OS PARAÍSOS ARTIFICIAIS: A PROMOÇÃO

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Os artistas, estudantes e intelectuais em geral tiveram sua atenção chamada para os alucinógenos por um livro de Aldous Huxley, As portas da percepção (traduzido no Brasil pela Ed. Civilização Brasileira, 1957), no qual era minuciosamente relatada uma experiência com a mescalina, ingerida pelo célebre autor de Contraponto. A partir daí as grandes revistas norte-americanas começaram a explorar o assunto, ora contra o uso dos alucinógenos, ora a favor. Mas não podendo negar o grande prazer produzido nos tomadores de LSD e mescalina, promoviam involuntariamente seu uso, uma vez que o comum das pessoas sente periodicamente - no neurótico a sensação é constante - a necessidade de "sair de si", de evadir-se da vida comum. Depois, não se tratava de um vício qualquer, era moda entre os intelectuais mais destacados, mais modernos e avançados. Tomar o LSD era ser in, recusá-lo era ser out - e todos quiseram fazer sua viagem. Para viajar tomava-se um comprimido, deitava-se num ambiente tranquilo à espera dos sintomas e trocavam-se ideias com os companheiros, até que um deles gritasse que estava "vendo as coisas". As alucinações variam de homem para homem, dependendo de seus condicionamentos, gostos, ideias recalcadas e desejos inconscientes. Flores eram comumente as primeiras visões. Flores de um colorido fantastico, que se transmudavam em explosões multicores. A margarida, símbolo dos hippies, é uma visão comum entre os viajantes...

Em trabalhos surgidos anteriormente, pesquisadores haviam demonstrado a grande tolerância do organismo à mescalina, bem como a tendência a não criar hábito. Dependência psicológica, evidentemente, não poderia deixar de criar, como ocorre com todo estímulo agradável experimentado pelo homem. Assim, os mesmo efeitos podiam ser mantidos sem que fosse preciso aumentar as doses, ao contrário do que acontece com a heroína e outros tóxicos. Os alucinógenos do tipo LSD, mescalina e psilocibina abrem a mente de seus experimentadores a um universo inteiramente novo e insuspeitado e - o que é mais interessante - em tudo semelhante ao descrito pelos visionários e contemplativos de todos os credos religiosos.

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