen é qualitativamente semelhante ao de Jensen. Num apêndice (1984:169-203) Stevenson fornece ‘extratos das cópias de sessões com Gretchen’ (169), que consistem nas perguntas dos entrevistadores e nas respostas de Gretchen. As respostas são em grande parte restritas a expressões vocais de uma ou duas palavras, e muitos delas são simplesmente repetições da pergunta do entrevistador (mas com entonação declarativa da sentença em vez de entonação de pergunta). O vocabulário alemão de Gretchen é minúsculo, e sua pronúncia está manchada. Por exemplo, a palavra que ela usa para ‘blue’ é blü - que é claramente a palavra inglesa com a vogal alemã [ü] substituindo a vogal inglesa; não é a palavra alemã, que é blau, que rima com a inglesa cow.
Algumas de suas pronúncias parecem estar influenciadas pela escrita alemã e não pelos sons alemãs; por exemplo, Stevenson diz que ela pronuncia a palavra alemã schön para ‘beautiful’ como a inglesa show, em vez – como alguém esperaria de anglicizações típicas da vogal alemã [ö] – como a inglesa Shane ou shern.
Diferentemente de Jensen, que fala inglês assim como sueco (com norueguês misturado com sueco), Gretchen fala somente alemão. Ela claramente entende inglês, entretanto, já que pode ‘responder em alemão a perguntas feitas a ela tanto em inglês como em alemão’ (ibid., 32). Ela, no entanto, usa uma palavra inglesa ocasional, por exemplo schicken para ‘chicken’ (ibid.).
Talvez porque não haja plausível analogia aqui à sua explicação da Nova Suécia para o inglês de Jensen, Stevenson não oferece nenhuma explicação para a capacidade de Gretchen de entender inglês nem seu conhecimento de algumas palavras inglesas.
Gretchen diz que é iletrada (ibid., 40), mas em um momento ela escreve aproximadamente quarenta palavras (algumas delas repetições) em alemão (43), com erros de ortografia que talvez se esperaria de um anglófono que tivesse aprendido só um pouco de alemão.
No caso de Gretchen também, Stevenson está confiante da necessidade de uma explicação paranormal para o desempenho linguístico dela. Numa carta respondendo a críticas do caso Gretchen, ele diz que ‘quase qualquer um poderia pegar casualmente um pouco de alemão, mas não a quantidade – pequena que fosse – que Gretchen sabia’ (carta ao editor do The Journal of Parapsychology 51:373, 1987).

