A cidade do Rio de Janeiro sempre foi conhecida pela beleza e por seus atrativos turísticos. Turistas de todas partes do mundo visitam o Rio de Janeiro em busca de diversão e entretenimento. Pela sua fama, o Rio de Janeiro ganhou o status de Cidade Maravilhosa.
Copacabana, Ipanema, Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Carnaval são nomes conhecidos em qualquer canto do planeta. Não muito longe de toda essa beleza ficam as favelas cariocas. Áreas degradadas, moradias precárias e com milhares de pessoas vivendo em situação de pobreza extrema, misturando-se a bandidos de todos os tipos. Essas pessoas convivem diariamente com prostituição, crimes, assassinatos, estupros, tráfico de drogas e de armas.
Os meninos de rua faziam parte desse escopo. De famílias paupérrimas, muitos sofriam abusos dentro de casa, outros não tinham nem o que comer, a única alternativa era ir para as ruas tentar ganhar algum dinheiro vendendo balas, limpando vidros de carros, engraxando sapatos ou, na maioria das vezes, pedindo esmola. Muitos desses meninos ajudavam em grande parte para o sustento de suas casas e de seus irmãos mais novos. Hoje em dia, ainda é comum vermos nas ruas pais usando as crianças para conseguirem algum dinheiro para alimentarem toda família. Parte desses meninos viravam delinquentes e cometiam crimes, mas uma grande parte queria apenas comer. Uma situação que para a maioria dos habitantes da cidade era comum.
E é nesse cenário de beleza e caos que algo chama à atenção de um renomado psiquiatra forense.
O Rio de Janeiro vivia uma onda de matança. Só no centro de Niterói havia uma média de 60 homicídios por mês, uma das maiores taxas do mundo, comparáveis a países africanos. A maioria dos assassinatos eram de pessoas pobres, ligadas ao tráfico ou ao crime em geral.
Porém, alguns dos assassinatos chamaram a atenção de um psiquiatra forense do estado: Dr. Antonio Pedro Bocayuva. "Alguns desses assassinatos me chamaram a atenção. Eram assassinatos de menores de idade. Eles tinham entre 6 e 13 anos, eram estuprados e mortos violentamente.
Todos eram assassinados da mesma forma... Esse
tipo de delito acaba se confundindo com a própria história da psiquiatria forense brasileira que iniciou-se com os crimes cometidos pelo serial-killer Febrônio Índio do Brasil nos anos 20."
Febrônio Índio do Brasil foi o segundo (documentado) serial-killer brasileiro. Completamente louco, seus crimes sexuais chocaram a opinião pública na década de 20. Passou mais de 50 anos internado em um Manicômio Judiciário. Febrônio despertou o interesse de psiquiatras, psicólogos, criminalistas e pesquisadores ao longo das décadas em que viveu.
Podemos dizer que a psiquiatria forense no Brasil nasceu com Febrônio Índio do Brasil.
Voltando ao Rio de Janeiro, em 1991, na época, todos os casos de assassinatos eram investigados de forma separada, não havia um sistema de delegacia legal, não havia troca de informações e não havia um banco de dados capaz de fornecer dados primordiais para a elucidação de possíveis homicídios em série. O sistema ainda não era informatizado. Cada caso era tratado e investigado de forma particular. Era praticamente impossível saber se vários daqueles assassinatos ocorridos no Rio de Janeiro, em bairros periféricos e cidades conturbadas como Niterói tinham alguma ligação.
Entretanto, um psiquiatra forense encontrou semelhanças entre os modus operandis de vários crimes e os assassinatos de Febrônio Indio do Brasil.
Um pescador da cidade de Niterói encontra um corpo de uma criança em uma rede de esgoto perto do bairro de Manilha. Ele chama a polícia imediatamente.
O investigador de homicídios da 76ª Delegacia de Polícia de Niterói, Carlos Augusto Ponce Leon, chega ao local com uma equipe da perícia.
Adentrando ao local, os policiais começam a realização da perícia. A criança não tinha documentos, tinha mais ou menos 1,50 de altura, magra, cabelos castanhos e bastante franzina. Um detalhe chama a atenção dos investigadores: as mãos da criança estavam por dentro do short.
Como o short da criança estava molhado, os investigadores logo chegam à conclusão de que a criança tinha morrido afogada. Ela provavelmente estava dormindo quando a maré subiu. A criança teria aspirado a água salgada do mar e veio a óbito.
Porém, algo estranho e bastante suspeito fez com que
os investigadores mudassem de idéia totalmente.
Isso causou muita estranheza."
Com mais perguntas do que respostas, os investigadores juntamente com a perícia retiram o corpo do local para ser necropsiado.
Intrigado e desconfiado do modo como a criança foi encontrada, o investigador Carlos Augusto Ponce Leon acompanhou pessoalmente a perícia do corpo da criança no Instituto Médico Legal.
“Quando foi feita a pericia foi constatado que havia hematomas internos no pescoço da criança, o que conclui-se ter sido esganado. Seu ânus estava rompido, por isso o bolo fecal. A criança defecou porque não tinha mais controle. Ele tinha sido violentado sexualmente.”, disse Carlos Augusto Ponce Leon.
