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Um Complemento a Bardon


por Rawn Clark – www.abardoncompanion.com

GRAU I – Iniciação ao Hermetismo

Prefácio:

Na minha opinião, a coisa mais importante que diferencia o sistema de Bardon da maioria dos outros sistemas modernos de magia é que ele começa no começo. A natureza crucial desses passos iniciais, elementares, é frequentemente negligenciada por outros sistemas e isso não faz bem para o novato.

O sucesso verdadeiro com a magia é construído na base de coisas simples - quanto mais firme a base, mais alto o estudante será capaz de ascender. No Grau I, o estudante encontrará o básico do resto do curso: Meditação, Introspecção e Auto-Disciplina. Eu não posso enfatizar suficientemente o quão absolutamente essenciais essas três coisas são para a magia verdadeira.

Mental (Instrução Mágica do Espírito):

No Grau I, a Instrução do Espírito lida com três tipos básicos de meditação. A primeira é intitulada “Domínio do Pensamento”, mas é um nome pouco apropriado. O que é para ser feito não é controlar de forma ativa ou direta os pensamentos que surgem na sua mente; ao contrário, é necessário se estabelecer como um observador ativo de seus pensamentos. Quando a perspectiva de observador é estabelecida, a diversidade de pensamentos que normalmente aparecem diminuirá sozinha com o tempo.

O segundo tipo de meditação é chamado “Disciplina do Pensamento” e tem duas fases de prática. A primeira fase é feita no dia-a-dia e envolve a disciplina dos seus pensamentos de modo que eles tenham a ver somente com a tarefa em questão. Por exemplo, se você está dirigindo para o trabalho, você deve bloquear todo pensamento que não tenha a ver com o ato de dirigir. A segunda fase é executada como uma meditação normal, isto é, sentar-se com seus olhos fechados. Aqui, a pessoa escolhe um pensamento único e bloqueia todos os outros pensamentos emergentes. É melhor, nesse caso, começar com um pensamento simples, que cative a sua atenção. Cada vez que sua mente “viaja”, traga-se firmemente de volta para o pensamento escolhido.

O terceiro tipo de meditação é denominado “Controle dos Pensamentos” e envolve a realização da vacuidade da mente ou uma ausência de pensamentos. Para aqueles pouco familiares com meditação, essa é frequentemente a tarefa mais difícil. Ela requer uma boa quantidade de força de vontade e um esforço persistente. Quando os pensamentos invadem, você deve aprender a bloqueá-los e recuperar o vazio. Eu lhe asseguro, esta não é uma tarefa impossível!

Perguntas e Respostas

1) O que é o “domínio do pensamento”?

Nos exercícios iniciais do Grau I, Bardon descreve três tipos de disciplina mental ou meditação. O primeiro tipo envolve a mera observação do que acontece na sua mente. Neste exercício, o estudante não bloqueia nenhum pensamento; ele meramente observa o que aparece. Com tempo e a prática repetida, você notará que o fluxo de pensamento naturalmente diminui. Mas o que está realmente acontecendo é que você está “calibrando” a sua mente para um nível de meditação menos “bagunçado”. Isso não é algo que você pode forçar, então não adianta, nesse caso, bloquear certos pensamentos enquanto se deixa outros aparecerem, etc.

Um motivo de problemas aqui são as outras distrações que surgem, como o alarme do carro que se mantém funcionando a alguma distância, ou o latido do cachorro do vizinho. Esses tipos de incidentes podem distrair sua atenção da observação de seus pensamentos. Você deve rapidamente se desvencilhar dessas distrações e focar sua atenção para a tarefa atual. No início isso pode ser difícil, mas com a prática persistente, a sua habilidade de focar se tornará tão rápida e absoluta que tais eventos externos não te distrairão; a distração será tão curta que não interromperá sua prática.

Outro tipo de distração é aquele no qual você é tentado a perseguir os pensamentos que chegam à mente. O ponto aqui, porém, é se distanciar do envolvimento com seus pensamentos – você deve ser um observador, não um participante. No início, isso também é muito difícil, mas com a prática persistente, você aprenderá como se distanciar e observar.

Não importa o quão difícil esse exercício possa ser no início para você, não desista. Isso é um precursor essencial para os exercícios seguintes. Você já possui a habilidade natural, geralmente inconsciente, de fazer tudo ensinado em Iniciação ao Hermetismo – tudo que o treinamento traz pra você é desenvolver o que estava previamente inconsciente e fazer com que isso se torne uma habilidade consciente.

2) O que é a “disciplina do pensamento” ou “concentração única”?

O segundo tipo de disciplina mental ou meditação descrito no Grau I lida com a concentração única da mente. Aqui, você foca seus pensamentos numa única idéia e bloqueia todos os outros pensamentos intrusos. Essa prática eventualmente calibra a mente para um nível mais alto de meditação. Se você aprendeu a gerenciar distrações externas com relativa facilidade e alcançou o estado de observador da sua mente quieta, então tudo que você deve fazer aqui é selecionar um pensamento único e se focar somente nele. Os tipos de distração que você encontrará aqui é a intrusão de pensamentos associados ou não-associados, e o hábito que sua mente tem de se envolver nesses pensamentos estranhos.

Se consideramos a analogia de calibrar a mente, torna-se óbvio que a mente funciona de modos previsíveis sua freqüência correspondente. Na freqüência mental do seu dia-a-dia, os pensamentos aparecem com grande freqüência e variedade, porque exercitamos pouco controle sobre eles. Na freqüência do “observador”, a mente diminui a quantidade de pensamentos, mas ela ainda está na freqüência do nível do “dia-a-dia”. O exercício do observador meramente alterna o foco para outra freqüência, ele não faz a freqüência do dia-a-dia desaparecer. O mesmo é verdadeiro para a freqüência da concentração única – o observador e a freqüência do dia-a-dia ainda existem, só que a mente é calibrada para uma freqüência mais alta. É como se o som de fundo das outras freqüências ainda existissem mas são relegadas a um segundo plano e não levadas em consideração.

Lidar com a intrusão de pensamentos indesejados durante o exercício de concentração única é muito igual ao gerenciamento de distrações externas que você aprendeu durante o exercício do observador. Parte de conseguir com que sua mente se calibre com a freqüência correta envolve o aprendizado de como rapidamente dispensar os pensamentos estranhos e recalibrar a sua atenção. Quanto mais você o faz, mais rápido se torna, e, eventualmente, torna-se tão rápido que as distrações não te interromperão.

Não “lute” com o funcionamento natural de sua mente, porque isso leva apenas à frustração. A melhor tática é seduzir a sua mente. Você controla a sua mente, não o contrário, e tudo que você precisa fazer é tomar o controle que você já tem e torná-lo uma coisa mais consciente.

Novamente, não desista no início se você falhar. Isso também é uma habilidade vitalmente importante para dominar os exercícios futuros.

3) O que é a “disciplina do pensamento” ou a “vacuidade da mente”?

O terceiro e final tipo de disciplina mental ou meditação, coberto no Grau I, envolve a vacuidade da mente. Se você suficientemente dominou a “dispensa” de distrações nos dois exercícios prévios e aprendeu a como limitar sua mente a um único pensamento, então alcançar a vacuidade da mente é o próximo passo lógico. Esta apenas é uma maior freqüência de meditação, mas é muito difícil de calibrar se você não dominou os outros exercícios.

Talvez a mais fácil maneira de alcançar a vacuidade da mente é ir por estágios. Primeiro reduza sua mente a um único pensamento, e então elimine até esse pensamento. Se você estiver familiarizado com a dispensa das distrações, então as distrações nesse nível serão rapidamente gerenciadas.

Antes de progredir para os exercícios do Grau II, você deveria ter feito um bom progresso com os exercícios de vacuidade da mente. Até alguns poucos minutos de verdadeira vacuidade vão servir para começar o Grau II, mas você deve constantemente melhorar esse sucesso inicial se você quiser se mover melhor e mais rapidamente ao longo do curso de Iniciação ao Hermetismo. Essa é uma técnica mágica básica que serve como base para o resto do trabalho – sem esse nível de disciplina mental, muitas coisas são impossíveis na magia.

4) Eu devo manter um registro de todas as minhas distrações ou só as maiores?
Eu recomendo que, na sua primeira tentativa de cada exercício, você não se incomode em contar suas distrações. Concentre-se ao invés de gerenciá-los. No caso do primeiro exercício com a perspectiva do observador, depois de você pegar o jeito, comece a contar suas distrações externas – aquelas que realmente interferem com seu exercício. Se você é capaz de gerenciar uma distração rapidamente e ela não te interrompe, não se incomode em contá-la.
Com os outros exercícios da concentração em uma única coisa e o vazio da mente, conte todas as distrações que interrompem seu fluxo de consciência. De novo, conte apenas aqueles que realmente o interrompem.
Contar e manter registro de suas interrupções não é uma parte necessária ao se tornar mestre desses exercícios. Sua única importância é quando se mede o seu progresso. Pode ser muito benéfico ser capaz de comparar quantas interrupções você experimentou ontem ou na última semana, ou quantas você teve hoje. Fazendo essas conexões, você sera capaz de ver exatamente quanto progresso foi feito.
No Grau II, Bardon menciona o uso de um cordão de contas ou nós para contra suas interrupções durante seus exercícios. Essa é uma boa técnica quando você se acostuma com ela. Eventualmente, passar de uma conta ou nó para outro se torna uma segunda natureza e não requer um pensamento interruptivo.


5) Para que serve a meta de cinco minutos?

Cinco minutos é uma daquelas metas “no mínimo”. É uma regra arbitrária, porém boa para se seguir. A idéia não é que você deva estritamente aderir a cinco minutos cronometrados; ao contrário, a idéia é a de que você deve alcançar uma meta que está além da sua atividade normal e uma com a qual você alcançará um certo nível de comprometimento. Nunca esteja satisfeito com cinco minutos como a meta última, final – sempre se treine para ultrapassar esse limite. No fim, você deveria se tornar capaz de alcançar e manter esses estados por quanto tempo desejar, seja por cinco minutos ou três horas.


6) A verificação do meu tempo causa distração?


Ela pode causar se você deixar. O modo com o qual eu trabalho é deixar o exercício rolar e quando eu alcançar o estado requerido, eu sigo com ele o máximo que posso. Quando esse estado termina, eu abro meus olhos e checo o tempo. Mas enquanto faço o exercício, eu não penso se estou fazendo no tempo proposto.

Outra tática é trabalhar no exercício até que suja uma interrupção maior. Nesse momento, eu abro meus olhos e checo para ver o tempo. Quando eu vejo que pelo menos cinco minutos passaram antes de eu ser interrompido e que eu posso fazer o exercício pelo mesmo tempo de modo consistente, eu então me sinto confortável para dizer que eu alcancei minha primeira meta.

Como você mede seu tempo é deixado para você e requer apenas um pouco de inventividade. Eu uso um simples relógio elétrico que não faz tique-taque, colocado no meu pé ou dentro de vista. O problema com isso é que eu devo lembrar qual era o tempo em que comecei. Outra alternativa é usar um cronômetro simples, mas ele requer “iniciar” e “parar”. Não importa, use qual método funciona melhor pra você e assegura o mínimo possível de interrupção.

Astral (Instrução Mágica da Alma): 

Em minha opinião, este processo de estabelecer os espelhos da alma positivo e negativo é “A” mais importante fase da iniciação. As repercussões desta forma de auto-análise serão sentidas na vida inteira do estudante e serão de grande benefício, não importando o quão distante nos Graus de IAH o indivíduo vai penetrando.
O que é requerido aqui é uma radical auto-honestidade. O estudante deve, brutalmente, penetrar todas as suas ilusões que dizem respeito a quem ele é e como age no mundo, e escavar até a raiz dos problemas.
Fazer isso pode ser problemático, porque você enfrenta partes de si mesmo que não são agradáveis. Desse modo, é uma boa idéia ser gentil para si mesmo na medida em que você avança no processo da introspecção. Lembre-se que as partes desagradáveis que você descobre são simplesmente o que você é neste momento – nunca se esqueça de que você tem o poder de mudar essas partes!
O ponto deste exercício não é te fazer sentir mal sobre si mesmo, mas ao contrário, é claramente definir onde você deve começar no processo da auto-mudança. Se você não tem uma compreensão clara de quem é, então você não tem meios confiáveis de saber o que você deseja se tornar, nem meios de chegar lá.
No processo de auto-mudança, o estudante transforma o que existe em algo melhor. Não é um método que simplesmente livra-se dos aspectos negativos da personalidade. Ao invés disso, ele tira a energia de um aspecto negativo e a muda para uma manifestação positiva comparável. Aqui nada é descartado ou perdido – tudo é transformado.
No trabalho do Grau I, o foco é “checar o estoque”. O trabalho de transformação é relegado ao Grau II. Portanto, enquanto você busca os aspectos positivos e negativos da sua personalidade, temporariamente pense sobre como você quer transformá-los e deixe essa parte para a tarefa do Grau II.
Uma consideração importante em montar seus espelhos da alma positivo e negativo é que essa tarefa é melhor feita em completa privacidade. Nunca compartilhe seus espelhos com outro ser humano! Isso é importante, porque ajuda no tipo de auto-honestidade radical que a tarefa requer. Você deve engendrar o sentimento de absoluta segurança na medida em que escreve as coisas, muitas delas que você nunca compartilharia com outra pessoa.
Um caderno em espiral de tamanho médio é suficiente. Eu aconselho contra o uso de diários encadernados porque você pode ter de arrancar as páginas, especialmente quando começa o trabalho de transferir a sua lista de itens para suas seções de Elementos. Além do mais, um caderno em espiral tem a vantagem prática de ficar “dobrado” e não precisa ser todo aberto. [NOTA: Não digite suas listas no computador! Escrever suas listas à mão no papel personaliza o processo e o torna consideravelmente mais íntimo.] Sem ser paranóico sobre isso, coloque seu espelho escrito num lugar onde você fique seguro de que sua privacidade não será violada.
Comece, como Bardon aconselha, com a análise de suas características negativas. Escreva absolutamente tudo que vêm à mente, não importando quão insignificante possa ser. Recoloque-se em diferentes eventos de sua vida e veja o que há para achar. Mantenha registro, todos os dias, de itens que aparecem no presente. Medite todo dia sobre quem você é e dessa maneira construa uma compreensão mais profunda de seu lado negativo.
Franz Bardon sugere que você continue essa análise até uma lista de pelo menos 100 itens. Muitas pessoas não gostam desse total, mas eu asseguro que é um bom padrão para alcançar. Se você vê que sua lista cresce além de 100 itens, então continue até se sentir seguro de que descobriu tudo. Se você acha difícil fazer 100 itens, então continue com crueldade até conseguir.
Na medida em que você analisa suas faltas, tenha certeza de que cada item é algo que VOCÊ considera realmente como uma falta. É você quem está se julgando – sua lista não deveria incluir os julgamentos de outros.
Bardon sugere um limite de tempo de uma a duas semanas para essa parte do exercício (é muito raro ele determinar um limite de tempo em IAH). Esse limite é importante porque esse processo inicial de auto-análise deveria ter um começo e um fim. Não é algo para ser apressado nem atrasado, mas sim algo que deveria ser cuidado por um tempo determinado.
Também, o processo de auto-análise é uma responsabilidade para a vida inteira do mago sério. Eu fiz esse procedimento do Grau I três vezes nos últimos anos. Cada vez foi separada por alguns anos e cada vez apareceram novos resultados. Essa é, para mim, uma maneira de verificar os progressos e é um exercício que ajuda no meu progresso.
O mago deve, o tempo todo, estar consciente de quem ele é. O processo de esculpir a personalidade no que você deseja é para ser de vida inteira – conseguir a perfeição verdadeira e absoluta não é possível para os seres humanos materiais. O melhor que podemos esperar é estarmos constantemente envolvidos com o nosso melhoramento.
Em qualquer caso, voltando ao Grau I: é tentador, durante a construção da sua lista, depender da lista de faltas associadas com os Quatro Temperamentos que Bardon incluiu no texto de IAH. Eu aconselho contra isso, porque os itens que ele lista são muito gerais. Sua lista deveria ser o mais específica possível.
Onde os Quatro Temperamentos ajudam é na próxima fase – dividir sua lista em cinco seções de Elementos.
A divisão em Elementos é frequentemente uma tarefa muito difícil, mas a coisa importante a se lembrar nesse estágio é que não precisa ser perfeito. Faça o melhor que puder (meditar sobre o simbolismo dos Elementos ajudará imensamente) – você pode sempre mover um item para outra categoria depois se você achar que sua designação original foi incorreta. Na minha primeira tentativa nesse processo, minha seção de “Desconhecido” era maior do que todas as outras seções! Pode levar algum tempo para descobrir a qual categoria os itens realmente pertencem, mas não deixe essa dificuldade interromper seu progresso.
Bardon não especifica um limite de tempo para essa fase, mas tente seu melhor para terminar essa tarefa dentro de uma semana, ou no máximo duas.
A fase final dessa parte do Grau I é dividir cada um de suas cinco seções em três categorias de importância. Bardon sugere que isso seja feito dentro de uma semana, portanto não se apegue muito com essa parte de sua análise.
Isso completa o trabalho básico do Grau I com o espelho negativo e agora se deve voltar para a criação do espelho positivo. Os mesmos processos e os limites de tempo se aplicam a esse processo. Devote o máximo de esforço para essa lista, bem como você vem com os itens negativos. Nessa fase, ao invés de tentar parar de se sentir mal consigo mesmo, você precisará evitar o orgulho. :)
O resultado final são dois espelhos de 100 ou mais itens cada, cada um deles dividido em cinco partes contendo três categorias. Esse processo inteiro não deveria levar mais de três meses para ser terminado.
Os outros exercícios do Grau I deveriam levar a você mais de três meses para dominar (o que, a propósito, é muito comum), então seria sábio gastar esse tempo extra estudando seus espelhos. Tente compreender seu estado atual de equilíbrio dos elementos. Veja como os diferentes itens de suas listas se relacionam mutuamente. Frequentemente, você pode dessa maneira descobrir “complexos” construídos de muitos itens funcionando juntos. Gaste um bom tempo conhecendo a si mesmo através disso.
Finalizando, eu repito a você, esta é uma parte muito, muito importante de IAH e nenhum esforço deveria ser poupado sobre isso. Mesmo se você, ao começar com IAH, já tiver tido muitos anos de introspecção e sentir que sabe tudo sobre si, não salte esta etapa! Até se você tiver feito algum progresso no passado e abandonou o trabalho por um período extenso de tempo, ainda assim não pule esta etapa – uma repetição dela pode se tornar muito rápida para você, mas não deveria ser pulada.

Perguntas e Respostas


1) E se eu não conseguir chegar a 100 itens para cada um dos meus espelhos da alma?
Então continue tentando até conseguir! O requerimento de 100 itens é bom, porque ele te pressiona a cavar o mais profundamente você puder. Isso não deveria ser um exercício fácil que você poderia fazer sem muito esforço. A idéia aqui é completamente limpar sua alma e afiar as suas habilidades de introspecção. Isso é uma habilidade aprendida tanto como a disciplina mental o é.