O caso de Sharada difere notadamente dos casos Jensen e Gretchen. Primeiro, a pessoa – uma mulher indiana chamada Uttara Huddar (doravante UH), nascida em 1941, que fala Marathi nativamente – não foi hipnotizada; em vez disso, a personalidade de Sharada se manifestou ‘espontaneamente, embora quase certamente primeiro quando a mulher estava num estado alterado de consciência’ (Stevenson 1984:73). Segundo, diferentemente de Jensen e Gretchen, a personalidade de Sharada fala sua suposta língua nativa, bengali, relativamente fluentemente, frequentemente usando sentenças longas e completas (ibid.). Além do mais, Stevenson alega que (outra vez em contraste com os casos Jensen e Gretchen) ‘muitas declarações de Sharada foram verificadas e uma família correspondendo a elas foi localizada na parte de Bengal onde ela alegou ter vivido’ (ibid.).
Certamente Sharada é muito mais informativa e explícita sobre sua vida que Jensen ou Gretchen.
Sharada surgiu pela primeira vez em 1974, falando bengali e vestida no estilo bengali em vez de no estilo apropriado para seu estado natal (Maharashtra), num hospital onde UH estava sendo tratada de uma doença psicológica. Stevenson julgou-a ter vivido no início do décimo nono século, uma estimativa baseada em parte pela ignorância dela de objetos modernos como trens e canetas-tinteiros (p. 106). Até que em 1976, quando ela começou a fazer aparências menos frequentes e mais breves, Sharada manifestava-se cerca de duas vezes por mês em intervalos irregulares.
UH teve um longo ‘interesse especial em Bengal e o bengali’ (ibid., p. 81), e da mesma forma seu pai. No entanto, de acordo com Stevenson, a família não sabe bengali e não tem nenhuma conexão com Bengal. A cidade em que UH passou grande parte de sua vida, Nagpur, tem aproximadamente 10.000 bengali numa população total de aproximadamente um milhão (p. 137), então UH poderia ter tido contato com oradores bengalis durante seu tempo de vida presente. Ela tivera algumas lições em leitura bengali (p. 139); isto teria sido uma tarefa fácil, já que ela já sabia de um manuscrito relacionado a ela (UH) em sua própria língua, Marathi. UH também estudou sânscrito, o que ajudaria tanto a aprender a falar como ler bengali. O conhecimento de UH de Bengal também pode ser explicado por meios normais: ela lê romances bengalis traduzidos (p. 143).
Como nos casos Jensen e Gretchen, Stevenson tentou ao máximo verificar as possibilidades de explicar o bengali de Sharada por meios normais (em vez de paranormais). Neste caso, no entanto, ele não focaliza na possibilidade de fraude, talvez porque os meios normais para aprender bengali estivessem demonstravelmente disponíveis a UH durante a maior parte de sua vida antes das manifestações de Sharada. Peritos falantes de bengali que ele consultou sobre a competência linguistica de Sharada discordaram. Um Dr. Roy, por exemplo, disse que Sharada ‘demonstrou um completo comando da língua bengali’ (120), e um Professor Paal concordou (121).
Em contraste, M.C. Bhattacharya disse que, ‘apesar de Sharada poder falar bengali inteligentemente, ela não o falava fluentemente e às vezes tinha que procurar palavras’ (120); este julgamento foi repetido por Ranjan Borra, que adicionou que seu ‘sotaque bengali definitivamente não era o de um orador bengali nativo... [mas] sim o de um não-bengali que aprendeu a falar bengali depois da infância’ (122). Mesmo o Dr. Roy comentou que sua pronúncia bengali não era boa (124).
Provavelmente mais significativa, no entanto, é a avaliação do Professor Sisir Kumar Das, Professor Tagore de bengali na Universidade de Délhi (126) e ‘o único linguista treinado’ entre todos os oradores nativos bengalis que estudaram o bengali de Sharada (133). Ele concluiu que seu bengali não era nem natural nem fluente, que seu sotaque era estrangeiro, que seu bengali representava um dialeto medíocre de Bengal Ocidental (127), que ela falava uma variedade não-nativa do século 20 – definitivamente não do século dezenove – e que, no todo, seu ‘bengali lembra o de alguém que possui bengali como uma segunda língua, embora não muito perfeitamente’ (132).
Stevenson apresenta o testemunho do Professor Das em sua totalidade, mas sugere que, porque as conversas de Das com Sharada foram breves, talvez Shrada tivesse um tempo curto demais para ‘exercitar’ a conversa com ele, e portanto não exibiu suas habilidades bengalis plenamente (133); semelhantemente, argumenta que a pronúncia influenciada por Marathi do bengali de Sharada talvez fosse explicada por sua necessidade de falar por UH. Nem o testemunho de Das nem o interesse profundo de UH em Bengal, abalaram Stevenson de sua crença na natureza paranormal do bengali de Sharada.
O caso de Sharada difere dos de Jensen e Gretchen em um outro aspecto importante: para os outros dois casos Stevenson forneceu cópias das interações reais entre os sujeitos e os entrevistadores, mas, para Sharada, ele fornece apenas alguns extratos das traduções inglesas das entrevistas (206-209). Não há, portanto, nenhum dado que permitiria a evidência linguística crucial para a alegação de xenoglossia ser avaliada. Numa breve tabela Stevenson fornece 24 palavras bengalis proferidas por Sharada, junto com seu sânscrito, bengali moderno, Marathi, e equivalentes de Hindi
(128-29). Destas palavras, 8 assemelham-se a sânscrito mas não (ou ao menos não tão proximamente) a bengali; 7 assemelham-se tanto a sânscrito quanto bengali; 7 assemelham-se a bengali mas não a sânscrito; e duas não se assemelham aproximamente a quaisquer das quatro línguas (embora para uma delas um dialeto diferente de bengali se acredita ser uma fonte plausível).
Não há nenhuma palavra que seja muito semelhante a Marathi ou Hindu mas a sânscrito e/ou bengali, e nenhuma das palavras que são semelhantes a sânscrito mas não a bengali lembram Marathi ou Hindi mais aproximamente que bengali. O total de soma da evidência linguística fornecida por Stevenson é assim inconclusivo, embora sugira uma confiança por Sharada no treinamento de sânscrito de UH; não há nenhuma evidência que Sharada tenha estudado sânscrito.
Um ponto final que deve ser notado aqui é que os casos informados de xenoglossia e outros fenômenos de reencarnação são muito comuns na Índia, presumivelmente por causa das fortes tradições religiosas indianas concernentes à reencarnação. Embora as tradições clássicas de reencarnação na Índia não afirmem a possibilidade de memórias de encarnações passadas, uma crença popular em tais memórias não é rara (Fred Clothey, comunicação pessoal, 1985). O caso de Sharada assim se encaixa de forma geral num padrão que se repete em toda parte na Índia.

