UM ERRO EXPLOSIVO

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Eles achavam que estavam fazendo justiça. Trazia ele na mão direita uma sacola.
Quando a primeira linchadora disse "é o assassino", todos iam acreditando.
Dois pularam sobre ele, pegaram seus braços e arrancaram.
Outros arrancaram todos os seus cabelos, após estupro coletivo.
Os que chegaram um pouco mais atrasados arrancaram-lhe as pernas.
Depois foram se juntando mais pessoas.
Quando por fim a vítima estava desconstruída em sua dignidade e corpo e talvez alma, pararam para observar.
Aquela pessoa não era ele. Nem sequer se parecia com ele.
Começaram a colar os membros de novo no tronco.
A cabeça haviam jogado nas margens do rio. Sorte que ainda estava lá. Encaixaram a cabeça. Limparam bem o corpo. Só não tinham certeza quanto à alma.
Quando ele levantou, pegou na sacola um pacote e um controle.
Sorriu, como para uma fotografia. Apertou uma tecla pequena e explodiu tudo num raio de quatro quilômetros.

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