2) Quando eu devo parar de fazer a minha lista? Eu deveria continuar indefinidamente?
Isso é o oposto da primeira questão. Algumas pessoas encontram centenas de faltas e têm dificuldade em saber quando parar. O ponto deste primeiro exercício na introspecção é estabelecer uma meta limitada. Se você achar mais de 100 itens, então, ao invés de continuar indefinidamente, limite seus esforços a duas semanas.
Isso é importante porque é fácil demais permanecer na autocrítica e, então, evitar se mover para a parte de mudança de si mesmo. Não pense demais do processo geral como sendo dividido em seções – ele é um ciclo, composto de duas partes muito importantes: a introspecção e a autotransformação subseqüente. A auto-análise sozinha não alcança muita coisa se não há motivo para se mudar e melhorar o que o indivíduo encontra. Também, a auto-mudança sozinha não funciona por muito tempo se você não tiver estabelecido um registro completo do que você deve trabalhar.
Portanto, limite-se a não mais de duas semanas para essa fase do ciclo. Isso será suficiente por agora. Você pode (e deve) sempre voltar e adicionar coisas para suas listas depois – ela não precisa ser absolutamente perfeita da primeira vez.
O que me traz ao assunto da natureza infindável desse ciclo de introspecção / auto-mudança: esse é um hábito, verdadeiramente, para a vida inteira do mago verdadeiro. Ao passar do tempo nesse trabalho, eu construí três espelhos da alma, cada um separado por alguns anos. Esse é um processo de se aperfeiçoar constantemente – não há um estado resultante e absoluto de perfeição. Esse é um processo dinâmico e contínuo porque, como humanos, estamos constantemente nos mudando e encontrando novas partes de nós mesmos.
Para os propósitos do Grau I, você deve ver seu avanço no exercício com a dedicação de fazer o melhor que puder nele. Isso é só possível quando você delimita metas e limites para si mesmo. Ao encarar dessa maneira, você aprende o fundamental do processo e estará melhor preparado para continuar trabalhando com ele na medida em que os anos passam.

4) E o que eu deveria fazer se não consigo descobrir qual Elemento corresponde a uma característica específica?
Nesse estágio, não se preocupe com isso. Simplesmente coloque o item no Elemento que parece mais apropriado e, aqueles que você não consegue mesmo descobrir, coloque-os naquela maravilhosa categoria intitulada “desconhecido”. Na medida em que você trabalha com os Elementos, sua compreensão deles aumentará e você está melhor equipado para decidir se você estava errado em seu julgamento.
Nesse ponto dos dez Graus, o Elemento verdadeiro a qual item pertence é de menor importância do que o grau com o qual o item te afeta. Para os propósitos de auto-mudança, a segunda divisão nas três categorias de importância (ou freqüência) é muito mais relevante do que a correspondência elemental do item. Isso é verdadeiro porque as técnicas verdadeiras de auto-mudança com as quais você trabalhará não são dependentes dos Elementos.
No trabalho do Grau II de auto-mudança, a transformação de suas características equilibrará sua composição Elemental, não importando se você classificou os seus itens corretamente. O uso principal da divisão Elemental é que ela te dá uma idéia da qualidade de seu equilíbrio ou desequilíbrio Elemental. Aí é quando uma designação acurada por Elemento se torna mais importante, mas nesse estágio é de menor importância.
Isso não significa que você não deveria tentar seu melhor para determinar a correspondência Elemental correta. Você deveria se comprometer a perseguir a sua categoria “desconhecida” até você conseguir classificar cada item a um Elemento. Também, na medida em que sua compreensão dos Elementos melhora, reveja os itens que você classificou e veja se estão corretos. Uma vantagem de não ter de gravar seus espelhos da alma na pedra é essa de que você pode sempre voltar e mudar a sua opinião!
Algumas pessoas descobriram que pesquisar as associações de caráter aos signos zodiacais da astrologia ajuda bastante porque eles tentam discernir qual item vai para qual Elemento. Alguns encontraram estímulo nos trabalhos mais recentes de psicologia, e por aí vai. Em qualquer caso, existem fontes escritas que ajudarão. Mas, de longe, o que mais ajuda é passar um tempo meditando sobre o assunto.
Outra parte de conselho prático é que, quando você encontrar um item desafiador, olhe para ele mais profundamente. Frequentemente, um item não classificável é aquele que é muito complexo e que pode ser quebrado em partes mais específicas. Normalmente, essas partes específicas são mais fáceis de categorizar em Elementos individuais do que o complexo inteiro. Novamente, a meditação é a ferramenta mais útil do mago – a maioria das respostas está lá dentro, esperando para serem descobertas.

5) Sob qual dos Elementos o vício por substâncias, como tabaco, deveria ser colocado? Eu soube que o próprio FB lidou com isso.
Bem, como você já percebeu, não há uma resposta rápida e fácil. Há muitos fatores que contribuem para um vício. É melhor se você quebrar esses fatores e lidar com eles individualmente do que lidar com o conjunto “vício”.
Eu também sou um fumante e enfrentei de frente esse problema. Eu parei de fumar por três anos e, embora fosse de grande benefício para o desenvolvimento da minha força de vontade, não teve efeito sobre meu vício. Disso eu aprendi muito sobre como gerenciar meu vício, mas isso não evitou os aspectos mentais e emocionais de minha dependência.
Qualquer dependência é composta de muitos fatores mais do que o objeto do vício. Por exemplo, meu corpo é viciado fisicamente ao uso periódico de nicotina. Isso é verdadeiro para qualquer substância viciante, seja inalada, comida, injetada ou bebida. Isso também é verdadeiro sobre as atividades ou estados emocionais aos quais estamos viciados – cada uma dessas coisas iniciam reações químicas nos nossos corpos físicos às quais nos tornamos viciados. Embora possamos suavizar o impacto das conseqüências físicas de uma dependência através da abstinência, isso não melhora os outros componentes-raiz do vício (em muitos casos isso tem o efeito oposto de amplificar esses outros componentes).
Para mim, fumar satisfazia uma certa inclinação à autodestruição. E também satisfazia outras necessidades: minha necessidade por aceitação social (isso foi antes quando todo mundo fumava); minha necessidade de manter minhas mãos ocupadas (provavelmente o mal de cada alma artística); minha necessidade de me distanciar de outros; minha necessidade de ter algo inteiramente meu e minha necessidade por prazer (eu gosto de fumar de verdade). É claro que eu poderia listar algumas coisas mais, mas estou certo de que você entendeu o que quero dizer.
Ao quebrar qualquer vício em suas partes componentes, a classificação das partes para os Elementos foi relativamente fácil. E isso me deu a chave para remediar o vício raiz. Frequentemente, em qualquer trabalho de cura (e o que mais é a transformação de si mesmo do que um processo de cura?) é a doença raiz que é mais importante que os sintomas. Isso é verdade especialmente quando se trabalha com os espelhos da alma. Podemos estarmos convencidos de que demos conta do sintoma (por exemplo, eu paro de fumar), quando de repente descobrimos que não fizemos nada para remediar a doença raiz (isto é, minha dependência) e, puf!, todo nosso esforço foi pra nada. Até você alcançar a raiz de uma dependência e desmembrar todas as suas partes, o vício continuará. Em meu caso, depois de três anos sem fumar, eu comecei a fumar de novo. De fato, em nenhum momento durante esses três anos eu não DEIXEI de estar viciado ao fumo – tudo porque eu não tinha tomado conta dos outros componentes de meu vício.
Quando eu classifiquei o item “fumo” a um Elemento, na minha primeira tentativa, ao meu espelho negativo, eu o listei sob a coluna do Elemento Ar. Havia, para mim, alguns aspectos bem característicos do Ar no meu fumo, mas isso não funcionou de verdade pra mim num aspecto prático. Quando eu comecei a quebrar em partes, eu vi que o item inicial se espalhou em vários lugares. No fim, ele pertenceu a não um Elemento só, e eu estou certo de que havia partes que podem ser diferentes para cada pessoa. A muito do espelho da alma não pode ser dada uma correspondência Elemental e universal. Onde tais padrões universais se aplicam corretamente é só num nível muito superficial de generalização. É por isso que a lista das características associadas com os quatro temperamentos que Bardon dá em IAH não é de todo útil – é geral demais.
Em qualquer hora que eu tinha dificuldade em determinar um item num Elemento em meu espelho da alma, eu tentava quebrá-lo em partes menores. Isso solucionou minha confusão e me forneceu a ferramenta que eu usaria para me transformar.

5) Por que eu deveria fazer um espelho da alma positivo E um negativo? O espelho negativo não é suficiente?
O propósito principal das técnicas de auto-mudança é igualar as características negativas, mas é apenas metade do processo. É de igual importância que você promova suas características positivas.
É importante também, no processo de introspecção, que você não olhe só para o seu lado negativo. Isso pode ser muito depressivo se você não equilibrar com uma olhada igual no seu lado positivo. O mago deve andar em equilíbrio, como deveria ser.
Outra razão importante pela qual ambos os espelhos são essenciais para o processo geral é que, frequentemente, as respostas para suas características negativas são encontradas no meio da lista de suas características positivas! Nessa maneira, você sempre será seu próprio melhor amigo.


Físico (Instrução Mágica do Corpo): 

