FIREWORKS, DE KENNETH ANGER — UM DOS MAIS SUBVERSIVOS FILMES DA DÉCADA DE 40

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Marinheiro segurando Kenneth Anger no colo, uma alusão à Pietà de Michelangelo
Fireworks é um audacioso curta-metragem homoerótico lançado em 1947 por Kenneth Anger, que recebeu grandes elogios até mesmo do lendário Jean Cocteau, artista polivalente (teatro, cinema, pintura).

Influenciado por outro jovem cineasta Willard Maas, e convencido, através do uso de drogas (maconha e peyote, em primeiro lugar) da urgência para fazer um filme que rasgasse os limites da decência, Anger filma e protagoniza o trabalho, em 16mm e absolutamente sem diálogos, na casa de seus pais, em Beverly Hills, durante um fim de semana enquanto eles estavam fora.

Como sinopse, Kenneth diz: “A dissatisfied dreamer awakes, goes out in the night seeking a 'light' and is drawn through the needle's eye. A dream of a dream, he returns to bed less empty than before.” (Algo como: “Um sonhador insatisfeito acorda, sai à noite procurando uma luz e é arrastado através do buraco de uma agulha. Um sonho de um sonho, ele volta para a cama menos vazio que antes.”)

Adicionando mais tarde: “This flick is all I have to say about being 17, the United States Navy, American Christmas, and the Fourth of July.” (“Este filme é tudo o que tenho a dizer sobre ter dezessete anos, a Marinha dos Estados Unidos, o Natal americano e o quatro de julho.”)

Devido a censura americana, Anger foi preso sob acusação de atentado ao pudor após o lançamento do filme, no entanto, na Suprema Corte da Califórnia, ele afirmou tê-lo gravado quando tinha dezessete anos, ou seja, ainda menor de idade, quando na verdade ele tinha vinte anos. Em 1958, uma ação judicial foi movida contra o gerente do Coronet Theatre de Los Angeles, Raymond Rohauer, por exibir o filme. O caso tornou-se “um épico julgamento por obscenidade” e o mesmo declarou que Fireworks é arte.

Anger recordaria mais tarde que Kinsey foi o seu primeiro cliente, já que ele comprou uma cópia de Fireworks quando se encontraram pela primeira vez em 1947. Após uma ampla troca de cartas entre os dois, Anger concorda em ser filmado por Kinsey durante atos de masturbação, a fim de doar a gravação para sua pesquisa.

ENREDO

O filme aparenta ser um sonho dentro de um sonho. Começa com o marinheiro a carregar o rapaz no colo. O rapaz acorda insatisfeito com o sonho aparentando que queria obter uma ereção e tirar o máximo de prazer dela. Ele veste-se e arranja-se para sair e entra numa porta que diz GENTS.

Nessa porta está um marinheiro semi-nú a exibir os seus músculos, o rapaz pede lume, ao que como resposta é agredido, noutro quadro o marinheiro retira da lareira o lume suficiente para lhe acender o cigarro… o marinheiro sai… Ele fuma o cigarro… observa a noite no cais e de repente um grupo de marinheiros abordam-no e agridem-no consecutivamente, a dor aumenta cada vez mais a excitação do rapaz que paralelamente imagina situações de sadomasoquismo até atingir o clímax do seu sonho e terminar com a figura salvadora do marinheiro que o salva e o carrega no colo. A presença do marinheiro é vista como o anjo da guarda que o salva de todo o sofrimento e o carrega, estando sempre onipresente, mesmo inconscientemente. (The Porcupine Lair)



AUTORA:
LIZZA BATHORY
Blogueira d'O Submundo em tempo integral e estudante de Ciências Econômicas nas horas vagas.
elizabeth.bathory.ce@gmail.com
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