BONITINHA MAS ORDINÁRIA (1981)

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Bonitinha mas Ordinária ou Otto Lara Resende é um filme brasileiro lançado em 26 de janeiro de 1981, baseado na peça homônima de Nelson Rodrigues.

Foi a segunda adaptação para o cinema da obra de Nelson Rodrigues, a primeira foi rodada em 1963 e a terceira foi em 2010.

Sinopse:
Edgard é um rapaz de Minas Gerais de origem bastante humilde, fato esse que o constrange.

Procurado por Peixoto, genro do milionário Werneck, dono da firma onde Edgard é contínuo, ele recebe a proposta de se casar com Maria Cecília, filha de Werneck, de 17 anos que fora currada por cinco negros. Pelo dinheiro, Edgard aceita, mas tem dúvidas por gostar de Ritinha, sua vizinha. Já com o casamento acertado, Edgard e Ritinha vão despedir-se num cemitério, onde ela conta o que faz para conseguir sustentar a mãe louca e as três irmãs. Toda a trama gira em torno das hesitações de Edgard, até sua escolha final.

Uma das frases repetidas pelo personagem interpretado por José Wilker, o mineiro só é solidário no câncer, é de Otto Lara Resende.

De acordo com o site Cineplayers, Edgard repete a frase dezessete vezes, além de outras vezes em que ele a menciona (como a frase do Otto), pois está em um dilema: ou se casa com a filha do patrão, Maria Cecília (Lucélia Santos), estuprada por cinco negros, e recebe um cheque de um alto valor, ou fica com sua namorada, a vizinha Ritinha (Vera Fischer), que, sem que ele soubesse inicialmente, era uma prostituta.

Elenco:
Lucélia Santos.... Maria Cecília
José Wilker.... Edgar
Vera Fischer.... Ritinha
Carlos Kroeber.... Dr. Werneck
Milton Moraes.... Peixoto
Monah Delacy... Mãe de Edgar
Miriam Pires.... Dona Rita
Sônia Oiticica.... Dona Lígia
Xuxa Lopes
Eduardo Nogueira
Sávio Rolim
Jotta Barroso
Wilson Grey
Adalberto Silva
Procópio Mariano
Newton Couto
Lucy Meirelles
Cláudia Ohana.... Irmã de Ritinha
Miriam Ficher.... Irmã de Ritinha (creditada como Miriam Fisher)
Catalina Bonaki
Petty Pesce
Nelson Moura
Banzo Africano.... Banzo
Zaquim Bento
Edson Ventura
Gilson Siqueira
Walmir Gonçalves
José Paulo
Cristina Kler
Cid Coutinho
Jefferson Coura
Carlos Santamaria
Henriette Morineau
Rubens Correa

Uma pessoa com pouco conhecimento da obra de Nelson Rodrigues pode achar que este filme é decadente ou um lixo. Entretanto, em 1981 vivíamos em uma ditadura militar e uma das válvulas de alívio do regime no cinema nacional era o cinema erótico.

Sendo um país católico, uma prática era da mulher se casar virgem, e há várias referências a este procedimento no filme. Mais ainda, era prática hipócrita comum casar a filha rapidamente após a perda da virgindade ou em casos de gravidez.

Portanto, a situação da família de Werneck tentando casar Maria Cecília o mais rápido possível era algo usual.

O escritor Nelson Rodrigues tinha também uma visão amoral da Igreja, da família e da humanidade. Em sua visão, todas as famílias são ou ficam podres; a classe média é decadente e falsa; todas as mulheres são ordinárias e gostam de apanhar; o ser humano e a Igreja são corruptos e hipócritas. Tudo isso é sintetizado na frase “O mineiro só é solidário no câncer”, que significa que o homem não presta e só se solidariza na desgraça.

Portanto, “Bonitinha Mas Ordinária ou Otto Lara Rezende” é uma obra-prima do mundo de Nelson Rodrigues. Este filme fez muito sucesso em 1981, projetando o nome da iniciante Lucélia Santos no cenário nacional com sua impressionante atuação.

Para mim, o rico universo de Nelson Rodrigues é comparável ao ultrajante universo de Pedro Almodóvar ou ao bizarro universo de David Lynch.

Portanto, se o espectador não estiver familiarizado com o universo de Nelson Rodrigues, possivelmente ele não entenderá e apreciará a história.

Fonte: Blog dos Maníacos por Filme


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