ADIVINHAÇÃO MAIA

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“Es tiempo de concertarse de nuevo sobre los signos de nuestro hombre construido, de nuestro hombre formado, como nuestro sostén, nuestro nutridor, nuestro invocador, nuestro conmemorador. Comenzad, pues, las Palabras [Mágicas], Abuela (Xmukane), Abuelo (Xpyakok)......Haced vuestros encantamientos por vuestro maíz, por vuestro tzité. ¿Se hará, acontecerá, que esculpamos en madera su boca, su rostro? Entonces [se efectuó] el lanzamiento [de los granos], la predicción del encantamiento por el maíz, el tzité.....Oh maíz, oh tzité, oh suerte, oh [su] formación, asios, ajustaos, fue dicho al maíz, al tzité, a la suerte, a [su] formación”.
      Estas são as palavras de Popol Vuh que falam da criação dos homens de madeira, produto da segunda reunião convocada pelos deuses maias. Destas palavras se deduzem os primeiros ritos divinatórios dos maias, os quais eles compilaram em seus códices e repetiram durante os três mil anos em que sua cultura sobreviveu. Os adivinhos maias finalmente repetiram atos e palavras previamente executados pelos deuses, para poder determinar o destino que estes tinham para os homens.

      No período clássico, para poder alcançar a comunicação com os Deuses os Halach Unik e os Chilam´oob, deviam entrar em estados alterados de consciência, e para isto recorriam ao jejum, à purificação ritual por meio de banhos de vapor e abstinência sexual e ao uso de plantas, em especial o tabaco, balché e fungos alucinógenos, entre outras espécies narcóticas. De fato há evidências gráficas de que quando não podiam ingerir mais narcóticos por via oral, recorriam ao uso de enemas introduzindo mais substâncias psicotrópicas mediante uma cânula por via retal. Vários dias de jejum, somado ao canto, à dança, ao odor do incenso, e ao uso de elementos psicotrópicos garantiam a adivinhação desejada.

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      A base da adivinhação entre os povos maias atuais, sobretudo nas terras altas da Guatemala, está na interpretação dos 20 signos/selos do calendário chamados genericamente como way ou duplo anímico: imix, ik, akbal, kan, chicchan, cimi, manik, lamat, muluk, oc, chuen, eb, ben, ix, men, cib, kaban, edznab, cauac e ahau. Estes signos se combinavam com a série de um ao treze para dar um total de 260 combinações que coincidem com o calendário sagrado ou bucxok, a conexão entre o plano universal e o plano humano, por coincidir com o período de gestação. A conta começa com 1 imix e a primeira trecena termina em 13 ben, iniciando a seguinte com 1 ix, e assim subsequentemente até terminar em 13 ahau. Segundo os Ah k´in´oob, ou adivinhos, quanto mais alto é o número do dia, maior é sua carga. Existem por outro lado "dias falantes" que são muito mais propícios para a adivinhação que os demais, pelo que são muito apreciados por aqueles que conhecem este tema. Outro aspecto importante é uma sequência das quatro cores correspondentes aos rumos do universo que são: likin chaak (leste-roxo), xaman sac (norte-branco), chikin ek (oeste-preto), e nohol kan (sul-amarelo) que vão se alternando com cada um dos signos. É de uso cotidiano o emprego de elementos como sementes de milho (ixim) ou feijão roxo e preto (tzité) e pedras (obsidianas) ou cristais para efetuar atos de adivinhação.

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      Os Ah kin o Ajq´iij, como são chamados na Guatemala, são escolhidos de acordo com seu dia de nascimento e geralmente costumam ser pessoas nascidas em um dia Chuen ou B´aatz — para os quichés — já que está relacionado com outra palavra similar b´atz que significa fio/linha, e se refere igualmente a "fio/linha do tempo" e "cordão umbilical"; daí sua relação com os antepassados, o futuro e a adivinhação. Basta recordar que em tempos clássicos o sangue que era oferecido por uma rainha depois do parto por meio de autosacrificio tinha o poder necessário para a comunicação com os antepassados dinásticos que habitavam as alturas junto aos deuses.

      O eleito é treinado por nove meses, 260 dias, a fim de obter o sagrado titulo de Ah Kin ou sacerdote do tempo. Ao final por meio de uma cerimônia onde se coloca um altar com 20 conjuntos — atoles acompanhados de seus pães e respectivas velas — com outros 5 ao centro dispostos como o glifo do sol ou do dia lamat deste calendário — onde se apreciam as posições solares relevantes do trânsito solar ao longo do ano —, acompanhados de uma cruz de madeira e os implementos de adivinhação do futuro adivinho: colar e brincos de jade, um incensário, sementes de colorines (tzité), pedras e cristais, poom (incenso) e sonajas (instrumento musical, de barro em forma de esfera e com orifícios); tudo disposto sobre um pequeno manto de cor correspondente com o dia de nascimento do aspirante. Ao final da cerimônia, dirigida por um Ah Kin ancião, é entregue ao novo adivinho seus instrumentos em um volume chamado baraj; a partir desse momento este aceita sua responsabilidade de interpretar os designios do céu.

      Entre os aspectos que costumam ser usualmente perguntados ao Ah Kin se encontram: a localização de pessoas desaparecidas, origem de uma enfermidade, o tratamento adequado para um paciente ou um enfermo, o clima futuro, calamidades que pairam sobre uma população, destino de uma empresa, autoria de um roubo e até por animais extraviados.

Traduzido de OverBlog

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