A ORIGEM DA WICCA

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Autor: E.W.Lidell in The Wiccan, 1974
Tradução: Mario Martinez
Diz-se que os líderes hereditários da Arte em East Anglia deliberadamente promoveram um movimento que privou Gardner de seu “background”. Essa conspiração conjunta para apagar a memória de “Old” George Pickingill foi considerada essencial para salvaguardar a reconhecidamente difícil imagem pública da bruxaria. Os praticantes de East Anglia eram supostamente unânimes em que Pickingill e Crowley nunca deveriam ser ligados a Gardner. Eu acho perda de tempo querer demonstrar isso publicamente. A conspiração hereditária não chegou a um acordo. Nem meu clã nem suas associações hereditárias, confirmaram a origem da autoridade de Gardner na Arte.

Diz-se que os líderes hereditários formaram uma frente para impedir qualquer investigação sobre o passado de Gardner na Arte. Eles tomaram precauções no sentido de que qualquer investigação bem sucedida pudesse associar ambos - Pickingill e Crowley com a bruxaria hereditária. Eu não me estenderei sobre Crowley. Esse assumidamente mago 'negro' é certamente visto com beneplácito pelos irmãos e irmãs da Arte. Ele nunca deveria ter sido aceito como um membro. Crowley teve uma reconhecida passagem pela Arte. Ele foi admitido num dos Nove Covens de Pickingill em Norfolk em 1899. Mas não permaneceu muito tempo como membro. Ele fora introduzido por Alan Bennett, seu tutor na Hermética Ordem da Golden Dawn ou GD. Bennett é tido como uma estrela entre os pupilos de Pickingill.

Alguns se lembram das extraordinárias estórias que ainda circulam sobre os poderes sobrenaturais de Bennett e seu bastão destruidor. Bennett não o obteve com sua associação com a GD ou a seção Esotérica da Sociedade Teosófica.

Existe alguma evidência sugerindo que Crowley teve uma breve associação com o ramo hereditário. Meu falecido avô afirmava que estivera presente em três ocasiões quando ambos, Bennett e Crowley solicitaram uma audiência com Pickingill. O falecido Magista do meu coven de origem era categórico, afirmando que Bennett obteve o Terceiro Rito na bruxaria hereditária. Contudo, ele afirmou que Crowley recebera somente o Segundo Rito num dos Nove Covens de Pickingill.

Minha própria “família” ainda guarda uma antiga fotografia de Pickingill e alguns de seus pupilos. Bennett é facilmente reconhecido. O homem jovem ao lado dele é notadamente o jovem Crowley. Talvez a melhor corroboração da associação de Crowley com a Arte é o próprio testemunho de Gardner. Eu cito a página 52 de Bruxaria Hoje. Gardner garante aos seus leitores que o próprio Crowley afirmou que ele havia estado dentro (da Arte) quando era um homem jovem.

Meus irmãos afirmam que Crowley foi expulso de seu Coven. Ele não estava interessado na Arte por si. Ele estava mais preocupado em obter poderes mágicos.

Ele fora supostamente atraído por Pickingill e Bennett - e não pela Arte. Nisso eu posso crer. Cito a página 93 do livro Witchcraft de Eric Maple. Existe uma fotografia de George Pickingill, mas Maple negou em vários parágrafos. Essa negação sumária do mais temido e difamado 'Satanista' da Inglaterra é verdadeiramente extraordinária. É também um excelente testemunho da eficiente supressão dos praticantes de East Anglia do verdadeiro status mágico de Pickingill. Maple contenta-se em contar apenas um dos incríveis feitos de Pickingill numa anedota que ainda circulava entre os camponeses de Essex. Eles diziam que Pickingill podia fazer seus duendes colher um campo em meia hora enquanto ele fumava seu cachimbo. Pode-se imaginar porque Crowley foi atraído até o 'mais famoso bruxo da Inglaterra'.

Crowley foi expulso da Arte porque ele não podia reunir-se regularmente. Eu cito a biografia de John Symond, The Great Beast (1973) para confirmar os problemas sexuais peculiares de Crowley:
“Conforme envelheceu, ele descobriu que qualquer descrição de tortura ou sangue provocava seus sentimentos tremendamente. Ele até gostava de imaginar-se em agonia, e em particular, degradado e sofrendo nas mãos de uma mulher, a quem ele descreveu como 'perversa, independente, corajosa, ambiciosa'. Ele nunca superou essas fantasias de ser ferido, especialmente de ser degradado por uma mulher desse tipo”.
Tudo isso não se adequou à imagem pública de Crowley. Referiu-se a sua afirmação de que ele tinha sido introduzido num Coven de bruxas quando era jovem, mas recusara a juntar-se porque não podia suportar ser mandado por mulheres (King 1977).