Os investigadores agora já não tinham um caso de uma criança afogada. Eles tinham um homicídio.
A investigação do assassinato do menor estava complicada. Ele não tinha documentos, nenhum familiar procurou a polícia para registrar queixa de desaparecimento e o registros de desaparecimentos feitos não condiziam com as características da criança.
A polícia não tinha nada.
Mas a visita de um homem à delegacia deu um novo rumo à investigação.
O psiquiatra forense Antonio Pedro Bocayuva foi à delegacia e conversou com o delegado e investigadores e deu sua versão sobre os vários assassinatos de menores de idade que estampavam as páginas dos jornais do Rio de Janeiro há meses. Para Bocayuva, os assassinatos tinham um mesmo modus operandi e eram crimes sexuais. Para ele, um só assassino havia cometido esses assassinatos.
Camuflado em um contexto social de desordem e caos, um psicopata agia com total impunidade. Havia um serial-killer à solta nas ruas do Rio de Janeiro.
Um comerciante, duas mulheres e uma criança chegam ao 76ª DP de Niterói para reportar um desaparecimento. Quem os atende é o investigador Carlos Augusto Ponce Leon.
O comerciante era um vizinho das duas mulheres (mãe e filha). A mulher se identificou como Zeli de Abreu. O seu filho mais novo, Ivan, de 6 anos, havia desaparecido dias antes e ela estava desesperada atrás do filho. Procurou por várias localidades e não achou nenhum rastro do menino.
Zeli era viúva e cuidava sozinha dos filhos. Todos passavam fome. Viviam às custas de caridade. Alguns dos filhos de Zeli, ajudavam a mãe pedindo esmolas e vendendo doces nas ruas do Rio do Janeiro.
"Eles saiam para venderem doces. Eu falava para eles terem cuidado.
Eles respondiam: Mãe não acontece nada com a gente não. Tinha dia que voltava tinha dia que ficava na rua."
Na Foto (2008): Alexandre José Batista, vizinho de Zeli
de Abreu.
"Eles eram meninos de rua mesmo. Eles não tinham o que comer sabe, desde cedo aprenderam a se virar para sobreviverem. As vezes ficavam 2, 3 dias fora de casa mas sempre voltavam.
Ai um certo dia, o Altair e o mais novo, o Ivan, saíram pra comer e não voltaram."
Segundo Zeli de Abreu, no dia 12 de dezembro de 1991, Altair saiu de casa por volta das 13:00. Ele iria comer na casa de um conhecido num bairro próximo:
“Era muito triste, não tínhamos comida em casa.
Eu só agradecia quando eles achavam o que comer na rua.” Altair tinha 10 anos de idade e já estava bastante acostumado com as ruas do Rio. Mas nesse dia em especial, seu irmão mais novo, Ivan, de 6 anos quis ir junto. A mãe deixou, já que não tinha como alimentar o pequeno Ivan em casa. Mas ela logo se arrependeu, saiu na porta da casa e gritou: “Meu filho não vai não!”
Mas já era tarde. Zeli ainda disse:
“Naquela hora me deu um remorso, o Ivan era tão pequenininho”.
As horas passavam e os dois meninos não voltavam, amanheceu o dia e nada dos meninos. Zeli estava angustiada, porém, estava acostumada com seus filhos passando dias nas ruas. Mais ou menos as 11:00 da manhã do dia 13 de dezembro, Altair apareceu em casa. Estava com um corte na cabeça, com a camiseta cheia de sangue e bastante triste. O pequeno Ivan não estava com ele. Zeli perguntou pelo filho mas Altair não disse uma palavra, apenas chorava. Zeli entrou em desespero. Procurou Ivan por todos os lugares. Além da dor de mãe, foi ameaçada por sua patroa de ser despedida por faltar ao serviço. Por orientação do seu vizinho, Alexandre Jose Batista, resolveu procurar a polícia para reportar o desaparecimento.
No dia 14 de dezembro, um sábado, Alexandre José Batista, Zeli de Abreu, Altair e uma filha de 15 anos de Zeli foram até o 76ª Delegacia de Niterói.
Durante todo o tempo em que conversaram com o investigador Leon, Altair não disse uma palavra.
Sempre com a cabeça pra baixo e uma expressão triste. Mas algo despertou a atenção de Leon.
“Num sábado apareceu um comerciante acompanhando uma criança dizendo que o irmão teria desaparecido. Quando eu vi a criança, percebi que ela tinha uma certa semelhança com a criança que havia sido morta. O garoto que havia sido encontrado na tubulação de esgoto tinha os olhos claros. E esse garoto que chegou na delegacia também. Tinha os olhos verdes, bastante bonitos”, contou Carlos Ponce Leon.
Foi ai que Leon disse a Zeli que as notícias poderiam não ser boas. Um corpo com as mesmas características de Ivan havia sido encontrado em uma rede de esgoto em Manilha-Niterói. Ela teria que ir até o IML fazer a identificação do cadáver. A criança morta poderia ser Ivan.
