segunda-feira, 27 de agosto de 2012

THIAGO PETHIT E A DECADÊNCIA COM ELEGÂNCIA


Um James Dean de batom borrado e cigarro na boca. A imagem ultrapassa o limite da capa do CD "Estrela Decadente", segundo de Thiago Pethit. Afinal, mesmo antes de existir, era a ela - à sua descrição, claro - que o compositor recorria quando precisava explicar aos outros o que desejava para o álbum. Foi essa a síntese que passou, por exemplo, ao produtor Kassin e às convidadas Mallu Magalhães e Cida Moreira. Ou seja, mais que na frente do disco, o James Dean de batom borrado e cigarro está estampado em sua sonoridade e poética, na figura do personagem descrito pelo artista como "um dândi apocalíptico" que conduz o CD.

"Esse dândi pós-moderno e apocalíptico, esse personagem que tem a voz no disco, canta por exemplo: 'Estou sorrindo enquanto o mundo está ruindo' (Dandy darling). Ele reflete muito do que eu sou, tem um jeito de dizer o que acredito, sobre mim e sobre o mundo. Dizer que o amor não é bonzinho, não é a salvação, causa feridas fatais. E a imagem da capa amarra essa ideia de que estamos num mundo em decadência. E nesse mundo, sou uma estrela decadente".

Não há lamento na constatação, explica o compositor: "O CD é uma celebração da decadência, é ver o mundo em decadência e falar 'vamos aproveitar e olhar para o brilho diferente'. Porque nos momentos de crise, as pessoas ficam com medo e começam a apontar o dedo para o diferente, que se torna o inimigo. E o disco vai contra isso, é um tributo ao que parece ser feio, desajustado, mas que na verdade tem um brilho diferente, uma beleza menos óbvia". Pethit identifica a decadência contemporânea ("nazistas espancando gays na Av. Paulista, a crise econômica na Europa"), linha-mestra do CD, como um fenômeno cíclico.

Traça paralelos, assim, com a Berlim dos anos 1930, de Bertolt Brecht (o universo do cabaré alemão já estava na base de seu primeiro disco, "Berlim, Texas"), e a Nova York da década de 1970, do clube Factory, frequentado por Andy Warhol, Lou Reed e Mick Jagger. "Fiz fotos com a banda, Cida, Mallu e Renata Bastos, crossdresser mito da noite paulistana, usando esse clima cabaré-Factory".

Sonoramente, o conceito de "Estrela decadente" - mistura de glamour e bas-fond, glitter e sujeira - se traduz em referências musicais ao cabaré de Brecht (das nove músicas do CD, a única que não é assinada por Pethit, só ou com parceiros, é "Surabaya Johnny", do alemão com Kurt Weill) e a disco da Factory e ao rock setentista que a circundava. "Pas de deux" é exemplo disso, com piano de tachinha (típico do cabaré) e programação disco.

"Procuramos pontos de encontro entre essas estéticas, como os coros doo-wop dos anos 1930 e 1940 que voltaram na discoteca dos anos 1970. E queria elementos digitais", diz Pethit, sintetizando a beleza estranha que mira no CD com uma constatação simples: "Na decadência, todo mundo se mistura".

FONTE: Um James Dean de batom borrado - Caderno 3 - Diário do Nordeste
Estrela Decadente, com produção de Kassin, é o segundo álbum do compositor e cantor paulistano, que evolui sobre as boas referências de Berlim, Texas (2010). De sonoridade pop vintage, atmosfera underground, ecos do folk/rock dos anos 1960 e 70 e elo com poetas perturbados, Pethit dá um giro pelo lado soturno das relações amorosas e pessoais, faz pacto “demoníaco” com Helio Flanders (na parceria de Devil in Me, uma das melhores faixas), divide os vocais de uma versão de Surabaya Johnny (Brecht/Weill) com sua musa Cida Moreira, que a propagou na cena paulistana, e surpreende com a associação à melíflua Mallu Magalhães em outro dos momentos mais marcantes, Perto do Fim. A faixa de abertura, Pas de Deux, alterna climas entre o folk/charleston e a dance music, num recorte curioso de tempos. É um sinal para as alterações de humor que vêm em seguida, como a bipolaridade bêbada da ronda noturna, decadente, mas com elegância. / L.L.G.






















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