Fecharei esta seção descrevendo de forma breve três casos menos sofisticados pretendidos de xenoglossia (vide Thomason 1984 para uma discussão mais plena). Estes casos foram estudados muito menos intensivamente que os de Jensen, Gretchen, e Sharada, e as personalidades se manifestaram por períodos muito mais curtos de tempo (normalmente em somente algumas sessões). Nenhuma tentativa sistemática foi feita para descartar fraude como uma explicação para os fenômenos; a questão de fraude não surgiu, porque os sujeitos não produziram nenhuma palavra da linguagem que eles aparentemente acreditaram estar falando.
(Minha impressão foi que todos os sujeitos e o próprio hipnólogo acreditavam na genuinidade das manifestações – isto é, acreditavam que os sujeitos tinham regredidos a vidas passadas e que, encorajados pelo hipnólogo, eles falavam as línguas dessas vidas passadas). Nestes casos as alegações de xenoglossia podiam ser, e eram, testadas diretamente. O hipnólogo, Ralph Grossi, forneceu-me com gravações em fita e, mais substancialmente, com listas das palavras na suposta linguagem xenoglóssica. Pediu-me para ‘verificar’ as línguas que seus sujeitos falavam, e a meu pedido ele contribuiu com a avaliação extraindo palavras (de uma lista normal de itens básicos de vocabulário) dos seus sujeitos enquanto estavam sob hipnose.
Estudei três das falas dos seus sujeitos. Todos os sujeitos eram nativos oradores do inglês americano. Nos esboços que se seguem, todas as referências são à fala dos sujeitos enquanto estavam sob hipnose e manifestando as pretendidas personalidades estrangeiras. O Sujeito A disse que viveu na Bulgária no início do século 19, e que falava Búlgaro. A ligua falada, que era lenta mas fluente, continha um som ([ŝt], como na pronunciação alemã de Bach) que não é encontrado no inglês nativo e algumas sequências de som, por exemplo [ŝt], que são comum em Búlgaro mas não em inglês. No entanto, a lista de palavras que ela forneceu não continha nenhuma palavra absolutamente em Búlgaro; e as formas que ela deu para os algarismos ‘4’, ‘5’, ‘7’, ‘8’, ‘47’, ‘48’, ‘49’, e ‘50’
não mostraram nenhum padrão do tipo que é universal em sistemas numerais (vide Thomason 1984 para uma análise e discussão detalhadas). Quando eu contei a Grossi que o Sujeito A não falava Búlgaro, ele sugeriu que ela poderia ter falado alguma outra linguagem – talvez russo, porque ela lhe tinha dito (sob hipnose) que tinha nascido na Rússia mas mais tarde se movido para a Bulgária. Ele estava cético quando eu o garanti que sua fala não era russa, e que, de fato, não era nenhuma linguagem humana absolutamente. Deve ser notado, no entanto, que a primeira audição ligada à fala de A soou vagamente eslavo; quando um professor de linguística eslava a escutou brevemente, ele soube que não era polaco nem russo (que ele próprio falava), mas pensou que talvez fosse Búlgaro ou alguma outra língua do sul eslavo (que ele não falava). Este ponto vale a pena ter em mente quando se considerar os comentários dos consultores de Stevenson que Jensen misturava algum norueguês com seu sueco.

Na sua vida passada o Sujeito B informou ter sido um cavaleiro chamado Sir Guy de Maupassant [sic], que viveu na aldeia Chanson na Normandia no século 14. Disse que sua linguagem era gaélico – que seria uma linguagem céltica, como irlandês ou escocês gaélico, exceto que nenhum destes é ou foi falado na Normandia – mas a fala de B em realidade tinha um sotaque distintamente francês, com características fonéticas tais como vogais nasaladas e ênfase na última sílaba da palavra. Como com o Sujeito A, o Sujeito B ligou o discurso ocorrido de duas pessoas que sabiam francês como algum tipo de francês: eles não podiam entender as palavras de fato, disseram, mas sentiram que havia ‘algum francês básico aí’. A grande maioria das traduções de sua lista de palavras, embora mais próximas de francês que de céltico, não pertencia a nenhuma linguagem. Em vez disso, elas assemelhavam-se a uma deformidade do sotaque francês falado pelo latim da
Igreja.
Finalmente, o Sujeito C foi (ela acreditava) regredido por Grossi a uma vida passada como uma esposa Apache do século 19 chamada Chloe. Apesar dos conselhos de Grossi, C estava extremamente relutante em falar qualquer Apache enquanto manifestava a personalidade de Chloe. Em vez disso, ela falava inglês Pidgin, e eventualmente o próprio Grossi falou em inglês Pidgin enquanto falava com ela. Mas sua fé na vida passada que ela descrevia não era abalada por isto, nem mesmo pela resposta a sua pergunta sobre como soube que ela nascera em 1852: ‘Quando se nasce, o chefe escreve na cabeça o ano e o mês em que nasceu’. Ele ficou semelhantemente insensível por sua afirmação que ela morreu em 1873 aos 29 anos de idade.

Quando ele persistiu nos seus esforços de fazê-la falar Apache, ela finalmente produziu algumas palavras; mas como estas palavras tiveram numerosos sons ingleses que não ocorrem em Apache (notavelmente r) e faltaram todos os sons não-ingleses que ocorrem em Apache, elas não ajudaram a estabelecer o caso para a xenoglossia de C.
Diferentemente de Stevenson, eu não reuni informações detalhadas sobre o histórico de linguagem dos sujeitos de Grossi. Mas suposições educadas podem ser feitas sobre isto: A mostrou pouca ou nenhuma evidência de estudar linguagens estrangeiras, embora em algum lugares ela tivesse aprendido que Búlgaro tem [x] e uma sequencia de som em comum [ŝt]; B , por contraste, deve ter estudado um pouco de francês (embora não suficiente para traduzir mais que algumas palavras de inglês em francês), e claramente deve ter sido exposto extensamente ao latim da Igreja, embora não o latim como é ensinado nas escolas públicas americanas. O Sujeito C era muito menos sofisticado linguisticamente que B e um pouco menos sofisticado que A; seu inglês Pidgin era (infiro) sua idéia de como uma esposa Apache teria conversado.

ESTES CASOS SÃO PARANORMAIS?

