quinta-feira, 6 de setembro de 2012

LILITH E SUAS CRIANÇAS

A chuva cai incessantemente acompanhada do gélido vento da madrugada, nada de lua ou estrelas naquela noite, o único calor possível era o dos próprios corpos. Na parada, tentando abrigar-se da chuva, o grupo de amigos espera o ônibus pacientemente, aquecidos uns pelos outros e pelos goles dados na garrafa de vinho que bebem sedentamente.

Acabam de vir da farra em um clube de rock que jaz no centro da cidade, andaram e cambalearam pelas ruelas do centro, chutando os objetos que encontravam pela frente, fazendo algazarra e perturbando o mórbido silêncio do solitário local, assim que a chuva começara a parada fora escolhida como abrigo. Junto a eles há uma única garota, apelidada entre os amigos como a pequena ninfa, eles a tratam como sua igual, amiga, companheira, parceira de farras. Seu nome é Liz, seus cabelos são longos até a cintura delgada, calça um coturno pesado - encharcado pela chuva -, saia estilo bailarina negra e um corpete também negro mas com detalhes em verde jade.

Ela ainda não sabe mas aquela noite terminará de forma no mínimo inusitada.

Liz tira algumas notas de dentro de seu decote e confere o que ainda lhe resta de dinheiro. Umas das cédulas voa carregada pelo vento noturno e a garota vai atrás dela, se molhando e se afastando dos amigos, um deles fala algo e ela diz:
-- Tudo bem, já volto!

Liz vai atrás da nota que voa a levando para longe, próximo à esquina de uma rua escura, os postes estão com as lâmpadas quebradas o que aumenta o breu; dessa rua saí um trupe de pequeninas garotas que deveriam ter entre 5 e 8 anos, mal trajadas e de rostos sujos, mas uma delas é tão bela e bem vestida que faz um ululante contraste no grupo.

Elas se aproximam de Liz e começam a puxar-lhe os cabelos e as roupas, Liz não entende o porque disso e tenta se desvencilhar das pequeninas demônias. Elas a fazem adentrar cada vez mais na esquisita ruela. Sem perceber, Liz já está num local escuro, sujo e longe de seus amigos e de qualquer outro ser vivo além de si e das pequenas.

A mais bela, loira, de olhos azuis e rosto angelical pula sobre as costas de Liz e ela sente uma forte pancada na nuca pouco antes de cair desacordada ao chão.

Ao despertar Liz, ainda meio tonta olha ao redor de si, está numa casa, a qual não reconhece. Sua cabeça ainda dói, uma jovem escova-lhe o cabelo, Liz percebe que sua roupa já não é a mesma, está vestida como uma garotinha, seus pulsos estão cheios de marcas. Parece ainda ser noite - se é que seja a mesma noite.

Com a voz meio alterada pergunta onde está e porque a levaram para lá. Ela se levanta e percebe que seu tornozelo está preso em um grilhão, olha para a jovem, que está com ela, em busca de resposta mas esta só sorri mostrando os longos dentes brancos.

Liz grita:
-- Que diabos é você garota?!
-- Lilith ficará feliz em saber que você já acordou - falando isto se retira do quarto.

Liz está confusa, em que maluquice ela se meteu? Logo duas garotas chegam e soltam o grilhão que prende o tornozelo de Liz, ela tenta fugir mas logo aparecem mais jovens e ela vê que não tem outra alternativa além de seguí-las. As acompanha até um amplo salão de decoração escura, clareado apenas por luz de velas negras. A jovem loira está sentada num grande trono almofadado. Olhando Liz adentrar e suas servas abaixarem o rosto em sua honra, Lilith fala:
-- Vejo que estás bem criança, me apetece tê-la com filha...

Antes que ela termine, Liz fala com ira:
-- Criança, eu? Não tem se olhado muito no espelho ultimamente, né? Quem é você pirralha e que espécie de brincadeira idiota é esta?!

Lilith com voz grave, com olhos vermelhos de ira e cabelo como grandes chamas negras diz:
-- Cale-se, insolente! Quem pensas que és para tratar assim a mãe de todas as criaturas noturnas?! Eu sou Lilith e já vi mais eras do que podes supor. Deveria me agradecer por te livrar dessa vida de gado que levava e adotá-la! Se deixasse minhas servas não deixariam nem sequer ossos para os cães!

Para Liz tudo aquilo é maluquice, no entanto a imagem da jovem Lilith irada a faz supor que seja um pesadelo, mas tudo é demasiadamente real para ser só um sonho ruim.

A jovem lhe explica o que aconteceu com ela e lhe diz que agora ela faz parte da sua família, sendo uma filha da noite e que deve obedecer a suas ordens caso contrário será destruída.

Liz adentra àquela casta, afinal que outra saída ela tem? Logo se torna uma grande vampira com um potencial que alegra à Lilith. Mas nutre internamente um grande ódio por todos aqueles seres que a tornaram sua igual.

Como e quando Liz poderá se vingar?


Sobre a Autora:
LIZZA BATHORY

Lizza Bathory


Lady Godiva dos profanos, andarilha notívaga dos inquietos, perpetuadora da confusão na líbido dos incautos meninos.
elizabeth.bathory.ce@gmail.com
Confira mais textos desta autora clicando aqui


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Artigo 5º:
(...)
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
(...)
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Além de estar legalmente amparada, a Liberdade de culto deve ser entendida como um direito universal e uma forma de respeito à individualidade e à liberdade de escolha.

Por princípio, o Alcorão, a Cabala, a Bíblia, os fundamentos da Umbanda, a doutrina Espírita, o Xamanismo, a Maçonaria, o Budismo, a Rosa Cruz e tantas outras vertentes esotéricas, são partes do conhecimento Uno e têm a mesma intenção: conectar o Homem à energia criadora com a finalidade de despertar sua consciência.



Lei n.º 5.250, e 09/02/1967, ou Lei de Imprensa.
Art. 71 (LEI DE IMPRENSA):
Nenhum jornalista ou radialista, ou, em geral, as pessoas referidas no art. 25, poderão ser compelidos ou coagidos a indicar o nome de seu informante ou a fonte de suas informações, não podendo seu silêncio, a respeito, sofrer qualquer sanção, direta ou indireta, nem qualquer espécie de penalidade.

Art. 5º, XIV (Constituição Federal/1988)
É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.

Art. 220 (Constituição Federal)
A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

Art. 220 parágrafo 1º (Constituição Federal):
Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto nos art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

Código Penal Brasileiro, Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência.