FLUTUANTE por natanael gomes de alencar

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(...Quando quebrei o espelho, libertei as mil imagens do velho.
Mas tive de rapidamente assimilá-las. Entendeu a razão de eu ter o rosto de meu pai e os seus mesmos 300 quilos? Me rasga, por favor!...)

- Seo Delega, o Cacaso falou-me assim, isso, aquilo, na lata, do teto, onde parara num canto feito um morcego, um vampi, uma bexiga de aniversário encalacrada no vértice, e queria que eu o operasse com minha Beretta M92 9mm semi auto. Ele sabia da minha cadeia de assassinatos de latinhas de coca ainda cheias de minhocas vivas ao fundo do quintal. Mas eu não ia usar minha arma lustrada em cima dele.

Peguei uma escada e subi até o Caca. Risquei longitudinalmente seu ventre com um estilete comprado na loja do chinês, e para minha surpresa saiu aquele dinheiro que o senhor encontrou.

Antes de fazer o corte, pensei na fragilidade do Cacaso na minha mão, vieram-me à mente também as fofocas que Cacaso fazia a respeito de todo mundo. Ele já me prejudicara bastante. Matara os pais do meu cachorro, o Rex. Cumprira pena. Saíra por bom comportamento. Mas mas mas. Creio que havia uma semente má no seu ser. Uma semente gigante. Quiçá uma árvore. Isso limitou meu remorso.

Ele era como era e fazia como fazia pra conseguir determinadas pessoas só para si. Matava animais de rua e dizia que era por amor. Isso. Sentia minha consciência morder os lábios como os dentes hipercaninos. E consciência trincando os dentes na cabeça dá uma dor...e o dinheiro caindo, seo delé. Nos meus pés, juro.

Então, eu fiz o que tinha de ser feito. Quando ele ficou oco, com apenas algumas moedas do tempo do império, fiz dele um paraquedas e saltei do décimo andar. Por isso a pele dele tá assim...Por que é que eu tou amarrado assim?

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