Cibele ou
Cíbele era uma deusa originária da
Frígia. Designada como "Mãe dos
Deuses" ou Deusa mãe,
simbolizava a fertilidade da natureza. O seu culto iniciou-se na região da Ásia Menor
e espalhou-se por diversos territórios da Grécia Antiga. Sob o antigo título grego, Potnia Theron, também foi associada à
deusa-mãe minóica, cujo culto remonta
ao período neolítico da "Senhora
dos animais". Cibele tornou-se uma divindade do ciclo de vida-morte-renascimento
ligada à ressureição do filho e amante Átis.
Atributos da deusa
Cibele era representada, frequentemente, com uma coroa de muralhas, que
simboliza o seu poder militar como protetora e, ao mesmo tempo, arrasadora de
cidades, com leões por perto ou num
carro puxado por esses animais e uma cornucópia, o corno (chifre) da abundância,
referente a fertilidade e riqueza.
Os gregos e Cibele
Segundo os gregos, esta deusa seria uma encarnação de
Reia, adorada no Berecinto, um dos picos do
monte Ida na
Frígia, daí o epíteto de
berecintiana que lhe é dado às vezes. O culto incluía manifestações orgíacas, como era próprio dos deuses
relacionados com a fertilidade, celebrados pelos curetes ou coribantes. É relacionada também com a lenda grega
de Agdístis
e Átis.
Magna Mater
Essa divindade oriental
foi introduzida em Roma na
época das guerras púnicas, por volta de 204 a.C. Sua
adoção em Roma, e no Lácio, é feita
após a latinização de seu nome, tornando-se Magna Mater, a "Grande Mãe" do Monte Ida,
situado próximo a Troia, o que remonta a
lenda de Eneias, retratada por Virgílio na Eneida. Na ocasião, os romanos mandaram vir de Pessinunte,
terra do rei Midas e onde se encontrava o
templo principal dedicado à deusa, uma pedra negra que a simbolizava. Seus
sacerdotes, os galli, são importados e a renovação desse sacerdócio é
feita do mesmo modo, pois a castração, ritual presente na iniciação dessas
pessoas, não era algo admissível a um romano. É construído no monte
Palatino um templo à deusa e seus rituais entram no calendário religioso
oficial da cidade de Roma. Era acompanhada por um guia e amante, Átis, cujo culto, suspeito aos olhos dos
romanos, só foi liberado realmente pelo imperador Cláudio.
Cibele permaneceu no Templo da Victoria
até que seu próprio templo fosse dedicado, em 191 a.C. A deusa teria vindo
acompanhada por seus sacerdotes, os galli, e seus rituais foram gradativamente
incorporados ao calendário dos festivais. Apesar de seu caráter estrangeiro,
Cibele, tornada Magna Mater, passou à lista das maiores divindades a partir
desta data .
Virgílio e a
Eneida
O interesse de Augusto por
essa divindade pode explicar a importância que Virgílio lhe atribui na Eneida. No livro II, verso 779, ela diz a Eneias que foi o próprio Júpiter
que proibiu que Creúsa o acompanhasse em sua
fuga, para criar uma nova Troia. Em III,
111-113, Virgílio apresenta alguns aspectos de seu culto e Anquises, pai de Eneias, atribui-lhe
uma origem cretense. Em VII, 139, Cibele
figura entre as divindades invocadas por Eneias. Adiante, no livro IX, Cibele
intervém para que os rutulianos (ou rútulos) não queimem os navios dos troianos cercados e, por sua intercessão,
Júpiter transforma as embarcações em ninfas marinhas (IX, 80-83). Cibele aparece também no
livro X da Eneida (verso 220), com o nome de Cibebe. É mencionada ainda em XI,
768.
Adoção do
culto em Cícero
No século I a.C, o
advogado, escritor, historiador, e filósofo Marco Túlio Cícero retoma a incorporação da deusa
ao panteão romano em um de seus discursos no fórum contra Clódia Pulchra
Metelli:
Foi então, pelo conselho desta profetisa [a Sibila], num tempo em que a Itália sofria a Guerra Púnica e era devastada por Aníbal, que nossos ancestrais (maiores) fizeram vir este culto da Frígia e o estabeleceram em Roma; ele foi acolhido pelo homem mais bem considerado pelo povo romano, P. Cipião, e pela mulher reputada como a mais casta das matronas, Q. Claudia... .
Ovídio e o Épico da entrada de Magna Mater
No período da
restauratio augustana, isto é, o programa de restauração da religião -
entre outros elementos - romana feita por Augusto onde ritos, sacerdócios, jogos e festivais do passado foram reincorporados à
sociedade romana, o poeta Ovídio,
ao escrever seu livro Fastii, um
poema-calendário, retoma a inserção de Magna Mater no culto oficial e Claudia
Quinta com mais impacto. Neste momento, a matrona é vista como uma grande
heroína que desencalha sozinha o barco onde a deusa (sua estátua) está com as
mãos e a puxa para Roma, sendo uma grande heroína5 .
Informações sobre o culto
a Cibele são encontradas ainda em Catulo, 63 e em Lucrécio, 2, 598-643.
Sobre o Autor:
LORD
KRONUS
Admirador do Oculto e cinéfilo.
azerate666@hotmail.com
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