ROSA
Rosa despe-se.
No espelho, as mãos em concha medem
os seios.
Preocupada, não tem mais a certeza
do amor pelo marido.
Com a mão, percorre as próprias
reentrâncias.
Leva as mãos aos lábios. Sente leve
odor malcheiroso.
O leito, seu grande circo.
Como acrobata, faz uma ponte
humana, seu umbigo no ponto mais elevado, a vagina esticada, alongada, escorrendo
o resto do esperma adrede recebido.
Ela está só e, sendo assim,
sente-se no direito de exagerar todas as posições.
Fica de quatro, seus buracos
contraem-se e dilatam, implorando o amor que explora profundidades.
Abre as pernas, bailarina experiente,
as coxas potentes numa só linha.
Depois, leva as pernas ao pescoço,
as nádegas desprotegidas e arrepiadas.
Um leve vento.
Retoma a verticalidade.
Pega a calcinha minúscula, coloca a
prótese peniana e espera o marido, novamente.
O espelho aguarda, em volúpia, o
que virá, suspirando, embaciado, um tremor sutil em sua moldura azul e rosa.
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