Em cada um dos casos descritos em §2, a alegação feita é que uma explicação paranormal é necessária para explicar o desempenho linguístico dos sujeitos – que, de fato, os sujeitos exibem o fenômeno de xenoglossia.
As alegações do Grossi não devem ser comparadas diretamente com Stevenson: Stevenson é acadêmico, Grossi não; Stevenson submeteu seus três casos principais a grande escrutínio e em tantos testes quantos pôde pensar, enquanto Grossi aceitou os dele em seu valor de face. Linguisticamente, no entanto, os casos estudados mais elaboradamente por Stevenson são tão inverossímeis quanto os de Grossi.
A fraude não é uma consideração tão importante nos casos de Stevenson como ele acredita. Sharada, que é relativamente fluente, é a única pessoa que mostra capacidade linguística suficiente para exigir qualquer suposição de exposição significativa à língua, em qualquer período de sua vida. Mas em seu caso a explicação paranormal não pode ser testada plenamente, tanto porque Stevenson não fornece quase nenhum dado bengali (e nenhum dialeto ligado absolutamente ao bengali) quanto porque ela cresceu com um interesse em bengali e com oportunidades de aprendê-lo. Além do mais, os relacionamentos muito próximos entre as línguas indianas – incluindo o marathi, a língua nativa de UH, e a língua nativa de Sharada, o bengali, ambos descendendo de uma língua quase idêntica a sânscrito – significa que adquirir um pouco bengali teria sido muito fácil para UH; e é significativo que os únicos dados de Sharada que Stevenson cita, as 24 palavras ‘Bengali’, contêm mais sânscrito que bengali. Assim como o Sujeito B de Grossi pareceu utilizar as linguagens as quais ele aparentemente fôra exposto (francês, latim de Igreja) para subconscientemente construir seu “gaélico”, assim Sharada parece explorar o sânscrito em seu subconscientemente para construir seu bengali, embora ela também tenha aprendido algum bengali real. A única pessoa que investigou o bengali de Sharada refuta a alegação que Sharada viveu no início do século 19, porque o bengali que ela conhece é moderno. O fato que Stevenson pôde verificar alguma informação que ela forneceu sobre sua vida passada em Bengal não é probativo: algumas de suas declarações bateram, mas outras não, e a possibilidade de acerto acidental permanece.
Mais importante, somente uma evidência linguística sólida pode ajudar a estabelecer o caso como xenoglossia.
O mesmo é verdade dos outros dois casos de Stevenson, e aqui ele foi capaz de verificar apenas algumas das declarações que Jensen e Gretchen fizeram sobre suas vidas. Ele especula que retardos e desordens mentais explicariam algumas declarações claramente incorretas, e fatores tais como pais imigrantes, emigração para a Nova Suécia, e ilegitimacidade para explicar outras excêntricidades em seus relatos. Mas as
declarações ímpares de Jensen e de Gretchen são bastante próximas dos tipos de histórias contadas pelos sujeitos de Grossi sobre suas vidas. Interesses anacrônicos de Gretchen sobre perseguição religiosa, por exemplo, são semelhantes em espécie à declaração anacrônica de Sir Guy que ele e outros cavaleiros normandos do século 14 são cavaleiros dos reis ingleses mas prefeririam um rei francês – apesar do fato que os ingleses perderam a Normandia para a França mais de 150 anos antes, em 1204.
Nos casos Jensen e Gretchen, Stevenson com êxito elimina a possibilidade de qualquer estudo sistemático de sueco ou alemão pelos sujeitos em seus tempos de vida presentes. Mas nestes casos fraude deliberada já está efetivamente descartada pela qualidade pobre do desempenho linguístico: alguém que secretamente tivesse estudado sueco ou alemão seguramente saberia mais do que estas pessoas.
Stevenson tentou fazer um caso linguístico forte com sua noção de xenoglossia responsiva, argumentando em várias partes que entender perguntas e respondê-las inteligivelmente exige prática extensa, e contato não apenas casual com uma linguagem estrangeira (vide por exemplo 1974:75).