Essa seção do Grau I começa com sugestões para alguns exercícios diários simples. O primeiro é o de banho e aconselha que o estudante se banhe num chuveiro frio e escove a pele com uma escova normal de cerdas. Isso pode soar estúpido, mas eu te encorajo a tentar. É especialmente benéfico para o iniciante porque, muito efetivamente, abre os poros da pele e facilita a saúde corporal. Se você estiver acordando muito cedo para executar seus exercícios, essa técnica assegurará que você esteja completamente acordado.
A segunda seleção de recomendações diz respeito ao estabelecimento de um regime diário de exercícios. Falo de novo, isso é especialmente benéfico para o iniciante porque leva a consciência do estudante para o seu corpo físico. Isso não precisa ser levado a extremos – os aspectos importantes são a manutenção da flexibilidade e da vitalidade do corpo.
Embora esses exercícios não sejam estritamente “mágicos”, eles são, apesar de tudo, de importância e são pertinentes aos próximos exercícios, mais “mágicos”.
A próxima seção é intitulada “O mistério da Respiração” e forma a base de muitos exercícios por vir. É importante, portanto, que o estudante preste atenção à dominação dessa simples técnica.
Por favor, note que o que diz respeito ao estudante não é a constituição material do ar que é inalado (oxigênio, nitrogênio, etc.), nem a energia vital inalada. Isso não é “pranayama” nem um exercício para hiper-oxigenar o sangue. A única coisa de interesse aqui é a idéia inalada em cada respiração – essa idéia representa a qualidade do que está sendo tomado e é presa, pela mente, ao princípio do Akasha do ar material.
É vital que o estudante mantenha seu ritmo normal de respiração durante esse exercício. O indivíduo não deve aumentar a duração da inalação ou expiração e não deve segurar a respiração em ponto algum. É normal para o iniciante automaticamente aumentar o tempo do ciclo de respiração, porque leva alguns momentos para colocar os pensamentos em ordem. O resultado é uma inalação mais longa enquanto a mente estabelece a idéia a ser inalada e segura mais a respiração, enquanto se visualiza a idéia penetrando no corpo inteiro. A razão pela qual isso ocorre é a de que o estudante é pouco familiar com a construção da idéia e com a visualização de sua ação no corpo, então para compensar, a respiração é estendida.
O problema que aparece aqui é que, se esse hábito for continuado, o estudante associa a habilidade de respirar dessa maneira com a extensão do ciclo de respiração e se torna impossível realizar essa tarefa com a respiração normal. Aprender a fazer isso na respiração normal é importante porque o mago pode nem sempre ter a oportunidade de reduzir a respiração para executar os exercícios posteriores, tais como a acumulação de um Elemento, etc.
Com a prática, a construção da idéia e de sua circulação no corpo pode ser executada num segundo. O truque para aprender os exercícios sem a alteração do ciclo de respiração é desassociar a idéia da respiração. Por exemplo, estabeleça seu ritmo normal de respiração e respire normalmente enquanto você constrói a idéia no ar ao seu redor. Então, quando a idéia estiver bem estabelecida, inale uma respiração normal do ar impregnado. Não segure sua respiração nesse ponto, mas ao invés disso, execute sua respiração normal enquanto segura a idéia em seu corpo e a circula. Deixe que sua exalação seja feita só de ar e não de sua idéia.



Em outras palavras, é a mente que faz o serviço, não sua respiração. A respiração é apenas a carregadora de sua idéia e não é necessário alterar seu ciclo de respiração para acomodar a velocidade de seu pensamento. Com prática, porém, você se acostumará com o trabalho mental e isso se tornará rápido o suficiente para não precisar inserir respirações “vazias” extra enquanto você pensa. Eventualmente, seu nível de pensamento e visualização vão igualar a velocidade na qual você respira.
Outros fatores importantes são:
1) A natureza da sua idéia. O pensamento que você inala deve ser positivo e dizer respeito ao seu bem-estar espiritual
2) O grau de sua convicção. Você deve cultivar uma atitude de absoluta certeza de que sua idéia está rapidamente se tornando realidade.
3) Persistência. Você deve persistir com uma idéia só até sua meta for realizada antes de passar para a próxima idéia.
As próximas duas seções são intituladas “A assimilação consciente de nutrientes” e “A magia da água”. Essas técnicas são baseadas nos mesmos princípios do mistério da respiração – uma idéia é amarrada na mente ao princípio do Akasha da substância física. De novo, isso não tem nada a ver com as propriedades físicas (vitaminas, minerais, etc.) da comida e da água. Nossa única preocupação neste estágio é com a idéia que o estudante deve amarrar à substância física.
Os mesmos requerimentos (isto é, a natureza da idéia, o grau de convicção, e a persistência) se aplicam a esses exercícios. Esse trabalho com comida e com a água deveria ser feito simultaneamente com os exercícios da respiração. Em outras palavras, você não precisa dominar o exercício da respiração antes de começar o trabalho com a comida e com a água.
Esses exercícios deveriam ser um hábito diário. Faça os exercícios de respiração cada manhã e cada noite, e faça a impregnação da comida e da água em cada refeição. Com um pouco de inventividade, você será capaz de impregnar sua comida e sua bebida sem ser notado por outros, até quando você se sentar num restaurante lotado ou numa mesa cheia de membros da família.

Perguntas e Respostas

1) Eu tenho que parar de fumar, de beber e parar o sexo?
Não, você não TEM que fazer nada. Mas, se você quiser ter sucesso no trabalho inicial de IAH é aconselhável que você temporariamente elimine todas as substâncias que afetem a mente. Essas substâncias ficam na sua corrente sanguínea por períodos estendidos de tempo e vão agir no controle que você tem de mentalizar. A idéia de uma iniciação mágica é que você deve aprender como alcançar os estados alterados equivalentes, espontaneamente e sem precisar de um apoio artificial. O mago bem treinado pode ter qualquer estado que uma droga pode induzir – E controlar a natureza e a duração da experiência.
Uma vez que você tenha dominado a sua própria mente, não há razão pela qual você não possa conceder-se a estados mentais alterados e prazerosos com moderação. Normalmente, o único problema é se o estado mental alterado interfere com sua prática mágica. Com a atenção com o tempo, isso pode ser abolido.
No que diz respeito a desistir de toda a expressão sexual, isso não é nem necessário nem aconselhável a longo período para o mago que procura por equilíbrio. A abstinência sexual produz desequilíbrio. Invocar esse certo tipo de desequilíbrio pode, algumas vezes, ser útil para o mago avançado, mas apenas por períodos de curta duração e para tarefas muito específicas. Se você tem o que agora é chamado de “vício sexual”, então uma abstinência temporária pode ser um componente auxiliar de sua recuperação. Mas, sozinha, a negação não resolve um vício – o indivíduo tem de alcançar a raiz de um vício e trabalhar nele por dentro E por fora.

2) Eu tenho de me tornar vegetariano?
Essa é uma questão comum e sempre há desacordos sobre se o vegetarianismo é requerido para o estudante. Na melhor das hipóteses, é uma boa idéia, se seu corpo se sente confortável comendo apenas uma dieta vegetariana e você se sente confortável ao preparar apenas refeições vegetarianas. Mas não é obrigatório. Os benefícios em potencial à saúde de uma pessoa são inegáveis, mas isso não é uma parte essencial ao se aprender magia.
O que é muito mais importante é comer uma dieta bem balanceada. Basta uma dieta que forneça ao seu corpo os nutrientes e fontes de energia que ele precisa. Tente evitar comer em excesso ou pouco demais.

3) Quer dizer que eu tenho de começar yoga ou ir à academia todos os dias?
Não, a não ser que isso seja o que funciona melhor pra você. A idéia por trás do que Bardon chama “ginástica diária” é apenas para manter seu corpo flexível e saudável. Você não precisa ir a extremos a esse respeito. Outra coisa importante é que o exercício diário te leva a um contato mais próximo ao estado de seu corpo físico.

4) Como a magia da respiração, da comida e da água funcionam? A água tem de ser fria?
É apenas o princípio do Akasha que é trabalhado nesse respeito. O Akasha permeia todas as coisas. Por sua natureza, é suscetível a qualquer pensamento imprimido nele e transmitirá esse pensamento à matéria que ele encontra. Portanto, quando você imprime seu pensamento no Akasha que permeia o ar que você respira ou a comida e a água que você ingere, o Akasha transmitirá esse pensamento ao Akasha permeando seus corpos físico, astral e mental. Através da ação dos quatro Elementos, o pensamento se tornará parte de sua constituição física num nível celular. Isso modifica seu corpo em todos os níveis.
Isso leva tempo – não acontece, no início, na noite seguinte. Com prática, porém, isso pode se tornar uma ferramenta muito efetiva para a auto-mudança e a rapidez de seu efeito aumentará.
A temperatura da comida ou da água que você consome não é um fator que diz respeito à impressão do pensamento porque você está trabalhando apenas com o Akasha. Onde a frieza da água se torna importante é quando você acumula energia vital, um Elemento ou um Fluido na água. Então, não é o Akasha (que permeia a água fria e quente igualmente) no qual você está impregnando sua vontade – é a substância física ou astral da própria água e, quanto mais fria a água, mais prontamente aceitará esse tipo de acumulação.

5) Eu tenho de abençoar cada refeição e copo de água que eu consumo?
Não, você não precisa fazê-lo, mas, ao fazê-lo em cada chance que aparecer, você aumentará a efetividade dessa técnica. Eventualmente, se tornará uma segunda natureza para você e ninguém mais notará que você está fazendo. Se eu me lembro corretamente, leva mais ou menos sete anos para seu corpo renovar cada célula. Você pode, na teoria, inserir seu pensamento na estrutura de cada célula nova que nasce e, portanto, transformar diretamente seu corpo físico.

Rawn Clark - Prática da Evocação Mágica (Resumo)


O segundo livro de Bardon, A Prática da Evocação Mágica (PEM), também apareceu em 1956, pouco depois do lançamento de seu primeiro livro, Iniciação ao Hermetismo. Embora muitos livros tenham sido escritos sobre a evocação mágica, nenhum deles se compara a PEM. Livros como As Chaves Maiores e Menores de Salomão, Abramelin, o Mago e The Ars Notoria, para citar alguns, provêm apenas um pequeno número de detalhes, bem como as ferramentas requeridas, as orações rituais e os espíritos a serem evocados, mas não dizem nada da teoria, da preparação e os detalhes necessários para o sucesso genuíno nessa interessante arte.

PEM não é um trabalho em separado – é projetado como uma extensão do trabalho começado em IAH. Na introdução de PEM e em vários lugares do livro, Bardon avisa que o estudante só poderia entrar no trabalho de evocação depois de ter progredido até o Grau VIII de IAH (ou uma iniciação equivalente). Frequentemente os estudantes têm sido seduzidos pelo glamour e o romance da evocação, trabalhando-a antes de estarem propriamente preparados, e isso, como Bardon repetidamente avisa, resulta apenas em experiências duvidosas e possivelmente prejudiciais.

Sem o treinamento necessário é virtualmente impossível compreender o significado mais profundo da evocação. Geralmente, o estudante despreparado pensará que a evocação é muito fantástica ou estritamente simbólica. Alguns acreditam que a antiga arte da evocação é meramente uma forma primitiva de psicoterapia, e para o novato não-iniciado que vai à prática despreparado, é isso mesmo que ela será. A razão para isso é que, sem o treinamento pré-requisitado, o praticante evocará nada mais do que as imagens de sua própria psique, ao invés de entidades que têm existência verdadeira, independente da psique humana.

Uma chave para a prática genuína da evocação mágica é a habilidade aprendida no Grau VIII de IAH conhecido como Viagem Mental. O primeiro passo em qualquer evocação é o magista estabelecer um contato mental com a entidade a ser evocada através de viagem mental até a sua esfera respectiva. Outra chave para a evocação genuína é a habilidade mágica de trabalhar conscientemente no interior de todos os três reinos (mental, astral e físico) simultaneamente. Isso transforma a mera oratória e movimentos teatrais em atos mágicos genuínos.

A motivação primária da tarefa da evocação é a exploração do universo e a expansão da consciência do mago. Não é feita para se ganhar poderes extraordinários sobre outras pessoas e eventos.

Através da evocação, o estudante pode explorar os outros reinos ou esferas de existência (isso é frequentemente chamado de “ascender através dos planos”) e é capaz de aprender muitas coisas diretamente dos seres que habitam esses reinos. Além do mais, algumas dessas entidades podem ser convencidas a executar a vontade do mago e realizar tarefas que, do contrário, precisariam de uma maior atenção do mago para ser realizadas.

Bardon divide PEM em três seções: Magia (teoria e prática), Hierarquia (uma exposição sobre a hieraquia de planos) e Ilustrações (um grimório de sigilos para os vários seres Elementais e planetários).

Na primeira seção, Bardon explica a teoria por trás da evocação e explora o raciocínio oculto, além da construção de cada uma das ferramentas rituais clássicas.

Essas instruções ultrapassam na qualidade qualquer outra dada previamente por outros autores. Bardon ensina cada aspecto ritualístico que deve ser personalizado e fortalecido de acordo com o próprio entendimento e necessidades do mago. Por exemplo, nas instruções de Bardon sobre o círculo mágico, ele instrui o estudante a criar um círculo que claramente representa o próprio entendimento do estudante sobre o universo.

Outro exemplo da abordagem única de Bardon é quando ele explica que a atmosfera dentro do triângulo mágico deve se igualar à atmosfera familiar da entidade que é evocada – um fato nunca revelado antes.

Na seção da hierarquia dos planos, Bardon lidera o estudante através de cada um dos planos em sequência e introduz muitas das entidades que os habitam. Aqui você não encontrará nada da linguagem dos trabalhos prévios sobre evocação. Nos livros de magia solomônica, as entidades descritas são de uma natureza baixa e demoníaca, mas os de PEM não são. Os seres listados em PEM são aqueles contatados pelo próprio Bardon e a maioria deseja ensinar o estudante e auxiliar em seu desenvolvimento. Para proteger o amador não-iniciado, Bardon não fornece uma lista detalhada dos seres das esferas de Marte ou de Saturno.

PME termina com um grimório de sigilos para cada uma das entidades listadas na seção de Hierarquia. Embora essa parte de PEM seja frequentemente a mais interessante para o leitor passivo, é, em verdade, a de menor importância ao praticante. O estudante que já alcançou pelo menos o Grau VIII será capaz de descobrir essas coisas sozinho, como Bardon menciona nas seções de teoria e de prática.

É interessante notar que a atitude do praticante de PEM deve invocar um tipo diferente de relacionamento com as entidades evocadas, ao contrário do que pensam outros livros sobre o assunto. Nessas outras tradições, o mago é ensinado a ser rigoroso demais e até rude num esforço para alcançar e manter controle sobre a entidade evocada. Isso é conseguido através de todos os tipos de ameaças e incitações sobre como o mago está, supostamente, trabalhando sob a proteção da divindade. Essencialmente isso é enraizado no medo do mago de não poder controlar nada.

Em PEM, porém, o treinamento pré-requisitado garante que o mago seja verdadeiramente capaz de manter controle sobre a evocação inteira. Para tal mago, não há necessidade de ter medo. Além disso, o mago é ensinado a sempre ser respeitoso, severo quando necessário, mas nunca rude. Como qualquer interação com outro ser, o evocador receberá um “reflexo” do que ele evoca. Portanto é prudente, para aqueles que aspiram dominar a arte da evocação, que sejam sempre gentis, respeitosos e honestos, e que nunca tentem forçar algum ser contra a sua vontade. É assim que amigos são feitos e isso fará com que você obtenha a simpatia do universo inteiro.

Há muitas, muitas mais entidades habitando os vários planos do que as que são mencionadas por Bardon. Nenhum grimório pode listar completamente todas as entidades que o mago possa encontrar. Quem sabe quem você pode conhecer quando é deixado sob o guia da Divina Providência?

Ainda assim, a habilidade de sair e fazer contato com entidades desconhecidas a você (isto é, aquelas não listadas em nenhum grimório) é uma faculdade mais avançada e pode ser necessário você conhecer um ou dois seres familiares antes disso se tornar possível.

O estudante sério não irá, depois da preparação devida, encontrar guia melhor para essa antiga arte do que o provido por Bardon. E para o leitor passivo, desejando chegar a um conhecimento mais completo da prática misteriosa da evocação mágica, esse livro valerá mais do que a leitura de cem outros.

O Livro de Ouro da Sabedoria (The Golden Book of Wisdom) de Franz Bardon


Traduzido por Frater A.A.
frateraa@gmail.com

Conteúdos d’O Livro de Ouro da Sabedoria

I. A Visão Hermética da Religião
II. Magia e Misticismo
III. Mistérios da Anatomia Hermética
IV. Concentração
V. Meditação
VI. Faculdades Mágicas e Místicas
VII. Os Perigos do Desenvolvimento Desequilibrado
VIII. O Caminho Hermético
IX. Leis Universais – a Harmonia
X. A Chave para a Mais Alta Sabedoria

Introdução

A quarta página do Livro da Sabedoria é a quarta carta de Tarô, que retrata um homem sábio ou, às vezes, um imperador. A descrição da quarta carta de Tarô é de grande ajuda a magos, magos esféricos e Cabalistas, porque ela os permite penetrar mais profundamente nos segredos da sabedoria e, assim sendo, os capacita a resolver os maiores problemas.

Isso é verdadeiro não apenas do ponto de vista do conhecimento mas, mais importante, do ponto de vista da experiência, e portanto do ponto de vista da sabedoria.

Um iniciado deve ser capaz de responder qualquer pergunta a qual ele seja perguntado. Se ele tiver seguido seu caminho corretamente, ele deve estar capacitado a, imediatamente, resolver qualquer problema que aparecer com relação às leis universais. O teórico também se aproveitará muito desse livro, a fim de enriquecer seu conhecimento teórico, porque estará habilitado a responder por si mesmo muitas questões que dizem respeito a essas leis universais.

Logicamente, é impossível reunir e explicar a sabedoria em sua inteireza num único livro. Uma parte da sabedoria universal, porém, está contida neste livro. Acima de tudo, os conteúdos de meus três livros anteriores (Iniciação ao Hermetismo, A Prática da Evocação Mágica e A Chave para a Verdadeira Cabala[1]) serão iluminados de muitos aspectos. Este livro ajudará a todos que estiverem seriamente estudando e praticando seus conteúdos para se tornarem mais familiares com as leis universais e com seus efeitos, e através disso, expandirão suas consciências e aumentarão seu conhecimento. Quanto mais o indivíduo se identifica com o assunto do problema, mais ele ficará fascinado pela grandeza e poder dessas leis; e será enchido de enorme veneração, e olhará para a Providência Divina com humildade.

Nas escolas secretas de profetas e sacerdotes de todas as eras, a quarta carta de Tarô, o Livro da Sabedoria, servia como fundamental assunto que preparava os iniciados para seus altos cargos como instrutores, iniciadores e professores (gurus). Esse livro, portanto, foi um trabalho de iniciação, revelando os mais profundos mistérios. Os neófitos consideravam o Livro de Ouro da Sabedoria como um teste em seus caminhos espirituais. Então, esse quarto trabalho científico pode, com boa razão, ser considerado como a fundação do Hermetismo esotérico.

Até agora, os altos mistérios simbolizados pela quarta carta de Tarô foram transmitidos apenas na linguagem dos símbolos, e consequentemente se tornaram obscuras para o intelectual. O leitor, sem dúvida, apreciará o fato de que, com a permissão da Providência Divina, eu me esforcei para traduzir o quarto livro na linguagem do intelecto, para torná-lo inteligível não apenas para o iniciado mas também para o não-iniciado, i.e., o filósofo e o teórico também.

Aquele que completamente domina o Livro da Sabedoria terá um completo conhecimento das fundações da filosofia hermética, e poderá ser considerado um filósofo hermetista da perspectiva das leis universais. É por isso que as irmandades herméticas e ordens que ensinam o verdadeiro conhecimento hermético ensinam uma pessoa através de um profissional filosófico.

Se esse quarto trabalho for aceito com o mesmo entusiasmo que meus três livros anteriores receberam, então a descrição da quarta carta de Tarô, que simbolicamente representa o Livro da Sabedoria, terá cumprido seu objetivo. Portanto, que este livro possa ser uma fonte inesgotável de conhecimento e sabedoria para o leitor interessado. Possa a bênção da Divina Providência acompanhá-los, a um alto nível, no seu caminho para a perfeição.
O Autor


Capítulo I
A Visão Hermética da Religião

Há duas filosofias básicas de religião: a primeira é a relativa e a segunda é a absoluta ou universal. Desde o início da humanidade até os dias de hoje, todas as religiões que pertencem à filosofia relativa de religião tiveram seus estágios iniciais, alcançaram seu ápice e, durante o curso das eras, encontraram seu fim. Cada religião relativa tem seu próprio fundador.

Eu evito citar todos os sistemas de religião relativa; qualquer pessoa que tenha estudado filosofia religiosa já será familiar com um grande número de sistemas religiosos do tipo relativo. Esses sistemas são todos sujeitados à mesma lei de transitoriedade, não importando se duraram ou durarão por centenas ou milhares de anos. A duração de tempo de uma religião depende de suas fundações e conhecimentos. Quanto mais leis universais uma religião contém, quanto mais verdade universal ela apresenta e prega, mais ela dura. Sua existência será mais curta quanto mais unilaterais, fanáticas, ditatoriais e autoritárias suas doutrinas são. Porém, cada sistema religioso sempre teve até agora seus bons propósitos e sua missão especial. Cada uma sempre conteve certos aspectos parciais, embora escondidos, de uma porção das verdades universais e da legalidade, simbolicamente ou como uma ideia abstrata.