Ao ver o corpo, Zeli de Abreu se desesperou. Era mesmo o pequeno Ivan. Nesse momento todos entraram em desespero, inclusive seu irmão, Altair.
O pequeno Altair, de 10 anos de idade, não sabia que o seu irmão estava morto. Depois de saber da morte do irmão ele resolveu contar o horror pelo qual havia passado.
Altair e o pequeno Ivan andavam pelas ruas de Niterói quando um homem se aproximou deles. O homem ofereceu 4 mil cruzeiros (cerca de 3 reais) caso os meninos o ajudassem a acender velas para São Jorge na praia. Inocentes e pobres, eles aceitaram na hora. Seria um bom dinheiro para dar para sua mãe, pensou Altair. Para um menino que dormia no chão, não tinha nenhum brinquedo e passava fome, aquele dinheiro valeria uma fortuna.
Os irmãos e o homem pegaram um ônibus e desceram na rodovia Niterói-Manilha. Andaram por 7 km. O pequeno Ivan se cansou. Seu futuro assassino o pegou e o colocou nos ombros. Ao se aproximarem do Viaduto do Barreto, o homem tentou beijar Altair.
O menino assustado saiu correndo. Mas sem dificuldades, o psicopata o pegou. Furioso ele bateu sua cabeça nas pedras da praia. O sangue espirrou por todos os lados. Tonto, sangrando e paralisado de medo, Altair viu o psicopata beijar, alisar e estuprar o seu irmão. Ao consumar o ato, o psicopata olhou a criança e o estrangulou.
“O que você está fazendo com meu irmão?”, gritou Altair.
“Calma ele só está dormindo”, respondeu o homem.
Altair logo percebeu que só teria chance de sobreviver se fizesse tudo que o homem mandasse. Altair praticou sexo oral no homem e deixou que ele o sodomizasse. O homem ficou horas deitado com Altair, beijando e alisando suas pernas e bumbum. O homem gostou tanto da passividade de Altair e, também, dos seus olhos verdes, que levou o menino para um posto de gasolina onde lavou sua cabeça ensanguentada. Dormiram em um matagal atrás do posto, onde o psicopata satisfazia suas necessidades e no dia seguinte pegou a barca e levou o menino para o Rio de Janeiro.
Como tinha que trabalhar, o psicopata levou o menino até o seu local de trabalho. Em um momento de descuido do psicopata, Altair conseguiu fugir. Pegou várias caronas até chegar em casa. Em casa, com vergonha e receio de que sua mãe o batesse não contou nada.
Chocados com o depoimento do pequeno Altair, os investigadores da Polícia de Niterói resolveram montar uma força tarefa. O monstro deveria ser pego imediatamente, e para que isso acontecesse, o pequeno Altair era uma peça fundamental. Como o assassino o havia levado até o seu trabalho, Altair tinha que apenas levar os investigadores até o local.
Mas havia um problema, Altair não se lembrava do local. Os investigadores tentaram por dias fazer com que Altair lembrasse do local. Por fim, eles decidiram refazer todo o trajeto do criminoso, de Niterói até os bairros no Rio de Janeiro.
Na Foto: Roman Vieira, ex-agente da polícia em 1991.
"Ele não sabia onde era. Nós tivemos que fazer a reconstituição completa, saindo do posto de gasolina, atravessamos a baia de guanabara e pegar o ônibus.
E fomos andando por toda cidade, passamos por Botafogo, Flamengo... Ele só tinha a lembrança de um ônibus vermelho. Só que eram vários ônibus vermelhos da empresa. Ai ele disse assim, é um que vai para copacabana, então ai descartamos algumas linhas. Cada investigador entrou em um e fizemos 2 vezes a trajetória. Chegamos a uma conclusão: Praia de Copacabana."
Altair disse que o homem distribuia panfletos em Copacabana, em dado momento os panfletos acabaram e eles entraram em um prédio para que o homem pegasse mais. Foi nesse momento que ele conseguiu escapar.
Andando por Copacabana, Altair viu um panfleto no chão e reconheceu: “É esse ai”, disse ele. O panfleto era da loja Gê-Jóias que ficava no Edifício Roxy.
“Nós havíamos passado duas vezes na mesma rua, só que o ônibus dava uma volta e tinha que fazer o contorno para pegar a Nossa Senhora de Copacabana. Quando chegamos em Nossa Senhora em Copacabana ele viu o edificio em reforma e disse: O homem que me pegou trabalha aqui. É naquele prédio.” disse Roman Vieira, ex-agente da polícia.
Os policiais sentiram-se aliviados. Eles porém, não pensavam em encontrar o suspeito em seu local de trabalho. Como Altair era uma testemunha do assassinato do seu irmão, era bastante provável que o assassino fugira por saber que Altair poderia levar os policiais até o seu trabalho. Apesar disso os policiais estavam confiantes pois conseguiriam informações sobre o assassino com o dono da loja.
Mas para a surpresa de todos ao chegarem no andar onde a loja funcionava, Altair parou e apontou o dedo: era o homem que havia matado seu irmão e o molestado sexualmente, tranquilo, sentado, comendo uma marmita.
