Ensaios Goéticos - Summa Goetia Praelusio (POR PHARZHUPH)

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Podemos afirmar sem sombras de dúvidas que a Goetia é uma das práticas sistematizadas mais proeminentes do ocultismo clássico e da magia contemporânea. Rechaçada por muitos e considerada baixa magia por outros, a Goetia que conhecemos hoje deve parte de sua reputação a dois célebres cavalheiros em especial: Samuel Liddel MacGregor Mathers e Aleister Crowley.

Em 1889 Mathers publicou sua tradução do “A Goetia – A Chave Menor do Rei Salomão”, nessa obra está descrita a natureza básica de 72 Espíritos com os quais o Mago pode estabelecer contato para a obtenção de certos “favores”. O livro passou a ser ainda mais conhecido com a edição e a introdução de Aleister Crowley, onde Mestre Therion “esclarece” que “os Espíritos da Goetia são partes do cérebro humano”. Essa introdução foi escrita em 1903 em Boleskyne, uns três ou quatro anos após Crowley ter iniciado suas práticas goéticas, sob o título “A Interpretação Iniciática da Magia Cerimonial”, porém suas conclusões não parariam por ai.

O livro apresenta ainda algumas tabelas de correspondências, os selos mágicos dos Espíritos, as conjurações, os requisitos dos operadores, as técnicas de operação, além das particularidades inerentes à prática Goética.

Um pouco menos conhecido, porém de considerável relevância, foi o trabalho de Guido Wolther (Frater Daniel) nos anos 1970 na Fraternitatis Saturni. Suas anotações pessoais culminaram no “Luciferian Hierarchy” onde Frater Danielis descreve sinais de evocação de Espíritos Goéticos Femininos através de Goetia sexual. Suas ilustrações são simples, porém muito próximas das manifestações desses Espíritos, conforme nos contam relatos de experientes Magos Goéticos brasileiros que trabalharam com essas técnicas.

Em 1992 Lon Milo Duquette e Christopher S. Hyatt publicaram outro petardo Goético, trata-se do “Goetia Ilustrada de Aleister Crowley”, obra ilustrada por David P. Wilson. O livro de Duquette apresenta os mesmos 72 espíritos e rituais complementares num âmbito mais thelêmico. As principais novidades foram os capítulos que tratam da natureza do Mal e de alguns aspectos mágico-sexuais que podem ser utilizados nas evocações. Outro ponto forte no livro são as experiências goéticas pessoais que os autores relatam.

Baseado no trabalho de Crowley e Mathers, Michael W. Ford publicou em 2003 o “Luciferian Goetia”. Conforme as palavras do autor, o livro pretende ser um guia prático do trabalho goético de forma Luciferiana. Além das descrições tradicionais dos 72 Espíritos, Ford traz novos rituais e adaptações de algumas figuras originais, há também capítulos com definições preliminares sobre magia e magia negra, questões sobre o Sagrado Anjo Guardião, elementos do ritual e evocação sexual.

Bem, essa pequena introdução serviu apenas para apresentar o tema, pois nosso escopo daqui por diante será apresentar os Espíritos Goéticos e suas principais particularidades: no primeiro número trazemos um Rei, um Antigo Deus Eclipsado, Um Senhor do Sol, de Fertilidade, de Chuvas e Trovões... Apresentemos Vossa Majestade Bael...

“Hórus é a criança natural de Nuit; Set é a criança das correntes negras lunares, como Caim era a criança de Adão por Lilith e Abel (Baal) por Eva. Há nessa distinção uma doutrina de vital importância para a aplicação mágica da fórmula do Novo Aeon.”

Kenneth Grant, Aleister Crowley and the Hidden God

O primeiro espírito descrito na Clavícula de Salomão é o Rei Bael que governa 66 Legiões de Espíritos Infernais. Bael é um Rei no Leste e pode aparecer como um gato, como um sapo ou como um homem ou todos ao mesmo tempo. Sua voz é rouca e Ele pode tornar o Mago invisível.

Sua origem está nos antigos cultos dos povos semitas há mais de 3400 anos. Seu nome é escrito em hebraico com as letras Lamed + Aleph + Beth e possui valor gemátrico igual a 33. A palavra podia significar Mestre, Senhor e Sol. De certa forma seu culto esteve presente na Síria, na Pérsia e em Canaã, pois Baal era um nome comum para algumas divindades dessas regiões em determinadas épocas.

Sacrifícios humanos e prostituição mágica eram comuns em suas celebrações.

Em Canaã Baal era o filho do Deus supremo EL e anualmente sua morte e ressurreição eram celebradas como parte dos rituais de fertilidade.

Na Síria Baal Hadad era o deus das tempestades e trovões. Baal Peor era adorado pelos moabitas em duas figuras: uma masculina como Deus Sol e uma Feminina como Deusa Lua. Baal Sapon era o nome do deus dos marinheiros em Canaã.

Conforme a Goetia esse é o selo que deveria ser utilizado na sua evocação:

Correspondências mais comuns:
Bael / Baal
1° decanato de Áries
II de Paus
21-30 Março
Planeta: Sol
Metal: Ouro
Perfume: Pimenta Negra

Para que o leitor possa se familiarizar com o assunto recomendamos o estudo aplicado e a prática persistente, portanto: estudem e pratiquem.

Mais alguns passos e nos encontraremos num Abismo…

Bibliografia de
referência:

- The Goetia The Lesser Key of Solomon the King, de Mathers / Aleister Crowley, Weiser Books;
- Aleister Crowley Illustred Goetia, de Lon Milo DuQuette e Christopher S. Hyatt, PhD, New Falcon;
- The Goetia – The Lesser Key of Solomon the King Luciferian Edition, Michael W. Ford;
- Nightside of Eden, Kenneth Grant, Scoob Books;
- Aleister Crowley and the Hidden God, Kenneth Grant, Scoob Books;
- Luciferian Hierarchy, Guido Wolther (sem informações editoriais);
- A Natureza da Psique, C.G. Jung, Editora Vozes;
- A Psicologia do Inconsciente, C.G. Jung, Editora Vozes;
- Pacts With the Devil, de S. Jason Black / Christopher S. Hyatt, PhD, New Falcon;
- Magick, de Aleister Crowley, Weiser Books;
- The Book of Sacred Magic of Abra-Melin the Mage, de Mathers, Aquarian Press Books.
FONTE: Lucifer Luciferax 1° edição março 2008 e.v.

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