A Câmara de Reflexões

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A Câmara de Reflexões



Na Maçonaria, mais precisamente, no Rito Escocês Antigo e Aceito, a iniciação de um
neófito é feita num compartimento da loja, chamado de câmara de reflexões, onde o
candidato deverá passar por uma morte simbólica de sua vida profana, para renascer um
novo homem, livre de pré-conceitos e paixões mundanas, disposto à lapidação de sua
pedra bruta, para que um dia, possa vir a fazer parte do templo de Salomão.
A câmara de reflexões, é geralmente um quarto ou porão, cujas paredes negras revelam
fórmulas e dizeres alquímicos, bem como os elementos que compõe a mesa.
Normalmente vemos estampada nas paredes, o V.I.T.R.I.O.L. (Visita interiore terrae,
retificandoque invenies ocultum lapiden), que quer dizer: “Visita o interior da terra, e
retificando-te, encontrarás a pedra oculta”, que é justamente o que esta iniciação propõe:
Introspecção e reflexão, assim como sugere a frase gravada na entrada do oráculo de
Delphos: Nosce Te Ipsum (Conhece-te a ti mesmo).

Interior de uma câmara de reflexões
Há também, as seguintes inscrições:

Se o que aqui te conduz é a curiosidade, retira-te.
Se queres empregar bem a tua vida, pensa na morte.
Se teme que descubram teus defeitos, não estarás bem entre nós.
Se tens apego pelas paixões e distrações mundanas, retira-te, pois aqui, não as
conhecemos.
Se fores dissimulado, aqui serás descoberto.
Se tens medo, não vá adiante.

A câmara, é cercada de símbolos de morte, variando os elementos, de acordo com o rito
em questão, na maioria há um cranio ou esqueleto completo, ou até caixões.Tudo para
lembrar o candidato, o quanto a matéria é perecível, e o espírito, eterno; toda a matéria
se reduzirá ao pó, todos os homens, embora fazem distinções entre si, se reduzirão a um
empilhado de ossos.
Como esta iniciação é uma prova da terra, na mesa, geralmente encontramos um pão, ou
sementes de trigo in natura, que além de nos apontar para os mistérios de Eleusis,
simboliza a fertilidade da terra que nos nutre enquanto matéria, bem como uma ânfora
d’água, que além de nos saciar a sede, limpa e purifica.Há sobre a mesa, uma
ampulheta, que ao marcar pequenos espaços de tempo, nos mostra como a vida é curta e
transitória, e que devemos percorrer tal caminho com sabedoria e retidão, uma vez que
se visa a concretização da Grande Obra.É costume de algumas lojas também, expor a
imagem de um galo em posição de canto, o qual desperta o candidato para a aurora de
um novo tempo, de uma nova vida, seguido das palavras Vigilância e Perseverança.
Temos também dois cálices, um contendo uma bebida doce, e o outro, uma bebida
amarga, nos fazendo refletir sobre a dualidade presente em tudo, sobre os altos e baixos
que a vida nos guarda.
Há também na superfície desta mesa, sal, enxofre e mercúrio, elementos necessários à
transmutação alquímica, que o candidato deverá entender dentro do contexto simbólico.
O candidato deverá então meditar e redigir seu testamento filosófico, e após este
período, mediante ao cumprimento e entendimento destas questões, o então iniciado é
levado a “ver” a luz, simbolizada pelo Sol no Oriente.

Sobre o Autor:
LORD KRONUS

RAITOM ROSENKROUZ

Raitom Rosenkrouz Um eterno aprendiz só sabe que nada sabe, quando sabe que nada sabe, sabe mais que quem acha que sabe de alguma coisa, pois quem conhece a si mesmo, conhece os outros, a essência divina e sua divina finalidade. sergio.domal@gmail.com Confira mais textos deste autor clicando aqui

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