Essa afirmação extraordinária foi motivada pela vergonha em ser expulso. Crowley era um pervertido. Ele adorava ser punido pela Alta Sacerdotisa de seu Coven e ela denunciou-o como “uma mente sórdida, inclinada para o mal, um pequeno monstro depravado”. Meus irmãos confirmam que Crowley estava fora da Arte há 40 anos quando foi apresentado a Gardner. Meu próprio clã podia confirmar que Arnold Crowther apresentou os dois. Contudo eu não vejo motivo para duvidar de sua palavra.

Meus irmãos são categóricos em dizer que eles primeiro se conheceram em 1945 ou 1946. Essa informação segura parece comprovar o testemunho de Crowther.

Houve uma associação de curta duração entre Gardner e Crowley, embora nenhum dos dois homens tivesse se encontrado assiduamente com o outro. Ambos eram tecnicamente irmãos do mesmo segmento da Arte. Crowley havia sido admitido em um dos Nove Covens fundados por Pickingill e Old George era um mago hereditário renegado, assim ‘Os Nove’ podiam clamar que sua autoridade na Arte derivava da mesma fé hereditária. Quase 40 anos depois Gardner foi admitido num Coven que ainda pertencia aos Nove. Ele foi posteriormente aceito em outro Coven irmão e podia afirmar ter sido afiliado a dois dos Nove que professavam uma variação da fé hereditária. Certas fontes da Arte têm procurado denegrir Gardner falsamente afirmando que ele só tinha o ‘primeiro grau’ (i.e. só tinha recebido o primeiro grau ou degrau de iniciação na Arte).

O fracasso básico em compreender as correspondências entre os modernos três graus (da Wicca Gardneriana) e os antigos 3 Ritos (ou admissão à Arte hereditária) deve-se a essa absurda afirmação.

Tradicionalistas e a “fé verdadeira” nada sabiam sobre “graus”. Isso é pertinente para refletir porque líderes tradicionais e hereditários decidiram denunciar Gardner e a “heresia” Gardneriana. Líderes druídicos e hereditários sentiram-se afrontados pelos postulados centrais propostos por Gardner.

É axiomático que covens ingleses têm sido sempre dirigidos por homens. De fato o Magister ou Mestre sempre admitiu candidatos de ambos os sexos. Também é verdade que a grande maioria dos covens ingleses sentiram-se traídos. Muitos Tradicionalistas também repudiaram a noção de que qualquer ramo da Arte sempre permitiu uma mulher conduzir os ritos na totalidade. Líderes hereditários em East Anglia são estranhamente silenciosos a respeito dessa cruel disputa. Muitos preferem repetir a acusação infundada de que Gardner não era totalmente iniciado. Esses líderes ignoram que Gardner era afiliado com dois covens irmãos. Os praticantes hereditários que mantém absoluto silêncio reconhecem a base dos rituais adotados pelos Nove. Isso é pertinente para vermos que Pickingill concedeu a ambos sua autoridade na Arte e seus rituais de família para os líderes dos Nove. Esses mesmos líderes, foram pessoalmente iniciados por ele e cada um desses Covens podia desse modo orgulhar-se de uma inquebrantável e contínua tradição de oito séculos.

Os Pickingill de East Anglia originaram-se nos tempos dos Saxões. O primeiro Pickingill documentado historicamente foi Julia, a wicce (bruxa) de Brandon em Suffolk, que foi morta em 1071. Cada geração subsequente dessa extraordinária família serviu como sacerdotes da Antiga Religião e foram renomados por sua dedicação aos Deus de Chifres. Eles perpetuaram muitas práticas da Arte que não se mantiveram em outros locais da Inglaterra. Os ritos adotados nos covens de Pickingill eram uma mistura de práticas da Arte francesa e escandinava. Ainda é lembrado o estabelecimento dos dinamarqueses em East Anglia e a posterior influência de franceses e flamengos, que introduziram elementos da herética fé dos Cátaros e da Antiga religião pagã como praticada na França durante a Idade Média. Pickingill introduziu a clássica marca de pureza de seus covens de família nos rituais revisados que ele compilou para ‘Os Nove Covens’.