Ao darem voz de prisão para o homem, o suspeito disse:
"Pensei que vocês vinham ontem... Fui eu que matei!"
O suspeito foi identificado como Marcelo Costa de Andrade, 24 anos. Trabalhava como panfleteiro nas ruas de Copacabana.
Marcelo foi levado para a delegacia. Os policiais comunicaram um Juiz sobre a prisão do suspeito. Os investigadores de Niterói queriam um representante do judiciário no interrogatório para assegurarem-se que o suspeito não alegasse posteriormente que foi forçado a dar algum depoimento.
Durante o interrogatório, Marcelo não parava de rir, o que deixava os investigadores bastante nervosos. “Eu fiz amor com ele… sabe? Amor”, repetia Marcelo a todo momento.
"Ele explicou tudo o que tinha acontecido. Disse que queria fazer amor com a vítima. Disse que fez aquilo com os garotos porque eles eram lindos, que o Altair tinha os olhos lindos. Os traços fisionomicos e o olhar dele eram muito estranhos, aterrorizador, dava medo.
Ele conversava com você e de repente dava uma gargalhada do nada. Ele não tinha emoção, não trasmitia emoção. Em nenhum momento ele chorou."
A mãe de Marcelo, Sônia Xavier Costa, descobriu que ele estava preso e foi para a delegacia. Em seu depoimento ela disse que Marcelo tinha ficado muito agressivo nos últimos meses, ela evitava que Marcelo tivesse contato com os irmãos menores, a mãe tinha medo dele. “Seu problema era uma risadeira sem sentido”, disse ela. Em dado momento ela disse que certa noite ele saiu de casa com um facão dizendo que pegaria bananas no mato.
"Não queríamos dar o facão pra ele porque estávamos com medo. Perguntei pra ele: Você quer levar o facão pra onde essa hora da noite? Ele estava muito estranho, ficava rindo sem parar. Quando ele voltou, sua roupa e o facão estavam sujos de sangue, perguntei o que era aquilo e ele disse que tinha matado um porco. Tomei o facão dele e escondi."
Suspeitando de um outro homicídio, a polícia vai até à casa de Marcelo para recuperar o facão. A casa era paupérrima, de chão batido. Na casa os policiais encontraram o facão ainda sujo de sangue, recortes de jornais e revistas homoeróticas.
As revistas encontradas no quarto de Marcelo Costa de Andrade. "Ele tinha uma caixa onde ele guardava muitas revistas. Revistas indecentes. Revistas de sexo.
Tinha vários shorts que ele dizia que daria de presente para crianças. Ele gostava de dar balas para crianças.
Fazer festinha... não dava para desconfiar que ele estava com maldade. Ele ficava rindo, esquisito.", contou Sônia Xavier Costa, mãe de Marcelo.
A partir do depoimento da mãe de Marcelo, os policiais desconfiaram que ele poderia estar envolvido nos assassinatos de várias crianças. Os investigadores começaram então a coletar nas delegacias distritais de Niterói crimes envolvendo crianças de 1 a 2 anos atrás.
“Percebemos que ele era um serial-killer. Então nós tinhamos que tratá-lo de maneira diferente, com um certo rigor mas sem afetar as informações que ele estava fornecendo. Tivemos que usar de habilidades, trazendo confiança pra ele.”, relatou Augusto Ponce Leon.
Marcelo Costa de Andrade nasceu na favela da Rocinha no Rio de Janeiro em 02 de Janeiro de 1967. Sua mãe, Sônia Xavier Costa, trabalhava como empregada doméstica. Seu pai era balconista de bar. Sua mãe era constantemente espancada pelo pai.
Em 1972 foi morar com os avós maternos na cidade de Sobral, Ceará depois que seus pais se separaram. Seu avô, um homem rude e severo sempre o castigava.
Marcelo nunca foi uma criança normal. Segundo ele, começou a ver fantasmas e vultos aos 6 anos de idade. Não tinha amigos, era isolado e ria do nada. Certa vez matou 7 filhotes de gatos. Na escola, os amigos o chamavam de retardado e burro. Tinha extrema dificuldade nas aulas e nunca passava de ano. Gostava de assitir Pernalonga e a série Chips.
Em 1977, aos 10 anos, sua mãe o buscou em Sobral e foram morar em São Gonçalo. Foi nessa época que conheceu algumas religiões africanas por influência do padrasto, um macumbeiro e feiticeiro que, segundo ele, incorporava espíritos e fazia feitiços. Era hostilizado pelo padrasto: “Me batia de cinturão e brigava com minha mãe exigindo que eu fosse embora.”
Mais uma vez sua mãe se separou e Marcelo foi morar com o pai em Magalhães Bastos no Rio de Janeiro. Dessa vez, era sua madrasta que o hostilizava: “Ela também não me dava de comer e me deixava de castigo”.
Ignorado dentro de casa, ele era motivo de brigas entre o casal. De comportamento estranho, Marcelo era ridicularizado. De tanto sofrer, fugiu de casa aos 10 anos de idade.