Minha objeção é que sua prova é inadequada. Uma lista de palavras do tipo extraida por Grossi em minha petição fornece melhor evidência de conhecimento de vocabulário, e outras provas linguisticamente conclusivas facilmente podem ser tramadas para o conhecimento gramatical; provas adequadas não incluiriam as situações de tipos de entrevistas não-controladas que Stevenson contou.
Stevenson está equivocado na sua crença que não se esperaria que uma pessoa adivinhasse o que um entrevistador pergunta e responde a ele dentro dos limites de um vocabulário mínimo de linguagem estrangeira e quase nenhuma gramática da linguagem estrangeira. Primeiro, tanto nas cópias transcritas de Jensen como de Gretchen, os entrevistadores com muita frequência colocam perguntas sim/não – isso é, perguntas em que a resposta apropriada é simplesmente ‘sim’ ou ‘não’. Tais perguntas, tanto em sueco e alemão como em inglês, acabam com uma entonação ascendente, então podem ser reconhecidas como perguntas de sim/não se a pessoa entende o conteúdo real da pergunta. Mas assim a pessoa meramente tem que saber as palavras para ‘sim’ e ‘não’ para responder inteligível e apropriadamente; e as respostas geralmente serão corretas por definição, porque as perguntas são sobre o próprio passado dos sujeitos vivos, o que somente eles podem saber.
Segundo, em ambos os casos muitas das perguntas na cópia foram feitas em inglês. O entendimento destas perguntas não exige nenhum conhecimento de sueco ou alemão absolutamente, então a pessoa não se engaja em xenoglossia responsiva pela definição do Stevenson – mesmo quando, como às vezes acontece na cópia de Jensen, o entrevistador primeiro faz a pergunta em sueco e então a repete em inglês.
Os entrevistadores, naturalmente, fazem outras perguntas além das perguntas de sim/não, a Jensen em sueco e a Gretchen em alemão. As respostas dos sujeitos a estas perguntas estão muito manchadas.
Jensen, por exemplo,
responde ‘minha esposa’ a uma pergunta sobre quanto ele pagaria por algum item no mercado, e Gretchen, quando perguntada o que ela come no desjejum (‘after sleeping’), responde ‘Bettzimmer’ – uma tradução literal da palavra inglesa ‘bed-room’ mas não a palavra alemã para ‘bedroom’, que é Schlafzimmer (literalmente ‘sleep-room’). O conhecimento mínimo dos sujeitos com as línguas estrangeiras em suas vidas atuais é coerente com o nível de entendimento que eles exibem nas entrevistas. TE teve um pouco de experiência com sueco, e muitas das 60 palavras suecas que Jensen usa espontaneamente são muito semelhante a palavras em francês, inglês ou russo, tudo o que TE tinha estudado ou ouvido em casa quando criança. Sra. Jay teve um pouco de experiência com alemão, e muitas das palavras que Gretchen usa têm paralelos próximos em inglês. Como notado acima, todos os três sujeitos de Stevenson tiveram erros de pronúncia e sotaques estrangeiros. Sharada cometeu erros gramaticais em seu bengali, enquanto Jensen e Gretchen eram tão lacônicos que suas expressões vocais exibiram muitos poucos tipos de construções gramaticais.
Stevenson tem várias explicações para as inaptidões dos seus sujeitos sueco e alemão. Alguns erros no sueco de Jensen, por exemplo, são atribuídos a uma mistura com norueguês. Stevenson especula – sem evidência além do próprio relato dela - que Gretchen foi ‘uma criança ilegítima e negligenciada que passou a maior parte de seu tempo na cozinha com uma servente’, e que seus alemão defeituoso resulta do fato que o servente era inculto (1984:46); mas já que pessoas incultas têm o vocabulário de milhares de palavras e gramática tão complexa quanto a linguagem falada de uma pessoa educada, esta explicação não convence.
Propostas mais plausíveis (caso se decida aceitar os argumentos paranormais de Stevenson) são que a personalidade estrangeira, em particular sua linguagem, só pode ser manifestada parcialmente, e/ou que ‘a grande dificuldade envolvida na comunicação mediúnica’ pode impedir o desempenho linguístico (1984:69).
Estas explicações não são, infelizmente, acessíveis a testes científicos.
Mas apesar do desempenho problemático dos sujeitos, Stevenson está firmemente convencido que a competência deles em sueco e alemão exige uma explicação paranormal. Já que o conhecimento ativo deles demonstrado das linguagens estrangeiras está confinado a uma ou duas centenas palavras e um pouco de gramática – o qual alguém certamente poderia aprender sem esforçar a memória, mesmo com exposição mínima à linguagem – sua crença claramente reside na natureza responsiva do desempenho linguístico: às vezes eles respondem perguntas apropriadamente, mesmo perguntas que exigem uma resposta além de um 'sim ou 'não'. (Para Gretchen, eu contei 28 de tais respostas, incluindo algumas repetições, de um total de 102 perguntas na cópia; vide Thomason 1987, 1988 para uma discussão deste caso). Podem estas respostas apropriadas, dispersas entre as claramente impróprias, serem
explicadas normalmente, de modo que nenhuma explicação paranormal seja necessária?
A resposta é sim, e a explicação reside na capacidade da pessoa usar indícios no contexto conversacional para fazer suposições pensadas sobre a intenção do entrevistador. Isto não é um talento raro, mas é um sentido que é possuído por todos operadores de linguagem, educados e incultos.
Certamente TE e Sra. Jay sabiam que seriam entrevistadas sobre sua vida passada, e que as perguntas pertenceriam principalmente a detalhes de suas vidas diárias. Em ambos os casos, a linha de interrogatório já havia sido sinalizada por perguntas postas em inglês. Não só a estrutura conversacional era altamente restrita, mas os entrevistadores geralmente usaram estruturas de sentença muito simples e repetiram suas perguntas frequentemente, fazendo a conjetura mais fácil se a pessoas de fato não entendessem a pergunta. Qualquer um que tenha viajado num país estrangeiro poderia fornecer exemplos de conjeturas desta espécie bem-sucedidas; exemplos também podem ser achados em salas de audiências americanas, onde juizes, depois de colocar algumas perguntas simples (tais como ‘Qual é o seu nome?’, uma pergunta que foi feita tanto a Jensen como Gretchen), decidiram que réus não-falantes-de-inglês sabem inglês bem o suficiente para seguir os processos de corte sem a ajuda de um intérprete – mesmo quando, em muitos casos, os réus soubessem tanto inglês quanto Jensen e Gretchen sabiam sueco e alemão. Em outras palavras, o nível de compreensibilidade em Jensen e Gretchen era muito demasiado baixo para convencer um linguista que isto refletia qualquer grau significativo de linguagem aprendida. Contrariamente à opinião de Stevenson, estas pessoas não mostraram nenhuma facilidade nas línguas além do conhecimento de um punhado das palavras e de características gramaticais. Significativamente, também, seu conhecimento passivo de sueco e de alemão – sua habilidade de compreender o que lhe era dito – era mais fraca do que seu conhecimento ativo das palavras e das frases; mas os falantes de fato de línguas reais, incluindo os principiantes numa segunda-língua, têm uma voz passiva muito maior do que o conhecimento ativo da língua.

