sábado, 11 de agosto de 2012

Pussy Riot, entre Putin e a Igreja


Enquanto no Brasil os onze ministros do Supremo Tribunal Federal avaliam os casos de 38 réus denunciados pelo “mensalão”, um julgamento de igual ou até mesmo maior clamor social se desenrola em Moscou desde a semana passada. Sem serem acusadas de lavagem de dinheiro ou por desvio de verbas, três meninas da banda punk Pussy Riot dividiram a opinião pública depois de terem sido levadas à corte por conta de um protesto contra o presidente Vladimir Putin, durante um culto na Catedral Cristo Salvador, na capital russa.

O episódio aconteceu no dia 21 de fevereiro deste ano. Encapuzadas e carregando guitarras, cinco meninas invadiram a catedral com câmeras de vídeo e correram para o altar (onde, segundo a tradição, apenas homens podem subir), entoando uma “oração” que criticava o apoio da Igreja Ortodoxa ao governo.

A letra da canção pedia: “Maria, mãe de Deus, tire Putin do poder”.


O vídeo foi publicado no Youtube e logo se tornou um viral na internet. A polícia – que na ocasião só havia interrompido o ato – foi acionada e três das cantoras que realizaram o protesto acabaram sendo presas, denunciadas por vandalismo. Desde então, Yekaterina Samutsevich, de 29 anos, Nadezhda Tolokonnikova, de 22, e Maria Alyokhina, de 24, permanecem na cadeia, situação que, de acordo com o jornal britânico The Guardian, não é comum na Rússia, onde a prisão geralmente só acontece após o julgamento. Em março, as meninas tentaram ser soltas, mas a Justiça russa decidiu mantê-las em prisão preventiva.

Na segunda-feira, 30 de julho, foram iniciadas as audiências, que estão sendo transmitidas ao vivo pelo site do tribunal Jamovnicheski de Moscou. No primeiro dia de julgamento, a promotoria afirmou que o trio poderia pegar até sete anos de prisão, mas na última terça-feira, dia 7, a condenação foi estimada em três anos.

Os promotores afirmam que as ações mostram “claramente ódio religioso e inimizade” por parte das cantoras e completam dizendo que “houve zombaria verdadeira e humilhação dirigida às pessoas na igreja”.

A Igreja Ortodoxa pediu que o grupo também fosse acusado de blasfêmia. Pelas falas dos promotores, percebe-se que a Justiça russa achou legítimo o discurso da igreja. Existe um consenso de que “neutro” é a última coisa que este julgamento está sendo.

Apesar disso, na quinta-feira, dia 2, Putin disse que as meninas não deveriam ter um julgamento tão duro.

Nas imagens transmitidas ao vivo durante as audiências, Yekaterina, Maria Alyokhina e Nadezhda aparecem calmas e sorridentes. Na quarta-feira, dia 8, a última comparou o julgamento a um ato stalinista. “O julgamento se parece com o das troikas da época de Stalin”, declarou, em referência aos grupos de três pessoas que, a partir dos anos 30, condenaram de maneira sumária e arbitrária milhares de soviéticos acusados de crimes políticos a anos de campos de reclusão ou à pena de morte.

O tribunal deve dar sua sentença final no dia 17 de agosto.

Grupos de direitos humanos já se manifestaram em favor das Pussy Riot. “A decisão do tribunal não dependerá da lei, mas da vontade do Kremlin”, disse Liudmila Alexeieva, uma moscovita que chefia o grupo de defesa dos direitos humanos, Grupo de Helsínquia, a uma agência internacional de notícias.

Na noite de terça-feira, dia 7, Madonna disse durante um show em Moscou que rezava pela liberdade das russas. Ao surgir no palco com a inscrição “Pussy Riot” pintada em suas costas, a cantora causou estardalhaço na plateia. O apoio de Madonna ao grupo se soma ao de outras celebridades, como as bandas Red Hot Chilli Pepers, Franz Ferdinand, Faith No More e os músicos Sting e Peaches. Yoko Ono, viúva de John Lennon, pediu em sua conta no Twitter para Putin libertá-las.

Do lado político, 120 deputados federais alemães expressaram “preocupação” com o caso, em uma carta enviada ao embaixador russo em Berlim. E segundo o jornal russo Kommersant, o ministro tcheco das Relações Exteriores, Karel Schwarzenberg, também expressou seu apoio.

A BANDA


As Pussy Riot se inspiraram nos grupos punk femininos dos anos 1990, como o Bikini Kill, que irrompeu na cena musical moscovita no início do inverno passado com letras agressivas e performances pouco habituais.

Consideram-se um movimento avant-garde de uma geração descontente com Putin, que está há 12 anos no poder. Interpretaram que o país precisava de uma banda militante de street punk feminista, que pudesse tocar nas ruas e praças de Moscou e mobilizar a energia pública contra o governo e a dominância masculina, além de militar pelas causas LGBT.

Essa não é a primeira vez que o grupo tem problemas com o Estado russo. Em janeiro, a banda foi detida depois de tocar na Praça Vermelha, espaço símbolo dos militares, a música Revolt In Russia.

Quando questionado sobre sua opinião a respeito do governo Putin, o grupo costuma rebater: “Como você via a Líbia sob o governo de Gaddafi? Como você vê a Coreia do Norte sob o governo de Kim Jong-un?”

*Com informações da AFP e do jornal The Guardian.

Fonte: CartaCapital.com.br

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