Marcelo foi parar na Central do Brasil onde perdeu a “inocência”. Sozinho, desamparado e passando fome, Marcelo começou a se prostituir por dinheiro, ele tinha 10 anos. Não gostava de se prostituir mas gostava do dinheiro, era a única forma que o pobre garoto encontrou para sobreviver.
Pouco tempo depois foi recolhido para a Casa dos Meninos, no subúrbio de Engenho de Dentro.
Repetiu 2 vezes de ano e não conseguiu concluir a 1 série. “Os colegas me chamavam de retardado mental”.
Apesar da maldade dos meninos e das surras dos inspetores ele gostava do lugar porque: “Eu via desenhos do Pica-Pau na televisão, lia gibis do Tio Patinhas e do Mickey, jogava futebol e tinha o que comer e onde dormir.”
Aos 14 anos saiu da Casa (eles só aceitavam meninos de 6 a 13 anos). Sem ter para onde ir, foi para a Cinelândia. Segundo ele, foi para lá porque o nome parecia com Disneylândia. Passando fome, ele voltou a se prostituir. “Eu fazia isso porque tinha fome e precisava do dinheiro para comer.” Era sempre o parceiro passivo, mas uma vez, um homem de cerca de 50 anos o obrigou a ser o ativo. A experiência foi traumática: “Pensei até em me matar, me enforcando.”
Uma das paixões de Marcelo era viajar. Gastava o dinheiro ganho com a prostituição viajando. Viajou pelo Brasil inteiro em lotações e pedindo carona nas estradas. Chegou até em Montevidéu no Uruguai, sua vontade era ir até Buenos Aires mas o dinheiro não deixou.
Em uma de suas viagens conseguiu chegar até a casa dos avós no Ceará mas encontrou apenas uma tia. Fugiu depois de sofrer vários maus-tratos da tia.
No Rio de Janeiro novamente foi recolhido pela Funabem (Fundação Nacional do Bem Estar do Menor), onde já tivera outras vezes. Não gostava de lá, pois segundo ele “dava muito pivete barra pesada”. Ele explicou que tinha família e seus pais foram chamados à instituição. Não quiseram levá-lo para casa. Dois meses depois, fugiu da Funabem e continuou a se prostituir.
Aos 16 anos foi morar com um porteiro chamado Antonio Batista Freire, também homossexual. Nessa época Marcelo começou a frequentar os cultos da Igreja Universal do Reino de Deus depois de ver um bispo pregar pela TV. “O Batista me levava ao cinema para ver… E o Vento Levou e a Lagoa Azul e depois comíamos sanduíche no McDonald’s. Foi na casa dele que vi pela primeira vez o programa da Igreja do Reino de Deus na televisão.”
Batista lhe dava roupas e dinheiro, mas o jovem continuava a se prostituir e desaparecia por longos períodos. Era a época em que viajava.
Depois de se separar do porteiro, voltou a viver com a mãe e os irmãos Paulo, Cristina e Sidney.
Foi vendedor de bolsas até se estabelecer como distribuidor de folhetos de propaganda, ganhando salário mínimo. Era uma vida normal, não se prostituia mais, tinha carteira de trabalho assinada e ajudava a mãe. Dava dinheiro para ela passar o fim de semana e ajudava os vizinhos.
Além de leituras, gostava de ouvir discos da Xuxa e do grupo Balão Mágico. Com o dinheiro que economizava, fazia pequenas viagens. Mantinha também algumas esquisitices, como da vez em que gravou o choro do irmão mais novo e ficava escutando a fita por longos períodos. Não há nada mais irritante que choro de criança. Sua mãe achava que ele devia se casar, mas Marcelo respondia que “as mulheres são criaturas do demônio.”
Não foi difícil fazer com que Marcelo Costa de Andrade confessasse todos os seus crimes.
“Quando pegamos o facão e ele viu que estava sujo de sangue ele contou tudo.”, disse Romen Vieira.
Falava tudo com riquezas de detalhes. Seus crimes e sua frieza chocou a todos os investigadores.
Ele falava como matava uma criança, esmagando seu crâncio e etc., como se tivesse relatando um fato normal da vida. Ele sabe que estava matando uma pessoa e que isso é um crime mas isso não sensibiliza nele nenhum sentimento em especial."
“Peguei ele a força e fiz sexo com ele. Matei ele enforcado com a própria camisa dele. Uns dois meses depois voltei no local e ele ainda tava lá.
Tirei a bermuda dele e os dentes. Voltei lá umas 2 vezes, na terceira ele já não estava mais lá.”
A Segunda Vítima
“Vi que ele era bonito, tinha uma bermuda bonita, tinha o bumbum bonito… levei ele pro túnel e penetrei nele várias vezes, gozei dentro… beijei a boca dele… ai depois matei ele enforcado.”
“Beijei a boca dele e tudo… deixei ele dormir. Tinha uma pedra grande lá e eu esmaguei a cabeça dele… sangrou muito… peguei minha vasilha que levava marmita e deixei o sangue escorrer dentro. Bebi o sangue todo… depois coloquei meu pênis nele de novo e gozei.”
