SOBRE MIM

Não tenho muitas lembranças de antes de meus 2 anos e meio, mas o que atualmente mais me espanta era a maneira com a qual eu via o mundo, na época eu achava isso normal. Eu não conseguia me enxergar como criança. Será que as outras crianças também são assim?
Sabe quando você imagina a si próprio? Pois bem eu fazia uma auto-imagem como uma adulta, algo em torno de 25 anos. Me via como adulta, não como quem deseja o ser e sim como quem já o é.
Achava normal voltar da escola sozinha — mesmo sobre os protestos de minha mãe —, já lia (livros não condizentes com minha tenra idade), desenhava perfeitamente, escrevia, era excelente administradora… Tudo isso aos 3 anos!
Hoje, agora que já tenho um filho, acho algo inaceitável imaginá-lo vindo sozinho de qualquer lugar que seja.
Acho que minha “pré-infância” foi bem menos conturbada mediunicamente que a do meu irmão mais novo — um ano e três meses de diferença.
Ele aos 3 anos tentou por diversas vezes matar-me e durante boa parte de minha infância lembro de acordar com o mesmo em pé, ao meu lado, olhando-me no meio da madrugada. Sinceramente eu o temia. Ele relatava à nossa mãe que quando eu dormia via em mim um rosto que não era meu, chamava ao ser que ali dormia de monstro que deveria ser destruído.
Ao menos ele parou de querer matar-me após ir a umas sessões em um terreiro de umbanda e um centro espírita. Não lembro de ter acompanhado minha família na visita ao terreiro, mas recordo que fui com ele e meus pais a um centro espírita muito longe de nossa casa. Não me perguntem qual dos locais foi responsável pelo êxito na resolução do problema, pois não há como eu saber…
Outra coisa que eu lembro bem a respeito do meu irmão, além dos sonhos premonitivos que ele tinha e ainda os tem — bem mais raramente —, é que quando éramos criança tínhamos a “mania” de fazer experimentos. Me recordo de um em particular:
Nosso tio dormia no sofá da sala enquanto eu e meu irmão colocavamos em uma lata os materiais do experimento. De repente começou a sair fumaça de dentro da lata e enchendo nossa sala e meu tio acordou e num impulso pegou e arremessou a mesma pela janela. Enquanto o líquido adentrava na terra, a fumaça continuava a sair.
Na época deveríamos ter entre 5 e 6 anos e utilizavamos as grandes e velhas enciclopédias Larousse como base para os experimentos, analisando as reações químicas obtidas através da mistura de determinados elementos. Claro que era algo mais intuitivo do que realmente bem abalizado, mas na nossa mentalidade infantil tentavamos analisar que produtos poderíamos usar para obter êxito.
Outra coisa sobre minha infância que ainda não compreendo bem é o fato de que quando eu tinha, em mãos, algum animal ferido me isolava de todos e ia para o quintal da minha vizinha, ficava em meio as ervas que ela cultivava e começava a cantar numa língua que não conhecia — é provável que nem exista, para mim era apenas um conjunto de fonemas agradáveis e calmantes —, e assim o animal se curava — isso se deu até meus 14 anos.
Meus sonhos sempre foram recheados com muitas batalhas entre seres que não conheço, em locais igualmente desconhecidos… Corpos sem vida em praias de mares bravios com céu avermelhado e mais de um grande astro brilhando… Grandes bailes ou naufrágios em meio a tempestades… Enfim quem me derá ter o dom para conseguir colocar no papel o que exatamente sonho, se o pudesse com certeza já teria publicado muitos livros de contos extraordinários.
Concordo com a teoria que poltergeists “assombram”, em geral, casas com jovens, pois estes cessaram a perturbação em minha casa depois que completei certa idade.
Em certa época me aproveitei do fato de “ver e ouvir” alguns espíritos para “brincar” com os velhos jogos de espíritos. Realiza as “sessões” durante o intervalo das aulas, lotando a sala a cada dia com mais alunos e expulsando os incrédulos.
Nunca terei certeza se o jogo funcionava realmente ou era apenas “muita coincidência”. Usavamos um tabuleiro circular, com as letras do alfabeto ao redor, além dos números de 0 a 9, e nas laterais as palavras “sim” e “não”. Como pêndulo usavamos uma caneta na qual colocava um fio de meu cabelo para servir de apoio. Rezamos 3 pai-nossos (não recordo se também rezamos 3 ave-maria) ao contrário.
Acho que todos pensam que poderia haver fraudes, mas digo que a caneta chegava a ficar, horizontalmente, paralela à mesa! E muitas vezes começava a rodar de repente no sentido contrário. Além de sempre ter um cético que pedia algum sinal — como, por exemplo, um trovão — e era atendido levando os demais a gritarem de temor.
Antes de eu conhecer qualquer teoria sobre alienígenas estes já povoavam meus sonhos, me levando a acordar aos gritos no meio da madrugada — não era por causa de nenhum filme, já que eu passava o dia apenas assistindo canais educativos. Quando comecei a estudar sobre ufologia fiquei espantada porque muitas coisas que vi em livros e revistas refletiam bem meus sonhos, sobretudo a respeito das formas de algumas naves.
(…)
Para não me alongar ainda mais vou relatar o acontecimento que mais me intriga. Se alguém souber algo sobre o mesmo, por favor, comente!
Passei boa parte da minha adolescência tentando me livrar de meus “dons”, afinal eu não tinha com quem tirar minhas dúvidas. Na época esse desconhecimento me amedrontava.
Li em algum lugar, não lembro onde, que esse tipo de coisa não se deve ser demonstrada a qualquer um e que se alguém for tolo o suficiente para ir contra essa regra poderá perder seus “dons”. Então obstinada em me livrar do martírio — que me foi imposto sem qualquer instrução — passei a ir contra tal regra. Contava sobre o que se passava comigo a algumas pessoas, fazia as sessões que já relatei, brincava com a “indução de pensamentos” durante a aula, lia cartas…
Então, uma noite, quando eu tinha 14 anos e estava em casa assistindo televisão — enquanto todos dormiam —, eu resolvi me deitar, mas não tinha sono, só me deitei para assistir melhor a programação. Assim que me deitei foi como se eu estivesse dormindo. Ocorreu algo como o sintoma projetivo ao qual chamam de catalepsia projetiva, eu não conseguia mover nada em meu corpo, mas via tudo, mesmo com os olhos físicos fechados. Tentei gritar, mas não conseguia, estava completamente muda.
Ouvi um barulho como hélices de helicóptero, vi um grande túnel se abrindo acima de mim, ao redor do túnel havia grandes nuvens de um marrom avermelhado e luzes como de raios e então vi ao meu lado três seres sem face, loiros de pouco mais de 2,5m. Sentia muito pavor por não saber o que estava acontecendo. Um deles, o do meio, deu um passo à frente se aproximando de mim, tocou minha fronte com sua mão e falou com uma voz que ressoava em minha mente:
— Não tenha medo!
Senti uma paz imensa com o toque dele e instantaneamente perdi os sentidos. Despertando apenas no dia seguinte.
Por muitas vezes ainda tive os mesmos sintomas de catalepsia projetiva, até mesmo quando sentada na sala de casa, mas nunca mais recebi outra visita de tais seres…
Desde então os meus dons parecem estarem em estado de torpor, sendo muito fracos ou quase nulos comparados a antes.
Alguém saberia me dizer o que seriam esses seres e o porquê dessa visita?