Um verdadeiro adepto verá em cada religião relativa, não importando o momento histórico no qual existiu, fragmentos de algumas ideias básicas que tiveram sua origem na religião universal, que apontam para a lei universal. Portanto, o adepto aprecia cada religião igualmente, sem prestar atenção se é uma religião do passado ou se ainda existe hoje ou se existirá no futuro, porque ele está atento ao fato de que cada sistema religioso tem seguidores cuja maturidade serve àquela religião.

Do ponto hermético de vista, até o materialismo é um tipo de sistema religioso, no qual os seus representantes podem acreditar em Deus mas não em nada sobrenatural, e que aderem apenas às coisas das quais eles se podem convencer – em outras palavras, para eles é a matéria que prevalece. Sendo o iniciado conhecedor da matéria e de sua representação simbólica da aparência divina refletida nas leis da natureza, ele não julgará ninguém que acredita meramente na matéria. Quanto mais maduro um homem se torna durante seu curso de encarnações e evolução, mais próximo ele se tornará perto das leis universais, e mais profundamente será capaz de penetrar nelas, até que conceito nenhum de religião relativa o satisfará. Uma pessoa como essa se tornou madura para a religião universal e é capaz de alcançar as leis universais no microcosmo e no macrocosmo. Isso significa que cada religião que não representa as leis universais completamente é relativa e transitória. As leis universais têm sido imutáveis desde o começo do mundo e continuarão até seu fim. O hermetista maduro pode oficialmente pertencer a qualquer religião, dependendo do que ele quer fazer e o que ele considera preferível ao lidar com as pessoas – talvez para evitar a atenção de pessoas imaturas para si. Porém, no íntimo de seu espírito e de seu inteiro ser ele professará a religião universal, pela qual a legalidade universal é entendida. Um iniciado não acredita em nada até que ele possa se convencer de sua validade; nem acredita em qualquer divindade personificada ou qualquer tipo de ídolo. Ao contrário, ele venera a lei universal e a harmonia em todas as formas de existência.

Essas poucas palavras devem bastar para demonstrar a diferença entre as filosofias religiosas relativas e absolutas.

Capítulo II
Magia e Misticismo

Com o passar dos tempos, a magia e o misticismo foram ensinados simultaneamente e com ênfase igual nas escolas secretas dos sacerdotes, porque essas duas perspectivas filosóficas foram sempre extremamente importantes na ciência hermética e continuarão a sê-lo no futuro. A magia foi, uma vez, uma parte integral de todas as ciências que se desenvolveram no curso do tempo no plano material e de tudo que tinha a ver com este plano. Por isso todo conhecimento técnico, não importando de qual campo científico, foi transmitido de mestre a discípulo na discrição da casta eclesiástica. Todas as ciências, entre elas a matemática, a química, a física e a astronomia, eram incluídas no campo da magia.

Por outro lado, tudo não substancial, como a religião, a filosofia, a compreensão de Deus, moralidade, virtudes, habilidades e qualidades de qualquer tipo caíram sob a área do misticismo, porque onde não há uma base material substancial legal, não pode haver quaisquer habilidades ou virtudes ou visões morais. Com o tempo e o desenvolvimento da humanidade, as ciências materiais se isolaram em seu próprio progresso. Por necessidade elas se tornaram independentes, porque as mais altas leis de energia inerentes, a matéria e a substância – que não podiam mais serem percebidas com os vulgares sensos físicos e para os quais uma certa maturidade era necessária para sua compreensão – se isolaram. Consequentemente, dois campos de conhecimento se desenvolveram. Primeiro, o conhecimento físico que se pode adquirir por treino intelectual; e segundo, o conhecimento metafísico que lida com poderes e substâncias mais sutis, mas que não podia ser compreendido pelo mero intelecto. Essa foi a razão pela qual o conhecimento metafísico foi deixado no fundo e finalmente se tornou propriedade de verdadeiros adeptos. Porém, um hermetista que é capaz de penetrar nas leis metafísicas deve, de acordo com essas mesmas leis, compreender a conexão lógica entre todos os ramos de conhecimento. Para evitar qualquer confusão, eu não utilizarei o termo “metafísica” em minhas próximas explanações, mas ao invés disso ficarei com o termo “magia”, como os hermetistas faziam nos dias antigos. Do ponto hermético de vista, a magia não é nada além de uma metafísica mais alta que lida com os poderes, matérias e substâncias de uma natureza mais sutil, mas que tem uma associação análoga com as ciências gerais de hoje, não importa de que ramo de conhecimento essas podem pertencer. Por causa disso, toda vez que um iniciado fala de magia, ele está se referindo aos poderes, matéria sutil e substâncias, suas leis, seus efeitos funcionais no microcosmo e no macrocosmo – o que significa em qualquer ser humano, na natureza e no universo inteiro, e nos três estágios de agregação dos corpos físico, astral e mental. A verdadeira magia é, então, o alto conhecimento de poderes mais sutis que não foram ainda reconhecidos pela ciência de hoje, porque os métodos científicos de inspeção não bastam para compreender e utilizar essas poderes, embora as leis da magia sejam análogas a todas as ciências oficiais de nosso mundo.

As reflexões lógicas e conclusões sobre a ciência da magia e sua efetividade não apenas fazem o verdadeiro hermetista reconhecer os sutis poderes materiais; eles também o põem na posição de trazer as leis desses poderes em harmonia com todas as ciências oficiais de nosso planeta. Com a ajuda de várias chaves, o cientista espiritual é até capaz de trazer seu conhecimento para ajudar em todos os ramos de conhecimentos e até fazê-los se estenderem e crescerem. O conhecimento da verdadeira magia oferece à mente criativa muito numerosas possibilidades para o desenvolvimento técnico e material. É claro, a maturidade de um ser humano é de grande importância nesse caso na medida em que ele possa transferir as leis universais dos poderes do mundo material.

Nas páginas seguintes deste livro, eu lido com diferentes analogias e efeitos dos sutis poderes materiais que se afirmam através das manifestações nos três reinos diferentes. Em outras palavras, eu descreverei a aplicação prática das leis universais e fica a critério do leitor usar esse conhecimento e sabedoria para seus próprios propósitos.

Isso claramente mostra que magia é uma pura metafísica que pode ser analisada do mesmo modo que qualquer campo de ciência material, e que pode ser trazida em harmonia com a ciência natural. Isso significa que a metafísica é uma extensão do conhecimento físico normal das ciências naturais.

Não existe magia sem misticismo, isto é, nenhuma substância sem influências, efeitos e manifestações, porque esses dois conceitos básicos e fundamentais são dependentes mutuamente. A magia não pode ser separada do misticismo, e ambos têm de ser considerados ao mesmo tempo e numa maneira parecida. Em seus estudos, o hermetista deve sempre proceder em uma maneira mística e mágica; isso é, ele deve sempre produzir na mente ambos qualidade e quantidade, e deve ser capaz de diferenciar distintamente quantidade (por exemplo, poder na matéria e substâncias) de qualidade (por exemplo, atributos, efeitos, influências e afins). Ele nunca deve confundir os dois conceitos se ele não quiser criar o caos.

Lembre-se! A magia é quantidade e o misticismo é qualidade! Quando, nos capítulos que se seguem, eu falo de quantidades, eu sempre queria dizer “magia”. Ao falar de influências, atributos, habilidades, virtudes e por aí vai, estarei me referindo ao misticismo. Isso sempre foi uma lei universal desde o início do mundo e se tornará uma lei universal até seu fim!

Capítulo III
Mistérios da Anatomia Hermética

Neste capítulo eu direcionarei a atenção do leitor do desafio geral de magia e misticismo para a anatomia oculta do homem, e eu o levarei à reflexão sobre o assunto exaustivamente do ponto de vista mágico-místico, que, no que se relaciona à iniciação de alguém, é o mais importante ponto de vista. Uma pessoa poderia escrever muitos volumes abrangentes sobre magia e misticismo em relação à natureza nos reinos mineral, vegetal e animal.

A quarta carta de tarô simboliza a sabedoria do homem, e portanto é importante que se aprenda a saber profundamente, do ponto de vista mágico-místico, a natureza do homem, a sua própria natureza, tudo que ele faz e todas as funções de suas atividades. “Conhece a ti mesmo!” é um importante axioma hermético que nos estimula a penetrar mágica e misticamente nos mais profundos aspectos da humanidade. Cada detalhe do caráter de alguém se revelará a partir do conhecimento das funções e os princípios que eu descreverei agora.

O Corpo Mental ou Espiritual

No meu primeiro livro, eu poderia dar apenas uma concepção comum do corpo mental, porque a primeira carta de Tarô não permitiria mais do que isso.

Neste livro eu pretendo expandir o conhecimento do estudante, das perspectivas mágicas e místicas, até que as funções do corpo mental ou espiritual sejam tratadas.

O corpo mental consiste da mais sutil substância, também chamada de “matéria mental”. A matéria mental é conectada ao elemento terra, ao corpo material base, devido à força coesiva desse elemento. O corpo mental é imortal e não sujeito ao tempo ou ao espaço. Suas características básicas o permitem a adequar-se a qualquer forma, a adotar qualquer forma. A matéria mental, algumas vezes também chamada matéria original ou primeva, consiste de duas forças básicas, os fluidos elétrico e magnético, ambos adaptados ao grau de densidade do corpo mental. A atividade recíproca dos fluidos elétrico e magnético no corpo mental é a denominada “vida imortal”.

No corpo mental se encontra a conhecida consciência do “Eu”, aquela consciência de si que é uma união de:
 Força de vontade
 Intelecto (inteligência) e
 Sentimento (percepção)

Se qualquer um desses princípios básicos falta, não haveria a consciência do “Eu”, porque é essa trindade no corpo mental que constitui a consciência do “Eu” do espírito humano. Se um ou outro desses três princípios está desconectado, a consciência humana não pode funcionar. O desenvolvimento desses três princípios básicos depende no desenvolvimento geral e maturidade do indivíduo.

Do ponto hermético de vista, a quantidade e a qualidade devem também ser consideradas nesse caso:
 A quantidade da vontade é baseada em seu poder, e sua qualidade em seu conteúdo.
 A mesma regra se aplica ao intelecto, que também tem seu poder quantitativo e sua forma qualitativa; a forma quantitativa do intelecto depende da perseverança com a qual todas as habilidades intelectuais são usadas, enquanto a forma qualitativa determina o desenvolvimento do espírito e o grau de maturidade através do conteúdo dos pensamentos.
 O terceiro princípio é a vida emocional, e está sujeita às mesmas leis; por exemplo, o lado quantitativo é expressado pela profundidade e intensidade da sensitividade e o lado qualitativo pelo conteúdo dos sentimentos. O poder de sentir (ou perceber) depende do nível de desenvolvimento do ser humano e é de importância decisiva.

Os Fluidos Magnético e Elétrico no Corpo Mental

Tem-se de executar outras funções além dessas mencionadas acima. E justamente como tudo que é vivo pode ser apenas mantido ao se tomar o alimento apropriado, as necessidades do corpo mental devem também ser conhecidas. O hermetista pode fazer a seguinte pergunta: Como o quê ou de que maneira o corpo mental é alimentado?

Como eu disse, os fluidos eletromagnéticos no corpo mental estão constantemente em movimento por causa da reciprocidade. Essa condição leva a um certo consumo de ambos os fluidos. Esse consumo é compensado através da impressão dos sentidos dos planos mental, astral ou material. Porém, se os sentidos são exercitados demais, resultará uma diminuição do poder mental, não importa qual parte do corpo possa ser afetada.

Deveria se lembrar que, no uso normal dos sentidos, a consequência terá uma certa perda dos fluidos elétrico e magnético, mas isso é balanceado pela sua forma indutiva; em outras palavras, o corpo mental recebe novas substâncias espirituais através dos sentidos, das quais recebe seu alimento. É claro, isso não é o alimento material; ao contrário, os fluidos elétrico e magnético do corpo mental são constantemente recarregados pelos cinco sentidos. Também aqui os aspectos qualitativos e quantitativos são de grande importância no processo, porque o corpo mental consegue sua carga quantitativa através da impressão dos sentidos – isso é, ele recebe seu combustível, como qual novamente pode tomar certas formas qualitativas. As qualidades que o corpo mental recebe através da impressão dos sentidos dependem, em princípio, do fluxo de pensamentos do indivíduo e, afora isso, da situação particular que o corpo mental deve tolerar.

É recomendado que o indivíduo enriqueça seu conhecimento neste assunto pela meditação profunda, porque ao fazê-lo o hermetista descobrirá muitos mistérios do espírito que eu não posso revelar aqui.

O hermetista deve ter um conhecimento profundo da constituição do corpo mental e de todas as suas funções para se tornar capaz de analisá-lo usando a psicoanálise. Seu conhecimento profundo do corpo mental irá capacitá-lo a utilizar uma ou outra de suas funções e restaurar seu equilíbrio em qualquer hora pelo treinamento apropriado.

Ainda falando dos fluidos elétrico e magnético, eu deveria agora revelar mais fatos ao hermetista. A física tornou conhecido que, não apenas são a eletricidade e o magnetismo bipolares, mas eles podem ser usados ou construtivamente ou destrutivamente. O mesmo acontece com os fluidos elétrico e magnético. Essa bipolaridade não apenas ocorre na natureza, mas, sujeita às mesmas leis, nos corpos mental e astral também. Em suas atividades construtivas ambos os fluidos são os princípios fortificantes do espírito, o que significa que eles representam tudo bom e nobre. As atividades destrutivas desses fluidos trazem as qualidades contrárias. Ambas qualidades devem ser completamente compreendidas pelo hermetista, e ele deve trabalhar sobre ambos os princípios, o construtivo e o destrutivo, através da meditação, porque eles representam o que todos os sistemas religiosos, bem como os místicos, chamam de bem e mal no homem.

As atividades construtivas e destrutivas no corpo mental têm esferas mais extensas de atividades das quais eu falarei depois. O hermetista deveria agora devotar sua atenção para o espírito, a consciência do “Eu” que é a personalidade. Eu apontei repetidamente que não há característica. O hermetista já sabe que a vontade, o intelecto e o sentimento constituem a consciência do homem se eles trabalharem juntos. Se ele faz uma reflexão sobre a consciência, o hermetista descobrirá que o que é geralmente chamado de consciência é na verdade a personalidade do homem no mais verdadeiro senso da palavra.

* * *


Este é o fim do fragmento. As fitas gravadas foram requisitadas quando Franz Bardon foi preso em 1958; supõe-se que foram destruídas pela polícia.

A destruição das fitas foi confirmada alguns anos atrás pelo Dr. Lumir Bardon, filho de Franz Bardon, em seu inquérito.

Dieter Rüggeberg
Wuppertal, Dezembro de 1994


[1] N.T.: Apenas o primeiro publicado no Brasil pela Editora Ground.

ENTREVISTA COM PROPHECY & VEOS

1. Por favor, apresentem-se dizendo quando e onde nasceram, seus nomes verdadeiros e sobre o seu trabalho com o Veritas e o seu próprio ashram na Flórida.
Nossos nomes são Christopher e Daniel Murphy. Nós nascemos gêmeos idênticos em abril de 1988, e vivemos uma vida até mesmo na infância que era dirigida para a espiritualidade. Mais ou menos em torno dos doze anos, Daniel começou a dar aulas online sob o nome de “Prophecy” para vários grupos teológicos, filosóficos e ocultistas. Ele tornou “Prophecy” um personagem ficcional que ele usava para esconder sua idade, sabendo que as pessoas não ouviriam o que ele tinha a dizer se elas soubessem o quão jovem ele era.

Mais ou menos aos 14 anos de idade, Daniel
conheceu dois outros buscadores da verdade que estavam tentando iniciar um lugar de encontro e de informações para a espiritualidade chamado “Veritas”, e ele concordou ser um professor lá e escrever artigos. Usando aquele site como base, ele escreveu trinta e um artigos sobre magia.

Na época em que completamos dezoito anos, tínhamos começado a compreender o estado lastimável em que a magia moderna estava. Havia tão poucos adeptos, e tantas fraudes e impostores, que percebemos que não era por acaso que muitas pessoas pensavam tão baixo sobre a magia. Ela estava sendo exterminada por vários grupos “modernos” de magia sob o falso título de “progresso”, e até as Ordens mágicas que foram uma vez sábias e poderosas tinham se despedaçado e não mais ensinavam as verdadeiras jóias das ciências mágicas. Percebendo isso, decidimos devotar nossos esforços e nossos escritos ao melhoramento da reputação da magia como uma ciência divina, uma ciência feita para revelar a sua divindade interna. Começamos essa iniciativa, pela primeira vez, ao aceitar estudantes em pessoa. Desses estudantes, começamos a permitir que alguns deles viessem e vivessem conosco, e estudassem magia sob a nossa presença física direta. Como o número de pessoas que queria visitar e aprender de nós cresceu, tornou-se necessário abrir um tipo de “ashram” aqui na Flórida.

Encontramos uma boa casa vazia em cinco acres de uma propriedade bastante isolada, e começamos a ensinar magia aqui.

Neste momento, entramos numa fase temporária de isolamento para aperfeiçoar mais as nossas práticas, e nos tornarmos veículos mais adequados para alcançarmos a meta que colocamos à nossa frente.

Nossos estudantes agora vêm e nos visitam, mas não viveremos com estudantes novamente por dois ou três anos enquanto preparamos nossos escritos futuros, escrevemos os livros que queremos publicar, e aperfeiçoamos nossas próprias práticas.

2. Em sua opinião, quais são os maiores obstáculos que os estudantes encontram no início de sua jornada na magia e na yoga, e qual poderia ser um modo para ultrapassá-los?
O maior obstáculo, sem dúvida, é a falta de consistência. O estudante iniciante da magia tem dificuldade de se ver como um mago aspirante, e em vez disso se vê como uma pessoa normal que só está estudando um pouco de magia. Com esse ponto de vista, o estudante nunca será capaz de fazer a magia parecer importante o suficiente para ele. Se a magia não é a parte mais importante do seu dia, todos os dias, então você não será capaz de manter práticas regulares. Se você não consegue manter práticas regulares, então você nunca será capaz de ter sucesso nessa ciência. Portanto, a falta de prática consistente e diária é o escorpião que interrompe o progresso da maioria dos magos em potencial.

O modo mais simples de consertar isso é estabelecer hábitos. Como Franz Bardon diz, “O homem é uma criatura de hábito”. Se você dizer a si mesmo
que vai praticar todo dia, e então cada dia você se força a sentar e praticar pelo menos um pouco, você descobrirá gradualmente que se torna mais fácil praticar todos os dias. Com o tempo, por você estar fazendo progresso e tendo experiências espirituais, você ficará ansioso para fazer suas práticas diárias. Quando isso acontece, você está realmente fazendo progresso.

3. Os seus pontos de vista diferem grandemente de Bardon: sobre celibato, vegetarianismo e sobre os tempos mínimos que Bardon dá para o domínio de seus exercícios. Como vocês podem explicar isso?
Do contrário, não acreditamos que nossas visões diferem das de Bardon, nem um pouco. Franz Bardon é relembrado como tendo uma dieta bastante estrita, e como tendo imposto tais recomendações para seus estudantes. No que diz respeito ao celibato, Bardon nem morava com sua esposa, mas a visitava uma vez por semana (às vezes duas vezes por semana) de modo que ele poderia ficar concentrado em sua missão naquela encarnação. A não ser que tenhamos de acreditar que Bardon masturbava ou traía sua esposa, somos forçados a supor que ele tinha muito pouca atividade sexual.

A coisa citada mais frequentemente em nossos escritos sobre os exercícios de Bardon são as diferenças nos tempos mínimos. Acreditamos que, fundamentalmente, só recebemos essas reclamações de pessoas que não estão realmente interessadas em serem magos, e não querem praticar magia se ela interferir de algum modo com as preocupações “muito mais importantes” da vida diária. Da mesma maneira, não acreditamos que nossos tempos mínimos diferem do que Bardon exigia de seus estudantes, os
estudantes com os quais ele realmente se importava. Dr. M. K., por exemplo, lembra que o primeiro exercício que ele recebeu de Franz Bardon envolvia a meditação nas quatro cores dos elementos por 10 minutos cada, imediatamente seguida por 30 minutos de controle do pensamento. Comparado a isso, o que recomendamos é bastante fácil.

Nós colocamos nossos estudantes em padrões mais elevados do que a maioria dos “estudantes de magia” são acostumados a serem colocados. Queremos criar magos, não amadores, ou pessoas com interesse no oculto. Nós não queremos ter nenhuma ligação com filósofos, românticos, ou amadores. Existem muitos outros escritores e muitos outros professores que são mais adequados a essas pessoas. Estamos interessados apenas naqueles estudantes que estão querendo arregaçar suas mangas, encarar o assunto de forma séria e tornar-se magos.

Tendo dito isso, não estamos aqui simplesmente para repetir o que Franz Bardon disse. O sistema que ensinamos aos nossos estudantes pessoais difere do sistema de magia apresentado em O Caminho do Verdadeiro Adepto, porque mais coisas podem ser contadas de uma maneira individual. O que Bardon deu foi uma quantidade muito pequena de informação a uma audiência que realmente não sabia o que magia era até que leram os livros dele. Do mesmo modo que Franz Bardon ensinava coisas a seus estudantes que não estavam em seus livros, fazemos o mesmo.

4. A Yoga e práticas orientais têm algum efeito no treinamento mágico? Quais diferentes caminhos e tipos de Yoga você recomenda a novos estudantes, e quais caminhos eles deveriam evitar?
O Caminho do Verdadeiro Adepto, de Franz Bardon, é em sua maioria Yoga. O primeiríssimo Grau é totalmente constituído de Yoga, utilizando dois exercícios fundamentais chamados Vritti Nirodha (controle do pensamento) e Swadhya (estudo introspectivo de si). Bardon usava consistentemente terminologia da Yoga, como nos nomes para os elementos, e mostra uma profunda compreensão dos estados de Prayahara, Dharan, Dhyana e Samadhi. Dessa maneira, se estamos seguindo o sistema de Bardon, temos de supor que ele acreditava que a Yoga era muito benéfica ao mago.

Existem muitos caminhos da Yoga, e por Yoga, deveria ser compreendido que não estamos nos referindo totalmente às posturas físicas e aos alongamentos. Estamos referindo aqui a técnicas meditativas. Para a prática da magia, o estudante deveria aprender pranayama e técnicas que elevam a Kundalini. A técnica da Kriya Yoga é a nossa favorita para o propósito do controle da mente e da expansão da consciência.

Formas mais devocionais de Yoga, como Bhakti Yoga, deveriam ser evitadas, porque elas podem causar um desenvolvimento unilateral no mago.

5. Quais são os maiores erros que um estudante pode cometer no início de seu treinamento no sistema de Franz Bardon?
Pular Graus, sem dúvida. Se você pula um Grau, ou passa para o próximo cedo demais, você está gritando para o universo inteiro que você não tem desejo algum de se tornar um verdadeiro mago. O próprio universo se voltará contra você, e lhe forçará para fora do caminho.

6. Uma questão frequentemente perguntada deste site é o problema do mestre e discípulo. Os dizeres “Quando o estudante está pronto, o mestre aparece” são verdadeiros, na sua opinião? Qual é a importância de um mestre no caminho da magia e como o estudante pode proceder para conseguir um?
Quando o estudante está pronto, acreditamos honestamente que o professor aparecerá. Isso não significa que o estudante não terá de olhar ao redor para tentar achar seu professor. Trabalho é preciso. Contudo, de um modo ou de outro, a instrução correta aparecerá exatamente do modo que o estudante precisa. Algumas pessoas estão prontas para serem instruídas, mas não está desenvolvidas o suficiente para precisarem um professor direto, portanto elas serão guiadas a certos livros, websites, cursos de estudo etc. Outras têm de aprender a como se comunicarem com seus Eu Superior, e portanto seus professores podem ser seus próprios Anjos Guardiães. Algumas estão prontas para professores diretos, e elas os recebem.

Ter um professor pessoal, especialmente no início, é de grande importância.

Algumas pessoas dizem que o livro O Caminho do Verdadeiro Adepto é o seu professor, mas isso não pode ser o suficiente. Você não pode perguntar uma questão para o livro, não pode sentar para assistir a uma aula que o livro dará, não pode ser xingado pelo livro por ser preguiçoso ou ter feito algo que não deveria, e, acima de tudo, você não se sente responsável por um livro. Você sabe que, se você não praticar aquele dia, o livro não lhe pressionará a fazê-lo, e não lhe fará se sentir mal por não praticar. Quando você tem um professor direto, ele lhe pressionará a ser o melhor. Se ele for um bom professor, ele sabe mais sobre você (devido a suas faculdades mágicas desenvolvidas) que você sabe sobre si mesmo. Ter um professor é a receita mais certa para o sucesso.

7. Estamos celebrando hoje o aniversário de 100 anos de Franz Bardon. O que vocês pensam sobre a vida dele, o seu trabalho e importância hoje, depois de mais de 50 anos de publicação de seu trabalho, O Caminho do Verdadeiro Adepto?
Acreditamos que o reconhecimento de Franz Bardon como um dos maiores adeptos na história memorável só crescerá com o passar do tempo, e mais e mais adeptos serão produzidos pelo sistema de treinamento dele. As pessoas estão tendo experiências, e estão conseguindo resultados. É um trabalho duro, mas o resultado é um tipo muito particular, muito incrível de pessoa: um adepto. Se uma árvore pode ser conhecida por seus frutos, então os frutos do sistema de Franz Bardon já provaram o quão grande mestre que ele foi.

8. Qual é a sua opinião sobre a descoberta de Emil Stejnar sobre os espíritos de Bardon e os erros que podemos encontrar em seu trabalho?
Foi uma “descoberta” apenas a aqueles que não estavam no círculo de Bardon, mas era muito bem conhecido por seus estudantes diretos que ele usou uma cifra para comunicar os nomes dos espíritos aos não-iniciados quando ele estava falando ou dando aulas. Sobre os “erros” nos trabalhos de Bardon, há dois lados nessa história. De um lado, o próprio Franz Bardon nunca
escreveu nenhum de seus livros. Ele dava aulas ou ditava certas coisas, e a Sra. Votavova as unia do melhor modo que podia. Portanto, alguns erros de soletração ou pedaços de informação em lugares errados são, provavelmente, culpa dela. Sobre as outras coisas, precisamos apenas olhar o que sabemos. Sabemos que Franz Bardon era um adepto. Sabemos que aqueles que seguiram seus escritos corretamente também se tornaram iniciados e adeptos. Aí vêm um ponto em que tentar criticar ou achar erros sobre o que Franz Bardon ensinou ou disse é apenas fútil. Claramente, o que ele fez, funcionou. Desse modo, pessoas têm um mau hábito de comparar informação mais nova a informação mais antiga, e acreditam automaticamente que a informação mais antiga é a correta. Portanto, algumas pessoas encontraram similaridades entre certas coisas que Bardon ensinou e certas coisas que podem ser encontradas em velhos livros ou grimórios, e acreditam que se existe um conflito entre os dois, então o livro mais velho deve ser correto. Isso provavelmente não é o caso.

9. A evocação de espíritos sem treinamento adequado, Magia do Caos, Psiônica, Xamanismo e sistemas de magia criados individualmente são tendências novas e populares no campo contemporâneo de estudos mágicos. O que vocês pessoalmente pensam disso?
Nós éramos bastante abertos à ideia de pessoas praticarem esses sistemas quando éramos mais novos. Mas, na medida em que o tempo passava, não fomos capazes de encontrar nenhum adepto produzido por Magia do Caos e Psiônica, e nenhum do Xamanismo new-age. De vez em quando uma pessoa surge com uma habilidade psíquica ou duas, mas isso parece ser tudo. Portanto, se uma árvore deve ser conhecida pelos seus frutos, os frutos produzidos por esses sistemas até agora são muito poucos. Magia é uma ciência. Se você não segue a ciência, não funcionará pra você.

10. Estamos chegando ao fim desta entrevista. Como dois magos avançados, podem dar dicas e conselhos aos praticantes de CVA? Vocês podem dar listas de leituras recomendadas sobre Yoga e Magia?
O melhor conselho que podemos dar é que mantenham-se praticando. Sejam consistentes, e sejam fortes. Magia não é para todas as pessoas. Não é para filhotes, ou gatinhos, ou pandas. É para Leões. Portanto, sejam fortes, sejam corajosos, sejam aventureiros, e, acima de tudo, sejam dedicados. Os resultados virão, e vocês farão progresso.

Sobre livros, é melhor que o mago aspirante no início de sua prática não se carregue com muito estudo ou leituras. Você ainda não está estabelecido o suficiente nas suas próprias experiências para saber o que é verdadeiro ou falso, ou ser capaz de perceber que duas coisas parecem se contradizer, mas na verdade não se contradizem. Você tem o único livro que precisa por agora: O Caminho do Verdadeiro Adepto. Quando você estiver mais avançado, pode começar a se preocupar sobre livros. Nos ashrams e Ordens da tradição, o estudante não era permitido, por três anos, a ler qualquer livro a não ser aquele que o seu professor tinha escrito. Depois de três anos de prática diária, ele era considerado sábio o suficiente para ler livros de outros professores e de outras tradições, e ainda permanecer concentrado em suas próprias práticas e em sua própria tradição.

Portanto, por agora, apenas se devotem a O Caminho do Verdadeiro Adepto e ganhem as suas experiências.