A Quinta Vítima
“Ele era todo bonito, parecia até uma menina… enfiei uma chave de fenda na barriga dele… tirei a bermuda dele, lambi as pernas, o bumbum dele todo… beijei a boca dele, chupei a boca dele tudo… enfiei meu pênis no bumbum dele e gozei tudo… peguei uma pedra grande e soltei na cabeça dele… bebi todo o sangue dele.”
“Agarrei ele a força, beijei o corpo dele tudo, penetrei meu pênis na bunda dele e gozei muito… fiz umas 3 vezes assim… enforquei ele com a camiseta dele… ele estava morto mas era muito bonito ai eu beijei ele e fiz tudo de novo.”
A Décima Segunda Vítima: Ivan
“Matei o pequeno enforcado… eu queria o Altair que era maior. Não fiz nada com o menorzinho. Ai beijei a boca do Altair, fiz sexo com ele… Fomos pro posto de gasolina e dormimos, quando amanheceu o dia namorei com ele de novo, toquei uma punheta olhando pro rosto dele, gozei no rosto dele todo… não matei ele não, deixei ele pra fazer mais de noite, matar de noite. Fui para o trabalho e ele fugiu.”
Marcelo narrou um a um os 14 assassinatos que cometeu. Enquanto as investigações avançavam, os investigadores descobriam que o Vampiro de Niterói deixou um rastro de mortes além dos limites do estado do RJ.
Em uma das imagens, Marcelo mostra à polícia como esmagou a cabeça de uma de suas vítimas com uma pedra.
Marcelo leva os investigadores até o Morro Agudo em Nova Iguaçu, Senador Camará. Lá os investigadores encontraram o esqueleto de uma de suas vítimas.
Então perguntei: 'O que você fazia com o esqueleto?'
Ele respondeu: 'Ah eu pegava a mão do esqueleto e masturbava e me arranhava com a outra mão do esqueleto.' Ele não tinha sentimento, a ação dele era só sexual, satisfazer suas necessidades, como um animal.", comentou Augusto Ponce Leon.
Ao ver o esqueleto, Marcelo pega a bermuda da vítima e começa a esfregar as mãos como se tivesse revivendo o seu assassinato.
Marcelo confessou aos investigadores que matou uma criança em Belo Horizonte, Minas Gerais. Em fevereiro ele foi entregue à polícia mineira. Alguns investigadores de Niterói o acompanharam. Eles foram até o alto de uma pedreira onde ele disse que havia cometido o crime. Os investigadores percorreram todo o local mas não acharam nenhum vestígio do corpo. É provável que Marcelo tenha se enganado e pensado que o garoto havia morrido. Mas o mais provável é que o corpo e os ossos tenham sido triturados com a brita. Havia passado quase um ano do fato e dificilmente eles encontrariam algum vestígio naquele lugar.
E foi nessa pedreira que Marcelo tentou fugir, pulou vários degraus da pedreira. “Ele tentou fugir mesmo, na frente de todo mundo. Nossos policias juntamente com os policiais de minas gerais conseguiram conter a sua fuga.”, relatou Augusto Ponce Leon.
Em 6 meses, os 14 assassinatos de Marcelo haviam sido elucidados.
Parecia certo que Marcelo era um doente mental. A dúvida era saber se ele poderia ser responsabilizado criminalmente pelos crimes que cometeu. Em março de 1992, Marcelo foi internado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho, no Rio de Janeiro, para submeter-se a um exame de sanidade.
Sua família foi exaustivamente entrevistada e os peritos do hospital passaram 45 dias observando seu comportamento. Se fosse considerado inimputável, trocaria a prisão por um hospital psiquiátrico.
“Essa vida marginal, sem valores, ligado apenas à sobrevivência pessoal… preocupado apenas com o que que eu vou comer amanhã, onde vou dormir… isso leva uma pessoa a ter esse tipo de conduta, muito desviada da norma social. Se você associar uma conduta antissocial a uma conduta psicopática, ai realmente passa ser um retardo mental com aspectos psicopáticos. Eu coloquei no laudo que ele era parcialmente responsável. Mas o juiz não aceitou, considerou que ele era irresponsável e portanto não aplicou pena nenhuma nele. Mandou ele ficar internado ate sua recuperação.”, contou o Dr. Miguel Chalub, psiquiatra forense.
Marcelo Costa de Andrade foi considerado inimputável perante às leis brasileiras. Não foi julgado por nenhum dos seus crimes. Sua pena foi a internação em um Hospital Psiquiátrico por tempo indeterminado. De 3 em 3 anos, passaria por novos exames, podendo ganhar a liberdade caso algum laudo julgue estar curado.
Na época houve uma certa controvérsia sobre essa decisão. Na mesma época em que Marcelo era considerado inimputável, um outro serial-killer era considerado culpado pelos seus crimes. O canibal americano, Jeffrey Dahmer, cometeu crimes tão terríveis, (ou até mais) quanto os de Marcelo, porém, ao contrário de Marcelo, Dahmer foi considerado são e mandado para uma penitenciária nos Estados Unidos. A comparação entre os dois casos foi imediata.
