MEMENTO MORI por Natanael Gomes de Alencar

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Ele, amarrado na cama por ela.

Ele cospe. Ela estala o chicote.

Rima sem ritmo, o gesto de desprezo.

-Do que fui o que resta?

-Filosofia barata.

-Essa agora. Te fiz uma pergunta.

-Delirando.

-Carne. A resposta está na carne, né?

-Fomos ensinados.

-Pagamos o dízimo. Temos direito a respostas.

-Ranger de dentes, cadela.

-Mulher com halo o que sou, cavalo.

-Teu mito serve de escudo. Memento mori.

- Heresia. O mito é nosso. Qual a morte.

- Pequei costelas.

- Me fodeste com o mito de Adão.

- A igreja finge que não nos vê.

- Você ouviu? Me fodeste.

Ela perfura seu pênis com precisão cirúrgica. Engata um brinco.

Estalou, antes que chegassem os cavaleiros do Apocalipse, que estavam na casa da avó.

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