A história do filme se passa no último dia de vida de Mishima (Ken Ogata), em 25 de novembro de 1970, quando o escritor cometeu seppuku, um suicídio ritual que abalou o Japão e o mundo. Ao mesmo tempo, o filme tem muitos flashbacks que mostram vários momentos da vida do escritor, desde sua infância com sua avó, passando por suas origens na arte da escrita, a criação do grupo chamado Sociedade da Armadura e sua ascenção como artista até se tornar uma figura pública no Japão.
Também são retratadas algumas de suas obsessões, como a beleza física e o combate corpo a corpo, bem como o desejo de harmonizar o mundo das ideias e o das ações, a pena e a espada.
A sua ambiguidade em assuntos sexuais também é abordada neste filme.
Durante a película sobre a vida do escritor — anterior ao dia de sua morte — ocasionalmente ouvimos seus pensamentos em inglês (na voz de Roy Scheider), enquanto todas as outras vozes, incluindo a do próprio Mishima quando não é narrador, são em japonês.
O filme é marcadamente literário e expositivo, tanto os partidários quanto os adversários de Mishima podem assisti-lo e saírem satisfeitos por terem presenciado uma exposição biográfica e literária que evita fazer valorizações.
Mishima foi, além de grande escritor, um líder fascista anacrônico, e esta condição influenciou a divulgação de sua obra. Este filme não é uma exceção. Em uma entrevista a Antonio Weinrichter, Paul Schrader disse que houve ameaças de morte, no Japão, aos seus expositores.
"O filme organiza-se em quatro capítulos temáticos. Em cada um deles se enreda a biografia do escritor com encenações teatralizadas das suas obras. Dá-se assim corpo ao enigma Mishima, ao retrato de um homem na fronteira entre a tradição e a modernidade. Uma vida que tem o seu epílogo no dia do discurso ao exército e do suicídio, apogeu dramático do princípio unificador da pena e da espada, mito original perseguido por Mishima e cuja impossibilidade no tempo presente é a matéria íntima da sua morte demencial e espetacular."
— Wikipédia.
SAIBA MAIS: SUICÍDIO RITUAL DE MISHIMA
Em 25 de novembro de 1970, Mishima e quatro membros da Tatenokai visitaram, como um pretexto, o comandante de Ichigaya, quartel general das Forças de Autodefesa Japonesas em Tóquio. Uma vez dentro, renderam o comandante. Com um manifesto preparado e panfletos que enumeravam suas petições, Mishima foi à varanda para dirigir-se aos soldados reunidos abaixo. Com seu discurso pretendia inspirá-los a rebelarem-se, darem um golpe de estado e devolverem ao Imperador seu legítimo lugar. Como não foi capaz de fazer-se ouvir, ele encerrou o discurso em poucos minutos. Regressou ao escritório do comandante e conduziu seu seppuku. O costume da decapitação no final do ritual foi designado a Masakatsu Morita, membro da Tatenokai e amante do escritor, porém Morita foi incapaz de executar sua tarefa de forma adequada: após várias tentativas fracassadas, ele permitiu que outro membro da Tatenokai, Hiroyasu Koga, terminasse o trabalho. Então Morita também realizou seu seppuku e foi decapitado por Koga.
Outros elementos tradicionais do suicídio ritual foram a composição do jisei no ku — um poema escrito quando se aproxima a hora da própria morte — antes de entrarem no quartel general.
Mishima preparou meticulosamente sua morte durante pelo menos quatro anos e ninguém fora do grupo cuidadosamente selecionado de membros da Tatenokai suspeitava do que ele estava planejando. Mishima se assegurou de que seus negócios estavam em ordem e ainda deixou dinheiro para a defesa no julgamento dos outros três membros daTatenokai que não morreram.
Segundo John Nathan, seu biógrafo, tradutor e amigo, ele teria criado este cenário apenas como pretexto para o suicídio ritual com o qual sempre sonhou. Quando morreu, Mishima tinha acabado de escrever o último livro de sua tetralogia O Mar da Fertilidade (editado postumamente, já que no mesmo día de sua morte o envíou a seu editor), que constitui uma espécie de testamento ideológico do autor, que se rebelava contra uma sociedade submersa na decadência espiritual e moral.
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