O Vampiro de Niterói escolhia as suas vítimas pela idade. Elas deviam ter entre 6 e 13 anos. Marcelo sempre perguntava a idade dos garotos, garotos mais novos eram mais bonitos: “Eu preferia meninos pequenos porque eles eram mais bonitos, tinham a pele macia”, conta. Não fazia distinção de raça, escolhia também os mais pobres. “Os garotos de classe média não aceitavam os meus convites.”
Marcelo enganava suas vítimas contando sempre a mesma história. Oferecia dinheiro caso os garotos o acompanhasse para ajudá-lo a acender velas para São Jorge. Quando não funcionava, ele pagava um lanche ou comprava um refrigerante para a criança.
Levava as vítimas para locais desertos, praias, galerias de esgoto (Marcelo matou muitos em galerias e túneis em baixo da BR-101) e morros.
Ao chegar ao local longe das vistas das pessoas, o calmo e gentil Marcelo se transformava. Começava beijando a boca da vítima, se a vítima resistisse era espancada. Alguns ficavam paralisados com as investidas de Marcelo e não ofereciam nenhuma reação. O Vampiro beijava todo o corpo da criança, alisava suas pernas, seu bumbum, obrigava a criança a fazer sexo oral nele. Estuprava e ejaculava no bumbum, rosto e dentro da boca das vítimas. Repetia o processo várias vezes. Ao satisfazer suas necessidades, Marcelo estrangulava suas vítimas.
Algumas vítimas tiveram as cabeças esmagadas com pedradas. Ele virava as vítimas de cabeça para baixo para que o sangue escorresse mais rápido. Enchia sua vasilha de marmita de sangue então bebia todo o sangue da criança. Esfregava o sangue no rosto e braços.
Marcelo sempre voltava nos locais dos crimes para visitar os corpos. Masturbava-se olhando para o rosto das vítimas. Levava as bermudas como troféus.
Psiquiatras que examinaram Marcelo Costa de Andrade o diagnosticaram com traços psicopáticos de personalidade (provavelmente devido à sua infância sofrida). Foi diagnosticado ainda como doente mental grave com esquizofrênia e psicopatia, portador de personalidade antissocial e inteligência baixa.
Nos 8 meses em que Marcelo se dedicou à matança, todas suas vítimas eram meninos de 6 a 13 anos, coincidentemente a mesma idade dos meninos internos da Casa dos Meninos, lugar onde Marcelo passou alguns anos. Coincidência? Vingança contra os garotos que o infernizavam no internato? Desejo de impedir que os meninos crescessem e sofressem como ele?
Marcelo foi visto várias vezes rondando a Casa dos Meninos, “Fiquei pensando que gostaria de voltar a ser menino, tive saudade e ia passear lá perto”, disse ele na época.
Pelo menos num dos crimes, há um claro indício de vingança contra seus ex-colegas. Em junho de 1991, Marcelo desceu do ônibus na estrada rio-manilha, viu Odair José Munis dos Santos, 11 anos, pedindo esmola e convidou-o a ir até a casa de uma tia para pegar 3 mil cruzeiros e dar-lhe de presente. Não havia tia alguma, era um campo de futebol às escuras.
“Tentei tirar o short dele, mas como o Odair resistiu tive de esganá-lo. Não reparei se ele estava vivo ou morto quando o estuprei. Não consegui me satisfazer. Apertei mais uma vez sua garganta para garantir que a alma dele fosse para o céu”, conta Marcelo. Ele voltou para casa, se masturbou pensando no menino morto e em seguida jantou arroz, feijão e fígado de galinha. Às 11 da noite, pediu um facão para a mãe, dizendo que ia cortar bananas nas redondezas. “Voltei ao campo de futebol e serrei a cabeça do Odair para que as crianças debochassem dele quando chegasse no céu, assim como meus colegas implicavam comigo”.
“Então os risos imotivados dele são próprios, digamos, de uma puerilidade de uma infantilidade, de uma mente fantasiosa que ri de supostas imagens, pensamentos que lhe vem a cabeça com frequência. Acho que são compativeis com sua incapacidade de compreender totalmente o caráter do delito. Portanto ele tem uma visão infantil, retardada, inadequada dos seus delitos.”, contou o Dr. Antônio Pedro Bocayuva.
“Em pessoas portatoras de aspectos psicopaticos de personalidade é comum o canibalismo, a necrofilia e o vampirismo. Porque que a pessoa produz esse tipo de atitude? Eu acho que ai é que está contida a verdadeira e talvez o máximo da bestialidade.”, disse o Dr. Antônio Pedro Bocayuva.
“Eu bebia o sangue deles para ficar jovem e bonito como eles”, dizia Marcelo. Para o psicólogo americano Joel Norris, isso é uma prática bastante comum entre os assassinos em série.
