Em turnê com novo projeto, a dupla de instrumentistas Yamandu Costa & Renato Borghetti passa por Fortaleza com show que promete impressionar

Print Friendly and PDF


O palco talvez fique pequeno para tanta virtuose. É essa a aposta para logo mais à noite, no anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, onde se apresentam dois dos maiores instrumentistas do Brasil na atualidade, os amigos e conterrâneos Yamandu Costa & Renato Borghetti. Após passar por Brasília, Belo Horizonte, Florianópolis, Curitiba e Recife a dupla gaúcha traz o show para Fortaleza. Daqui, seguem a João Pessoa (PB).

No repertório, temas clássicos da tradição gaúcha e da chamada música de fronteira - especialmente com influência do Uruguai e da Argentina, costuradas com levadas de choro, releituras inéditas e improvisos. Neste show, a dupla vem acompanha de dois convidados especiais, o violonista, maestro e arranjador Daniel Sá e o baixista Guto Virte.

"Desde muito antes de se falar em Mercosul, nós já ouvíamos música uruguaia e argentina. Desde criança vivemos esse intercâmbio cultural", brincou Borghetti, em entrevista por telefone, logo após desembarcar em Fortaleza. Yamandu chega hoje.

O grande diferencial da apresentação, porém, é o encontro inusitado dos respectivos instrumentos tocados pelos artistas. De um lado, Yamandu e seu violão de sete cordas; do outro, Borghetti e sua gaita ponto - um acordeão diatônico, com afinação diferente dos tradicionais.
Trata-se de um combinação pouco vista no palco. No Nordeste, os acompanhamentos usuais do acordeão são a zabumba e o triângulo. Já no Rio Grande do Sul, o violão e a gaita-ponto são uma dobradinha tradicional - mas o de seis cordas, não de sete, como no caso de Yamandu.

Parceiros de longa data, os músicos já dividiram o palco várias vezes. Yamandu conheceu Borguetti no começo de sua carreira, ainda adolescente. "Quando ele ainda morava no Rio Grande do Sul, tocava em um bar de temática regional gaúcha chamado ´Pulperia´.
Desde muito novo já chamava atenção, por conta da qualidade de sua música. A gente se cruzava por lá, e naturalmente começamos a fazer trabalhos juntos"
, recorda Borghetti.

"Desde então procuramos tocar juntos sempre que possível, mesmo cada um tendo seu trabalho individual. Esses encontros fluem de maneira muito tranquila", complementa o músico.

O entrosamento resultante da convivência é visível nas as apresentações da dupla, o que contribui para o resultado final.

Quem já viu um dos shows dos gaúchos - juntos ou separadas - se impressiona com a habilidade nos instrumentos. Seja nas cordas do violão ou nos botões da gaita ponto, os dedos parecem voar de tão rápidos.

O resultado é um som dinâmico e festivo, que desfaz a pecha de "enfadonha" erroneamente atribuída à música instrumental ou regional.

É a primeira vez que Yamandu e Borghetti apresentam-se juntos em Fortaleza. "Tenho certeza que o show vai funcionar bem. Nossos trabalhos individuais já são conhecidos aqui. Além disso, o Ceará é terra de sanfoneiro, e a sonoridade da sanfona é parecida com a nossa gaita ponto", explica Borghetti.

Depois de Fortaleza, a turnê encerra-se em João Pessoa (PB), em 19 de novembro. De lá, a dupla segue separada, com shows agendados até meados de dezembro, inclusive no exterior.

No começo do próximo mês, por exemplo, Yamandu apresenta-se no Canadá, com a Calgary Philharmonic Orchestra. Já Borguetti passa pela Bélgica, França e Holanda ainda em novembro, seguindo para Alemanha e Itália.

Fique por dentro:
Instrumentos:

O violão tradicional possui seis cordas. A variação do instrumento com uma a mais, a sétima, é bastante utilizada no Choro, por conta da afinação grave da corda extra. Foi a partir de Tute (Arthur de Souza Nascimento, Rio de Janeiro, 1886 - 1957) e de seu contemporâneo China (Otávio Vianna, irmão mais velho de Pixinguinha), que o violão de sete cordas entrou definitivamente na música brasileira. Por algum tempo seu uso permaneceu restrito, até o violonista Horondino José da Silva, o Dino (Rio de Janeiro, 1918-2006), passar a utilizá-lo em 1952. Já a Gaita Ponto é um similar do acordeon que possui botões no lugar de teclas, sendo por isso conhecida também como "gaita de botão", "botoneira", "gaita de oito baixos", entre outros nomes. De difícil execução, é pouco comum no cenário musical brasileiro atual.

MAIS INFORMAÇÕES:
Show - Yamandu Costa & Renato Borghetti. Hoje e amanhã, às 21 horas, no Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.
Ingresso: R$ 30 (inteira).
Contato: (85) 3488.8600

FONTE: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1070179

0 Comentários: