Acontece que a trama traz a louca história de um vigário chamado Cura e que acredita que o anticristo está prestes a nascer. Na sua busca pelo capeta, ele se junta ao hilário José Maria, um metaleiro vendedor de discos de vinil, e com Cavan; uma espécie de mágico e caçador de paranormalidades da TV. Estes 3 acabam embarcando numa bizarra aventura, onde tudo que é tipo de malucos e satanistas aparecem. O grande diferencial de O Dia da Besta é não ser americano. É um filme espanhol e com auxílio da Itália, o que garantem aquela qualidade europeia invejável.
As atuações são simplesmente incríveis. Álex Angulo é o tal vigário e em alguns momentos ele me lembra Robert Downey Jr. mais velho. Armando De Razza é Cavan, e seu papel lembra muito estes mágicos mascarados e mirabolantes da TV. Santiago Segura é José Maria, interpretando magistralmente o típico gordinho que só faz porcaria e fica relapso e viajando. Porém ele é muito mais engraçado e hilário do que qualquer coadjuvante em filme hollywoodiano. Sem falar que seu papel é de importância para a trama. No geral todo o elenco espanhol está de parabéns e interessante. A mãe de José Maria rouba a atenção nas cenas em que aparece.
A comédia é eletrizante e tem muita correria. Tudo é tão bem filmado pelo diretor que dá inveja. As cenas de perseguição nas escadas e em carros são elaboradas e o elenco se esforça ao máximo. Uma cena em questão que dá um desfecho para a mãe de José Maria é hilária, de um humor um tanto negro e ao mesmo tempo surpreendente. Mesmo que na brincadeira, o vigário Cura comete pecados e até mata, tudo para poder "salvar o mundo" do que ele acredita ser o início do fim dos tempos. Sacadinhas geniais envolvendo a mídia, as religiões e algumas bandas de rock pesado lotam o filme. Além de elogiar, às vezes critica a cultura pop. E o mais legal é que o filme acabou virando hit e entrou na cultura pop.
Mesmo que com toda comédia e referência metalinguística, em momento nenhum o filme perde o ritmo ou deixa de ser um terror. Mesmo que na base do humor, temos sangue, morte, rituais e muito satanismo. Todo um lado gótico e obscuro é mostrado sabiamente, de forma leve e natural. Há algumas cenas que conseguem ser tensas, como a do bode que fica de pé e nas cenas de lutas finais. O que parecia ser loucura de um velho religioso acaba se revelando uma verdadeira profecia apocalíptica.
Conseguirão eles derrotar o próprio Satã e impedir o nascimento do filho do Demo?
Não perca por nada esta maléfica produção. Hilária, bem atuada e dirigida. Álex De La Iglesia está de parabéns pela maestria da produção. Uma obra deliciosamente maliciosa. Trilha sonora fantástica e mil e uma referências a temas como Iron Maiden, sacrifícios, exorcismos e bíblia. Quem curte fim dos tempos e profecias não pode perder este filme. E quem curte comédias inteligentes também não. Por mais desmiolado que pareça, é um filme simplesmente brilhante, que brinca com toda uma mitologia que muitos levam a sério. Amei e é lógico que entrou para minha lista de favoritos. E para terminar eu digo que encontrar um bom filme de fantasia mas de qualidade é tão difícil como uma coisa que o vigário Cura tem que fazer: encontrar uma virgem na madrugada...
Sinopse: após 25 anos de estudos, vigário descobre que o anticristo nascerá no dia 25 de dezembro. Sem saber o momento e o lugar exato, ele sai às ruas de Madri para encontrá-lo e matá-lo, envolvendo-se com malucos, pessoas inocentes e outros personagens bizarros.
Texto de: Minha Visão do Cinema: Crítica: O Dia da Besta (1995, de Álex De La Iglesia)
0 Comentários:
Postar um comentário