A explicação mais provável para o desempenho linguístico tanto dos sujeitos de Stevenson quanto de Grossi são que eles tiveram idéias sobre como as principais línguas soam – variando desde virtualmente nenhum conhecimento acurado no caso dos sujeitos A e C de Grossi, a um pouco de conhecimento (errôneo) no caso do sujeito B de Grossi, a um conhecimento de uma ou duas centenas palavras e de um bocado da gramática para Jensen e Gretchen, ao conhecimento mais substancial para Sharada – e eles exploraram qualquer conhecimento que tiveram para produzir a língua que acreditaram que tinham falado em uma vida passada. A xenoglossia responsiva de Stevenson é falha como um critério para estabelecer o conhecimento de uma língua, pelo menos no baixo nível de compreensão indicado por Jensen e Gretchen. Assim, embora se possa prontamente concordar com Stevenson que um exemplo genuíno de xenoglossia seria evidência impressionante para um fenômeno paranormal, é
ainda verdadeiro que nenhum caso de foro
convincente foi feito ainda.

Referências:

Richet, C. 1905-1907. Xénoglossie: L’écriture automatique en langues étrangéres.
Proceedings S.P.R. 19:162-94.

Samarin, William J. 1972. Tongues of men and angels: The religious language of Pentecostalism. New York: Macmillan.

Stevenson, Ian. 1974. Xenoglossy: A review and report of a case.
(Proceedings of the American Society for Psychical Research, 31.) New York: American Society for Psychical Research.
[Republished, Charlottesville: University Press of Virginia, 1974.]

Stevenson, Ian. 1984. Unlearned language: New studies in xenoglossy. Charlottesville: University Press of Virginia.

Thomason, Sarah G. 1984. Do you remember your previous life’s language in your current incarnation?
American Speech 59:340-50.

Thomason, Sarah G. 1987. Past tongues remembered?
The Skeptical Inquirer 11:367-75.

Thomason, Sarah G. 1988. Response to ‘Response to “Past tongues remembered”.’
The Skeptical Inquirer 12:323-24.

Thomason, Sarah G. 1989. “Entities” in the linguistic minefield.
The Skeptical Inquirer
13:391-96.

1 Comentários:

Anônimo disse... 26 de fevereiro de 2013 às 19:49

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