Nem ele e nem Gardner inventaram as feições essenciais da Wicca. Eu cito a miniatura francesa reproduzida no livro Witchcraft, de Pannethorne Hughe. Meu próprio povo ainda segue práticas quase idênticas. Meu próprio coven de origem foi fundado pelo avô de George Pickingill na última metade do século XVIII.

Os covens de Pickingill comemoravam os princípios originais da Antiga Religião - todos os seus ritos são conduzidos totalmente por mulheres. Isso é derivado dos modelos escandinavos e franceses. O Deus de Chifres era sempre servido e honrado por mulheres na Escandinávia. A Deusa Mãe podia somente ser servida e honrada por homens. Somente mulheres eram sacrificadas ao Deus na Idade do Ferro, nos festivais de primavera. Somente homens podiam ser sacrificados para propiciar a Deusa. A religião de fertilidade da Escandinávia considerava que a sacerdotisa era a esposa e consorte do Deus. Somente as sacerdotisas aprovadas pelo Deus podiam chamá-lo para descer no corpo de um homem escolhido como seu representante vivo. Somente um sacerdote consagrado à Deusa podia chamá-la para descer no corpo de uma mulher escolhida como sua representante viva. Preciso informar categoricamente, que o sacerdote era considerado o marido e consorte da Deusa.

A Escandinávia influenciou as práticas da Arte de maneira geral. A insistência de que só um homem pode iniciar uma mulher e vice-versa assume um novo significado. A mulher iniciada por um homem reveste-se de um ‘poder máximo’, devido ao seu iniciador masculino ser um representante vivo do Deus - além de marido e de consorte da Deusa. O homem iniciado por uma mulher recebe ‘poder máximo’ devido a sua iniciadora mulher ser uma representante viva da Deusa - além de esposa e consorte do Deus.

Esses antigos e fundamentais princípios da Arte são a verdadeira razão porque todo praticante deve condenar a homossexualidade. Essa perversão é uma transgressão flagrante da lei natural e nega a Força da Vida e o aspecto de fertilidade engendrado pelo Deus e Deusa.

Não admira que nossa prática de Chamar a Lua seja derivada dessas polaridades sexuais. Em muitos covens tradicionais a Senhora chama o sol sobre o mago e ele reciprocamente, chama a lua sobre ela. Eu posso perceber referências não publicadas para comprovar nossa afirmação que Pickingill legou a forma básica dos ritos Gardnerianos. De fato as referências de Maple sobre Old George fazem pouca justiça a ele. Eu não me estenderei sobre a posição dos ‘Sete Covens de Canewdon’, porém examino a afirmação de Maple que George Pickingill (sic) era o líder dos sete bruxos em 1890.

Eu mencionaria um artigo sobre Pickingill publicado na revista chamada Prediction alguns anos atrás. Esse artigo não o liga com a Arte ou o coven de Canewdon, mas ao invés disso examina sua ancestralidade e relata seus incríveis poderes ‘Satânicos’. Praticantes hereditários indiscutivelmente viam esse Mago renegado com horror. Ele foi mais famoso em sua época do que Crowley foi à dele.

“Old” George era conhecido como a maior autoridade mundial viva em bruxaria, satanismo e magia negra.

Ele era consultado por ocultistas de vários matizes e tradições, que vinham de toda a Europa, Inglaterra e até da América.

Pickingill foi hostilizado pela Arte por publicamente clamar pela destruição da religião cristã. Ele foi o mais clamoroso protagonista do Deus de Chifres desde a Idade Média e devotou extensivamente sua longa vida à destruição do cristianismo e à restauração da Antiga Religião. Ele livremente concedia sua experiência mágica a bruxos, satanistas, rosacruzes e diversos mágicos cerimoniais. Ele não hesitava em colaborar com satanistas, porque ele acreditava que promovendo o satanismo estaria assegurando a destruição da Igreja cristã. Os praticantes de East Anglia ficavam horrorizados com ele quando ele começava a fundar covens que perpetuavam os chamados rituais ‘satânicos’. Vocês estão, sem dúvida, cientes de que uma bela e jovem sacerdotisa conduzia todos os ritos em honra ao Deus de Chifres.

Esse era o aspecto central das práticas escandinavas e francesas.

Essa “síndrome da sacerdotisa” era tão difundida na França que os satanistas emprestaram a prática.

