quinta-feira, 6 de setembro de 2012

DESNORTEIO

Ísis parecia estar em um sonho, enebriada pela atmosfera obscura que parecia anestesiá-la, participava da cena como um mero fantoche. Era como se nada pudesse fazer, algo parecia controlar seus sentidos e o corpo.

Ao seu lado, tomando-lhe o braço, o estranho sorridente e galanteador a acompanhava à entrada do grande casarão. Ele bate na porta e logo essa se abre. Adentram ao local. Ísis olha ao redor como uma alma que contempla seu túmulo.

O chão está coberto por espessos tapetes vermelhos, o papel de parede é escuro, nas paredes há muitos quadros de lindas e pálidas jovens vestidas com uma insólita e sensual elegância. No ar um cheiro diferente é sentido mas não há como supor de que seja.

No salão de entrada uma moça os recebe. Ela traja um vestido negro volumoso com um corpete vermelho-rubro apertando-lhe a fina cintura, fazendo com que seus seios quase saltem para fora, a cada expiração e inspiração se pode acompanhar a dança de seu colo. Segurando uma taça na mão esquerda, ela a leva à boca vermelha, toma um gole antes de estender o braço direito e puxar o acompanhante de Ísis pelo colarinho jogando-lhe no sofá ao lado. Enquanto a moça se põe em cima do rapaz beijando-lhe, Ísis saí caminhando, quase que cambaleando, casarão a dentro.

Andando pelo local Ísis vai verificando os cômodos, abrindo algumas portas, o cheiro que antes sentirá ao chegar parece cada vez mais forte. Num grande quarto ela se depara com várias moças nos mais variados atos líbidinosos com rapazes jovens e belos. Ísis saí do quarto e continua a andar pelo corredor, de repente ouve gritos e corre de volta a onde antes estivera, a cena com a qual se depara é aterradora, no grande quarto as paredes estão todas manchadas de sangue, os corpos masculinos jogados ao chão desnudos e decapitados, as cabeças se amontoavam em um canto, as jovens sentadas nos sofás - que antes lhes serviam de cama para a consumação do desejo - parecem satisfeitas lambendo o sangue de seus dedos.

Mesmo sem ter o controle total sobre seu corpo Ísis saí imediatamente correndo dali. Ela procura, desesperadamente, a saída. Ao chegar ao salão de entrada a garota se depara com aparentemente uma cena de sexo normal, vê de costas a moça que a receberá sentada sobre o seu acompanhante cavalgando sobre o seu colo, seu vestido descido nos ombros, deixando seus seios nus, ela cavalga ofegantemente descendo com força e violência sobre o corpo, ela se abaixa e sobe passando as mãos pelo próprio pescoço e seios. A garota se vira ouvindo os passos apressados de Ísis. Ísis vê que todo o colo e pescoço da garota está sujo de sangue e - caminha com cuidado olhando para ela, tentando chegar à porta - vê que seu acompanhante exibe duas marcas no pescoço e está pálido de forma quase mórbida, a garota sorri exibindo os longos caninos. Ísis desespera-se ainda mais e chegando até a porta corre sem olhar para onde vai; ela procura por ajuda, por alguém...

Uma hora depois ela volta com uma pequena multidão de aldeões e senhores de classe. Mas para a surpresa total de Ísis ao adentrarem o local nada havia além dos quadros das moças pendurados na parede - eles pareciam os guardiões do local.

Não há uma gota sequer de sangue por todo o casarão muito menos os corpos dos rapazes.

Ísis é levada e internada num manicômio.

A pobre jovem passou o resto de sua vida ali, jogada num quarto branco, balbuciando:
-- Eu vi! Eu vi... Eles estavam ali... Estavam!


Sobre a Autora:
LIZZA BATHORY

Lizza Bathory


Lady Godiva dos profanos, andarilha notívaga dos inquietos, perpetuadora da confusão na líbido dos incautos meninos.
elizabeth.bathory.ce@gmail.com
Confira mais textos desta autora clicando aqui


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Artigo 5º:
(...)
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
(...)
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Além de estar legalmente amparada, a Liberdade de culto deve ser entendida como um direito universal e uma forma de respeito à individualidade e à liberdade de escolha.

Por princípio, o Alcorão, a Cabala, a Bíblia, os fundamentos da Umbanda, a doutrina Espírita, o Xamanismo, a Maçonaria, o Budismo, a Rosa Cruz e tantas outras vertentes esotéricas, são partes do conhecimento Uno e têm a mesma intenção: conectar o Homem à energia criadora com a finalidade de despertar sua consciência.



Lei n.º 5.250, e 09/02/1967, ou Lei de Imprensa.
Art. 71 (LEI DE IMPRENSA):
Nenhum jornalista ou radialista, ou, em geral, as pessoas referidas no art. 25, poderão ser compelidos ou coagidos a indicar o nome de seu informante ou a fonte de suas informações, não podendo seu silêncio, a respeito, sofrer qualquer sanção, direta ou indireta, nem qualquer espécie de penalidade.

Art. 5º, XIV (Constituição Federal/1988)
É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.

Art. 220 (Constituição Federal)
A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

Art. 220 parágrafo 1º (Constituição Federal):
Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto nos art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

Código Penal Brasileiro, Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência.