O EFEITO DO CENTÉSIMO MACACO

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O efeito do centésimo macaco é um suposto fenômeno em que um comportamento ou pensamento espalha-se rapidamente a partir de um grupo para todos os grupos relacionados uma vez que um número crítico de iniciados é atingido. Pela generalização significa a disseminação instantânea de uma ideia ou habilidade para o restante da população uma vez que uma certa porção da população já ouviu falar da nova ideia ou
aprendeu a nova habilidade por algum processo desconhecido atualmente fora do âmbito da ciência. A história por trás desse suposto fenômeno se originou com Lawrence Blair e Watson Lyall em meados de 1970, que afirmavam que era a observação de cientistas japoneses. Um dos fatores principais na promulgação da história é que muitos autores citam fontes secundárias, terciárias ou pós-terciário deturpadas em relação às observações originais.

A história do efeito do centésimo macaco foi publicada por Lyall Watson no prefácio de Rhythms of Vision, de Lawrence Blair em 1975, e espalhada com o surgimento do livro Lifetide, de Watson, de 1979. A alegação é que cientistas não identificados, realizaram um estudo sobre macacos na japonesa ilha de Koshima, em 1952.

Estes cientistas observaram que supostamente alguns desses macacos aprenderam a lavar
batatas doces, e, gradualmente, este novo comportamento se espalhou pela geração mais jovem de macacos da maneira usual, através da observação e repetição. Watson alegou então que os pesquisadores observaram que uma vez que um número crítico de macacos foi alcançado - este assim chamado centésimo macaco - o comportamento aprendido anteriormente instantaneamente se espalhou através da água para macacos em ilhas próximas.

Esta história foi mais popularizada por Ken Keyes Jr., com a publicação de seu livro O Centésimo Macaco. O livro de Keyes era sobre os efeitos devastadores de uma guerra nuclear no planeta. Keyes apresentou a história do efeito do centésimo macaco como uma inspiradosa parábola, aplicando-o à sociedade humana e a efetivação de mudanças positivas. Desde então, a história tornou-se amplamente aceita como fato.

A pesquisa original

Em 1985, Elaine Myers voltou a analisar a pesquisa original publicado em "O Centésimo Macaco Revisado" na revista In Context. Em sua análise, ela descobriu que os relatórios originais de pesquisa do Centro Japonês de Macacos presentes no vol. 2, 5, e 6 da Revista Primates são insuficientes para apoiar a história de Watson. Em suma, ela suspeita da veracidade da existência de um fenômeno do centésimo macaco, os artigos publicados descrevem como o comportamento de lavar a batata-doce gradualmente se espalhou através da trupe de macacos e se tornou parte do conjunto de comportamentos aprendidos por macacos jovens, mas Myers não concorda que isso sirva como evidência para a existência de um número crítico em que a ideia de repente se espalha para outras ilhas.

A história contada por Watson e Keyes é popular entre autores da Nova Era e gurus de crescimento pessoal e se tornou uma lenda urbana e parte da mitologia da Nova Era. Além disso, Rupert Sheldrake citou que um fenômeno como o efeito do centésimo macaco seria uma evidência de campos mórficos trazendo efeitos não-locais na consciência e aprendizagem. Como resultado, a história também se tornou um alvo favorito do Committee for the Scientific Investigation of Claims of the Paranormal (Comitê para a Investigação Científica de Alegações do Paranormal), e foi utilizado como no ensaio de título "The Hundredth Monkey: And Other Paradigms of the Paranormal" (O Centésimo Macaco: E Outros Paradigmas do
Paranormal), publicado por eles em 1990.

Em seu livro "Why People Believe Weird Things" (Por que as pessoas acreditam em coisas estranhas), Michael Shermer explica como a lenda urbana começou, foi popularizada e desacreditada.

O efeito desacreditado

Uma análise de Ron Amundson, publicada pela Skeptics Society (Sociedade de Céticos), revelou vários pontos-chave que desmistificaram o suposto efeito. Alegações infundadas de que houve um aumento repentino e marcante na proporção de anilhas na primeira população eram exageros de um efeito muito mais lento, mais mundano. Ao invés de todos os macacos misteriosamente adquirirem a habilidade de aprendizagem, observou-se que era predominantemente presente em macacos mais jovens que aprenderam a habilidade dos macacos mais velhos através da aprendizagem observacional, o que é comum no reino animal; macacos mais velhos, que não sabiam como lavar tendiam a não aprender.

Como os macacos mais velhos morreram e os macacos mais jovens nasceram a proporção de anilhas naturalmente aumentou. O intervalo de tempo entre as observações foi da ordem de anos.

As alegações de que a prática se espalhou de repente a outras populações isoladas de macacos pode ser posta em check, dado o fato de que pelo menos um macaco com tal aprendizado de lavagem nadou até outra ilha e passou cerca de quatro anos lá. Amundson também observa que a batata-doce não estava disponível para os macacos antes da intervenção humana.

Para saber mais leia:
O Fenômeno do Centésimo Macaco
(C) Ron Amundson 1985
Publicado pela primeira vez em Skeptical Inquirer
vol. 9, 1985, 348-356.

Traduzido por:
LIZZA BATHORY
LIZZA BATHORY
Blogueira no blog O Submundo
elizabeth.bathory.ce@gmail.com
Confira mais textos desta autora clicando aqui

Um exemplo de texto sobre o fenômeno:

O Centésimo Macaco

O macaco japonês Macaca Fuscata vinha sendo observado há mais de trinta anos em estado natural. Em 1952, os cientistas jogaram batatas-doces cruas nas praias da ilha de Kochima para os macacos. Eles apreciaram o sabor das batatas-doces, mas acharam desagradável o da areia.

Uma fêmea de um ano e meio, chamada Imo, descobriu que lavar as batatas num rio próximo resolvia
o problema. E ensinou o truque à sua mãe. Seus companheiros também aprenderam a novidade e a ensinaram às respectivas mães.

Aos olhos dos cientistas, essa inovação cultural foi
gradualmente assimilada por vários macacos. Entre 1952 e 1958 todos os macacos jovens aprenderam a lavar a areia das batatas-doces para torná-las mais gostosas. Só os adultos que imitaram os filhos aprenderam este avanço social. Outros adultos continuaram comendo batata-doce com areia. Foi então que aconteceu uma coisa surpreendente. No outono de 1958, na ilha de Kochima, alguns macacos – não se sabe ao certo quantos – lavavam suas batatas-doces.

Vamos supor que, um dia, ao nascer do sol, noventa e nove macacos da ilha de Kochima já tivessem aprendido a lavar as batatas-doces. Vamos continuar supondo que, ainda nessa manhã, um centésimo macaco tivesse feito uso dessa prática. Então aconteceu!

Nessa tarde, quase todo o bando já lavava as batatas-doces antes de comer.

O acréscimo de energia desse centésimo macaco rompeu, de alguma forma, uma barreira ideológica!

Mas veja só:
Os cientistas observaram uma coisa deveras surpreendente: o hábito de lavar as batatas-doces havia atravessado o mar. Bandos de macacos de outras ilhas, além dos grupos do continente, em Takasakiyama, também começaram a lavar suas batatas-doces. Assim, quando um certo número crítico atinge a consciência, essa nova consciência pode ser comunicada de uma mente a outra.

O número exato pode variar, mas o Fenômeno do Centésimo Macaco significa que, quando só um número limitado de pessoas conhece um caminho novo, ele permanece como patrimônio da consciência dessas pessoas. Mas há um ponto em que, se mais uma pessoa se sintoniza com a nova percepção, o campo se alarga de modo que essa percepção é captada por quase todos! Você pode ser o centésimo macaco!

Essa experiência nos proporciona uma reflexão sobre a direção de nossos pensamentos. De certo modo, já sabemos que para onde vai o nosso pensamento segue a nossa energia.

Grupos pensando e agindo numa mesma frequência em várias partes do Planeta têm as mesmas sensações e acabam fazendo as mesmas coisas sem nunca terem se comunicado. Isso vale tanto para aqueles
que praticam o bem como para aqueles que usam de suas faculdades para o mal. O acréscimo de energia, neste caso, pode ser aquela que você está enviando com o seu pensamento sintonizado na frequência do crime noticiado que gera comoção geral.

Parece coincidência, mas sempre que um crime choca e comove multidões, de imediato outros fatos semelhantes pipocam em diversos lugares. Será isso o efeito do centésimo macaco às avessas?

Ao invés de indignar-se diante do crime noticiado, direcionando inconscientemente seu pensamento e sua energia para essas pessoas ou grupos que se aproveitam dessa Energia toda para materializar mais crimes, neutralize com pensamentos conscientes de amor e perdão. Mude de canal na TV, vire a página do jornal, saia da frequência e não alimente ainda mais a insanidade daqueles que tendem para o crime, e, também, daqueles que lucram com as desgraças alheias.

São todos igualmente insanos, tanto aquele que pratica o crime quanto aquele esbraveja palavrões de indignação por horas diante das câmeras, criando comoção e levantando a energia que se materializará nas mãos daquele que está com a arma já engatilhada.

Gerar material para construir um mundo melhor não requer tanto de grandes ações, quanto essencialmente grandes blocos de consciência. É preciso que mais gente se sintonize na frequência e coloque aquele acréscimo de energia que pode gerar uma nova consciência em outros grupos em outras partes do Planeta.

Se cada um de nós dedicarmos alguns minutos todos os dias para meditar, entrando em sintonia com a frequência do amor, basta para mudar muitas coisas desagradáveis acontecendo em nosso Planeta e criar uma nova consciência.

Seja você também um “centésimo macaco” – para o bem!

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