Os loa chamados Djab

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A palavra djab no Crèole haitiano é derivada do francês diable (diabo), mas o termo no contexto do Vodu haitiano leva conotação diferente.
Certos loa são individuais e sem igual, servidos por só um indivíduo, às vezes uma Mambo ou um Houngan e são considerados quase propriedade do indivíduo.
Estes loa não se ajustam facilmente na liturgia de Vodu ortodoxo, em qualquer dos três grupos. Tais loa, e mesmo loas mais comuns, como os loa Makaya, são comumente chamados djab, mas aqui na significação arcaica de espírito, não necessariamente bom ou ruim.
A função destes djab é mágika ao invés de religiosa.
Um djab é frequentemente conjurado por um Houngan, Mambo ou Bokor, em nome de um cliente, para entrar em ação agressiva contra o inimigo do cliente ou concorrente do mesmo. Um djab requer pagamento do cliente por seus serviços, normalmente na forma de sacrifício animal regularmente realizado.
Um Houngan ou Mambo que servem a um djab são normalmente protegidos de possíveis atos de agressão fortuita pelo djab; geralmente por um garde, uma proteção mágika efetuada esfregando ervas secas especialmente preparadas em cortes pequenos feitos cerimonialmente na pele do indivíduo. O garde é anualmente renovado no solstício de inverno, quando os membros se reúnem para preparar ervas.
As leves cicatrizes do garde formam um padrão peculiar para a sociedade, e podem servir como uma marca identificando membros.

Djabs também podem ser específicos para um determinado lugar. Nas cavernas de Bodde perto de Trouin no sul do Haiti, acredita-se que resida um djab de nome Met Set Joune, Mestre Dos Sete Dias. Até mesmo se uma Mambo, Houngan ou Bokor sirva este djab em um peristilo localizado em outro lugar, as cavernas permaneceram a casa do djab.
Certos djabs, particularmente amorais, podem ser invocados para drenar a energia vital de uma pessoa e efetuar seu falecimento. Quando um djab é responsável pela morte de uma pessoa, o dito crèole não é "o djab matou a pessoa", mas ao invés, djab la manje moun nan, "o djab comeu a pessoa". Isto não significa que a carne da pessoa é comida canibalisticamente pelo Houngan, Mambo ou Bokor possuído pelo djab, somente que o djab consome a força vital da pessoa.

Um Houngan ou uma Mambo ortodoxos estão sob juramento de nunca ferir alguém.
Embora as invocações de djabs sejam mais frequentes no caso de Bokors, um iniciado de Vodu ortodoxo pode invocar um djab e até mesmo dirigi-lo para matar uma pessoa, se a pessoa é uma assassina, um ladrão profissional ou um sequestrador profissional.

Mambo Marinette invocou uma loa Petro
frequentemente chamada de djab, Erzulie Dantor, e executou o sacrifício de um porco selvagem, à cerimônia de Bwa Caiman em 1794, o que começou a revolução haitiana.
Durante a revolução, djabs haitianos eram muito importantes e acreditava-se que conferiam imunidade contra as balas desferidas pelo escravizador francês branco.
Até mesmo a morte da maioria dos membros da força expedicionária do Gel LeClerc, devido a febre amarela, foi devida ao resultado do trabalho de djabs.

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