Joel Norris que já entrevistou mais de 30 assassinos em série e pesquisou a vida de outros 100, enumera algumas experiências que se repetem nos casos de criminosos dessa espécie. Eles foram molestados sexualmente durante a infância. O que os excita é o processo inteiro de encontrar a caça, conquistá-la e capturá-la. Um terço deles costuma se apossar de porções da vítima através do canibalismo ou do vampirismo, ou prática de necrofilia. Dez por cento deles são homossexuais e atacam pessoas do mesmo sexo. Os assassinos sequenciais também padecem de um sintoma denominado hiper-religiosidade. “Eles aderem a alguma ideia, que pode ser o cristianismo, o satanismo, o racismo ou outros, que funciona como uma justificativa para os assassinatos”, diz Norris. “Ou seja, eles acreditam que estão fazendo um favor à vítima ou purificando a sociedade”. Era o caso de Marcelo.
O Criminologista Erik Hickely, da Universidade da Califórnia em Fresno, diz que o caso de Marcelo se parece muito com o de Cliford Olson, um canadense que matou onze crianças no início dos anos 80. “Olson também dizia que matava as crianças para que elas ficassem logo perto de Deus e para evitar que elas sofressem como ele sofreu”, diz o criminologista, autor de “Os Assassinatos Sequenciais e Suas Vitimas”. “Mas na realidade ele não queria que suas vítimas tivessem uma infância melhor que a sua, que foi molestado quando criança”.
Para o psicólogo americano Joel Norris, autor de “Assassinos Sequenciais: A Ameaça Crescente”, a compulsão em falar sobre os crimes é uma característica desse tipo de psicopata. Eles tem a necessidade de confessar: “As confissões torrenciais dos assassinos sequenciais mostram que, de certa forma, eles queriam ser presos, pois só assim poderiam falar dos problemas que os afligiam”.
E isso pode ser comprovado por uma fala de Marcelo em um de seus depoimentos: “Eu não queria fugir, eu queria tirar da minha cabeça essas ideias de transar com garotos.”
Para o diretor do Hospital Psiquiatrico Henrique Roxo (onde Marcelo está atualmente), Dr. José Pascotto, ainda não há condições de liberar Marcelo sob nenhuma hipótese, “seu transtorno é tão grave que, mesmo idoso, pode continuar a cometer delitos.”
“Teoricamente SIM. Ele poderá deixar o hospital. Mas nós temos que ter garantias. Há uma certa segurança, uma certeza absoluta de que ele não irá cometer mais crimes.”, disse o Dr. Miguel Chalub, psiquiatra forense.
Marcelo Costa de Andrade fugiu do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho, no Rio de Janeiro, em 24 de janeiro de 1997. Uma recompensa de R$ 2 mil reais foi oferecida pelo estado para quem desse informações sobre o seu paradeiro.
Durante um banho de sol, Marcelo aproveitou a distração dos guardas e fugiu por um portão.
Marcelo foi para a casa do seu pai, no Ceará. Ao chegar lá ficou perambulando pelas ruas. Foi reconhecido por uma familiar e denunciado para polícia. Foi recapturado dias depois.
“Ele não deu nenhuma explicação porque foi para o Ceará, na nossa interpretação ele achou que lá poderia encontrar uma proteção do pai. Mas ele estava errado porque o pai mal quer saber dele.” relatou o Dr. Miguel Chalub, psiquiatra forense.
O pequeno Altair de 10 anos viu seu irmão ser estuprado e morto. Sobreviveu a uma morte certa nas mãos do Vampiro de Niterói. Mas a trágica experiência marcou sua vida para sempre. Segundo sua mãe, ele nunca mais foi o mesmo. Sempre lembrava do episódio. Ficava cabisbaixo e triste.
Tempos depois ficou muito doente e foi internado.
Altair morreu pouco tempo depois de leucemia.
Os Anos No Hospital
Marcelo já está preso a 19 anos. Sua mãe o visita regularmente no Hospital Psiquiátrico: “Amo ele, é o meu primeiro filho. Quando chego lá e não me deixam ver ele é muito triste.”
Suas risadas continuam: “Ele não era normal, ele ria muito. E até hoje quando eu vou lá ele dá aquelas gargalhadas de perturbado mesmo.”
Seu pai o visitou apenas 4 vezes durante todo esse tempo.
No início de sua internação, Marcelo causou muitos problemas: abaixava por trás e tirava a calça de internos, batia em outros, empurrava quem ficasse na sua frente e por isso sempre iniciava confusões.
Depois de ficar um tempo internado isoladamente, passou a valorizar a liberdade de andar pelo hospital.
Passou 10 anos tomando medicação intensa, hoje vive sem remédios, fala com coerência, tem limites e disciplina. Poderia até ser solto, porém, como o próprio diretor do Hospital psiquiátrico diz: “ele está estabilizado porque tem acompanhamento 24 horas por dia, ser sair, certamente não terá nenhum tipo de condição social, familiar ou estrutura que permita um acompanhamento, e é ai que poderá desequilibrar-se e voltar a cometer crimes…” e além do mais “será difícil encontrar um profissional, em sã consciência, que dê um laudo favorável à saída de Marcelo Costa de Andrade.”
FONTE: Serial-Killers: O Vampiro de Niterói | O Aprendiz Verde