Como
um ocultista deve se comportar em relação às pessoas que o cercam.
Paz e Luz para todos os seres.
Primeiramente,
gostaria de dizer que se trata de uma questão aberta e meu objetivo aqui não é
dar uma solução nem doutrinar ninguém, senão que oferecer elementos para uma
reflexão sobre o que poderíamos chamar de uma ‘‘ética magística’’, ou, em outros
termos, uma reflexão para a seguinte questão: em virtude dos impactos do
aumento de consciência de um praticante/estudante de ciências ocultas, como
deve ficar, para sua própria conservação e manutenção de seus trabalhos, a relação
Mago-Mundo?
. Ainda
não vi alguém tratar demoradamente deste assunto, que, ao menos para mim, é de
suma importância. Primeiro, vamos detectar o problema, mostrar que ele existe,
que é real. Um indivíduo que se liga verdadeiramente ao mundo do ocultismo, que
estuda ciências herméticas, acaba por se defrontar com parcelas da realidade
que estão vedadas à maioria das pessoas. Ele, o ocultista, obviamente, irá se
comportar no mundo em face do que ele percebe, pois é assim que o ser humano
age. Então, é mais do que natural e até inevitável que aconteça um choque de
comportamentos, porque ambos não compartilham a mesma realidade. Se você vê uma
maçã e eu vejo um pássaro na mesma coisa, nossas referências se chocarão
frontalmente. Um exemplo bem direto: você, ocultista, querendo quebrar a
corrente magnética desfavorável aos seus propósitos, quiçá evolutivos, resolve
acordar todos os dias às sete da manhã, para buscar abrir seus canais psíquicos
às vibrações sutis; seu parceiro, não compreendendo nada do motivo seu
comportamento, irá ao acordar queixar-se de não estar com você na cama, irá
sutilmente ameaçá-lo, dizendo que seu comportamento é incompatível com a
manutenção do relacionamento e que assim continuando você estará a dar
justificativa para que ele busque outras pessoas fora do relacionamento. Não é
à toa que Blavatsky desaconselha completamente ao ocultista prático envolver-se
no matrimônio. Ela mesma se envolveu, forçada pela sua cultura, mas conseguiu
separar-se posteriormente. Leadbeater, na obra Os Mestres e a Senda (que por sinal é um livro excelente), critica
o radicalismo de Blavatsky, apontando para a possibilidade de se pensar um
propósito ocultista na construção de uma família: algo como que recepcionar
através do ventre da mulher e das condições financeiras à futura alma a
encarnar-se, e auxiliá-la em sua evolução, e isso ele teve a oportunidade de
fazer com o Krishnnamurti. Desculpe-me Leadbeater, mas você foi muito otimista
neste assunto: não tivestes que criar o jovem Krishnnamurti junto da mãe dele,
pois aí veria o problema que para si tivera trazido. Retomando a questão, como
deve ser o comportamento ideal de alguém que partilha da existência de planos
sutis em relação aos seus semelhantes ainda adormecidos? Eu atualmente tendo a
pensar essa questão em dois pontos: magnetismo e silêncio. Esses dois procedimentos,
aviso de antemão, não evitarão ou tem Marte em libra, e está tentando a todo
custo evitar uma confusão, desista: a confusão e o conflito fazem parte da existência!
O que proponho aqui é que se use pelo menos esse vetor de conflito em favor dos
desígnios superiores e que ao mesmo tempo o Mago não se deixe abater pela
tempestade das fúrias emocionais, vampirizadoras e psiquicamente deformadas. O ‘‘Silêncio’’,
sim, este palavra que é a expressão análoga de um dos quatro verbos sagrados da
Esfinge (Querer, Ousar, Saber, Calar ) é o grande ponto de partida para
nossa questão. O silêncio nada mais é do que calar-se a respeito do conteúdos
da experiências espirituais. O Mago iniciante, ainda preso no deslumbramento,
corre e clama em voz alta para a multidão: a alma existe, Deus existe, a Magia
existe! Pobre coitado: será crucificado por esta mesma multidão! Eu mesmo
passei por isso: até pouco tempo atrás minha ex-namorada acreditava piamente
que eu poderia ser esquizofrênico e inclusive encheu meu saco para que eu
marcasse uma consulta com um psiquiatra. Isso me magoou bastante no começo,
quando eu ainda estava ligado fortemente pelo centro emocional a ela. Eu mesmo
pensei em ir ao psiquiatra, só para provar que isso não era verdade. E o mais
irônico é que ela é iniciada na Wicca, fala com plantas, vê fadas e gnomos - e
eu sou o esquizofrênico? Ah vá! O silêncio é muito mais do que o simples calar:
é também o silêncio quanto aos seus desígnios, propósitos e metas. A cabala
judaica já fala bastante disso. O silêncio, por si só, é gerador de força
magnética, portanto, de força capaz de influenciar os que o cercam. A via do
esclarecimento, isto é, a opção por tentar esclarecer as pessoas que o cercam
sobre a existência das realidades invisível, para que seu comportamento se
justifique aos seus olhos, me parece fadada ao cansaço mental, ao fracasso e à
decepção profunda. Somente em alguns casos, e em algumas pessoas é que ela pode
ser exitosa. Portanto, não a recomendo. Sou pessimista quanto à possibilidade
do vulgo vir a se iluminar pela exposição das nossas ideias. Principalmente se
você estiver lidando com pessoas Taurinas e Capricornianas. Eu sou capricórnio,
mas tenho ascendente em Aquário e meu Sol está na casa 11, e meu Mercúrio está
em Sagitário. O santuário do ocultismo permanece vedado ao profano. E, para
fins práticos, ele deve permanecer vedado. Não adianta querer introduzir o
profano nos mistérios. Assim, o silêncio é conservador do equilíbrio interno, e
também propulsionador de magnetismo, mas para desenvolver este último ainda é
necessário mais. O magnetismo, por sua
vez, é para dar ao Mago alguma bastidores. O Mago que mora com a família, por
exemplo, e vê sua mãe cometendo erros do ponto de vista financeiro, a ponto de
prejudicar sua própria comodidade ou os seus trabalhos magísticos, deve
legitimamente interferir astralmente na mente de sua mãe para modificar sua
conduta. Porém, o ideal máximo para solucionar esta questão é o isolamento do
Mago. Isolamento psicológico alto, e isolamento físico relativo. O Mago pode
dirigir o curso dos acontecimentos quanto às pessoas que o cercam, através do
silêncio e do magnetismo, mas a medida ainda mais superior é ele abandonar as pessoas que o atrapalham,
pois a prioridade deve ser dada ao seus trabalhos. Como isso nem sempre é
possível, por causa da forte ligação dos centros emocionais, ou mesmo por
questões financeiras (pois morar só requer dinheiro), o melhor neste caso é o
Mago adquirir força pessoal para influenciar e não ser influenciado, e, para
sua própria conservação e dos seus trabalhos, o silêncio.
Pedro Allan Portácio de Queiroz
pedrofilosofiaufc@gmail.com
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