Muitos líderes hereditários em East Anglia repudiaram os Nove Covens de Pickingill, porque eles temiam que ele tentasse reviver o satanismo sob a aparência de uma fé hereditária. O conceito de covens liderados por mulheres indignava-os porque o procedimento de uma Alta Sacerdotisa
conduzindo todos os ritos era totalmente estranho à maioria dos praticantes de East Anglia. Entretanto, eu reitero que isso sempre foi o eixo dos rituais de Pickingill. Pessoalmente, não vejo incongruência em trabalhar em círculos Gardnerianos e em encontros hereditários. Os ritos de minha fé familiar são também semelhantes ao BoS Gardneriano para causar qualquer alteração básica de fidelidade - ou para ser coincidência.

Os Nove Covens de Pickingill eram domiciliados em Norfolk, Essex, Sussex, Hertfordshire e Hampshire. Os líderes desses covens tinham que se ajustar aos modelos exatos de Old George. Cada líder tinha que provar “sangue de bruxa” e ser associado com um coven respeitável (leia-se hereditário). Ele recusou a “passar seu poder” para qualquer um a menos que o candidato fosse apropriado. De muitas maneiras ele antecipou Gardner.

Ele selecionava rituais das mais antigas fontes da Arte e então passava suas ideias como rituais verdadeiros da Arte. Foi mais clamoroso que Gardner e batalhou ativamente pela derrocada das instituições. Não é nenhuma surpresa que nenhum membro da Arte tenha relacionado publicamente Pickingill com a fé hereditária. Gardner foi o herdeiro espiritual de Pickingill, embora Gardner não tenha aderido ao Caminho da Mão Esquerda. Ele sabiamente escolheu reabilitar a Arte, mas continuou o renascimento público da Antiga Religião iniciado por seu infame predecessor.

Gardner e Crowley estavam ambos encantados (1946) por conhecer que cada um deles era um irmão no mesmo ramo da Arte. Eles tornaram-se amigos e cada homem genuinamente gostava e respeitava o outro.

Eles se correspondiam regularmente e foi dessa correspondência que surgiu ultimamente a ridícula acusação de que Gardner havia claramente o encarregado de escrever o BoS. Crowley estava naturalmente interessado na determinação de Gardner de restaurar a Antiga Religião. Eles foram pólos separados, mas ambos os homens desejavam reviver o culto dos antigos deuses. Gardner não viu incongruência em citar poesias de Crowley em seus rituais. Ele não era contrário em discutir os melhores significados mágicos do estabelecimento da Wicca e estava totalmente ciente de que a conspiração dos praticantes hereditários o tinha privado de sua “autoridade na Arte”. Crowley estava feliz por ser consultado no projeto da Wicca. Além de tudo ele tinha sido um praticante 40 anos antes e viu a si mesmo como o Mago consultor.

Crowley era incapaz de apresentar o BoS recebido de seu coven familiar. Ele tinha sido destruído 40 anos antes. Contudo, seus escritos continham muitos ritos e passagens copiadas dos rituais de Pickingill. Ele ofereceu-se para usar a “lembrança mágica” para tentar lembrar-se dos ritos exatos. Gardner concordou agradecido. Ele tinha duas fontes de referência de sua própria afiliação na Arte e estava ansioso por determinar se o BoS de Crowley diferia radicalmente de seus próprios rituais. Deve ser enfatizado que Pickingill fundou Os Nove Covens em vários intervalos num período de 60 anos. Ele tinha um estilo básico, mas estava invariavelmente melhorando o modo de trabalhar e introduzindo conceitos diferentes. Gardner tinha notado diferenças gritantes em cada BoS recebido dos covens irmãos nos quais fora afiliado. Ele estava ansioso para ver se o coven familiar de Crowley usara um BoS inteiramente diferente.

A correspondência esboçada entre Gardner e Crowley foi descoberta pelos últimos testamenteiros, Louis Winkinson e John Symonds. Ambos tomaram pouco cuidado com esses rituais da Arte. Porém, após o BoS Gardneriano ter sido publicado (talvez seja uma referência à versão de Charles Cardell em 1964 MH), Symonds percebeu que muitos rituais esboçados por Crowley eram semelhantes no conteúdo. Francis King era um amigo íntimo de Wilkinson e notou como as cartas de Gardner assinalavam como Crowley fora aperfeiçoando os ritos da Arte. Ele reconheceu a semelhança entre o BoS Gardneriano publicado e os manuscritos de Crowley, somando 2 mais 2 e publicamente acusando Gardner (postumamente) de encarregar Crowley de escrever o BoS Gardneriano.

Meus próprios companheiros pressionaram Crowley a destruir seu BoS original. Contudo, ele reteve muitas folhas com esboços de vários ritos. Crowley estava desejoso de continuar o sonho da vida de Pickingill de destruir o cristianismo. Ele tinha medo do seu “Mestre” e como um ocultista competente reconheceu que havia 'poder' nos ritos mágicos legados por Pickingill.

Crowley estava amargo porque tinha sido expulso da Arte e usou o conhecimento acumulado de Pickingill, e a potencialidade mágica inerente nos rituais de Pickingill, para compor seus novos rituais mágicos.

Você pode não estar ciente, mas Crowley extraiu pesadamente dos rituais de Pickingill quando compilou seus próprios rituais da OTO (Ordo Templis Orientis).

Falam-se de um volume de coletâneas secretas, um punhal mágico, jarreteiras, etc. Um punhal é imerso num cálice sagrado como um substituto para o Grande Rito (intercurso sexual entre o Alto sacerdote e a Alta Sacerdotisa como representantes humanos do Deus e Deusa).

Francis King notou muitas semelhanças entre Wicca e os rituais da OTO, que confirmavam suas suspeitas de que Crowley havia escrito o BoS Gardneriano. Eu queria informar que Wicca possui muitas semelhanças com os rituais básicos da Golden Dawn e eu acredito que essas correspondências convenceram King sobre a autoria de Crowley. Ele estava realmente errado em concluir que Crowley escreveu o BoS Gardneriano, mas reconhecemos que as evidências circunstanciais parecem condenatórias. Você pode não saber que Pickingill colaborou com rosacrucianos na compilação dos rituais da Golden Dawn.

Meus próprios companheiros de tradição afirmam que há uma explicação simples para a existência de um BoS totalmente manuscrito pelo próprio Crowley. Você poderá se lembrar de que Ray Buckland admitiu que ele estava exposto (no museu de Gardner) na Ilha de Man. Crowley eventualmente compilou um BoS que ele assegurou a Gardner ser um fac-símile exato dos rituais usados por seu coven de origem. Gardner estava fascinado, ele agora possuía três 'Livros' diferentes que foram usados por covens irmãos. Ele podia, a partir desse legado, delinear seus próprios rituais, usando as três fontes da Arte como modelos.

Gardner e Crowley congratularam-se mutuamente pelo nascimento da Wicca. Crowley conferiu a Gardner uma filiação honorária na OTO, enquanto Gardner, reciprocamente, convidou Crowley a aceitar uma filiação honorária na Wicca. Crowley respeitosamente copiou o atual BoS Gardneriano.

Nem eu nem meus companheiros de coven vimos o manuscrito de Crowley que estava exposto na Ilha de Man. É impossível determinar qual dos dois manuscritos seria de Crowley. É possível que Gardner tenha exposto o BoS que Crowley afirmou ser 'uma autêntica representação'. Contudo ele pode ter exibido o atual BoS Gardneriano, que Crowley havia copiado.

Os detratores de Gardner têm afirmado que o manuscrito de Crowley seria prova concreta de que ele copiou o BoS numa idade avançada. Vários relatos têm confirmado que o manuscrito do BoS na Ilha de Man era o de um homem velho e doente. Ele certamente não corresponde com exemplares escritos à mão quando Crowley estava em sua juventude. Meus irmãos citam isso como prova de suas alegações. Porém, os detratores de Gardner inflexivelmente sustentam que a existência desse BoS confirmaria que Crowley seria o autor do BoS Gardneriano. Eles acreditam que essa cópia da versão original foi apresentada a Gardner. Eu asseguro a vocês que Gardner usou originais autênticos da Arte quando legou seus ritos. É uma lástima que os praticantes de East Anglia tenham escolhido negar Gardner, sua 'autoridade na Arte' e conhecimento. De qualquer modo, os clãs hereditários se recusam a associar tanto Pickingill quanto Crowley com a Arte.

Meus irmãos na Arte estão ansiosos para ver que seus irmãos e irmãs Gardnerianos prosperam, pois a tradição Gardneriana perpetua muitos dos nossos antigos rituais. Eu tenho um grande prazer em ouvir que os Gardnerianos estão indo de vento em popa nos Estados Unidos. Gardner deveria ser publicamente inocentado por escrever seu próprio BoS. Ele estava determinado a substituir por 'maneiras de pensar' mais saudáveis, aquelas pertencentes aos rituais que ele recebeu.

Como podemos ver, esse texto foi escrito por um praticante iniciado num coven hereditário de East Anglia, que estava totalmente ciente do que havia ocorrido. As pessoas que teceram essas hipóteses totalmente erradas sobre a Wicca Gardneriana eram “pessoas de fora” da Arte.

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