My little Princess [Eu não sou tua princesa, porra (minha princesinha)]

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Há toda uma categoria de filmes que pretende chocar o público através de um tema pesado e pouco comum de se ver no grande ecrã. É o caso de My Little Princess, onde a jovem protagonista, Anamaria Vartolomei, é submetida a uma série de situações pouco próprias para a sua idade. No final, normalmente vê-se essa espécie de sacrificio recompensado com um bom filme, que retrata bem situações reais. Não é o que acontece neste caso. Há sacrificio, mas não há recompensa.

Hanah Giurgiu é uma fotógrafa pouco convencional, que vive numa espécie de santuário mórbido e utiliza o erotismo no seu trabalho como forma de se destacar. Quando já ninguém lhe parece dar atenção, esta vira-se para a sua filha, Violetta, para quem nunca foi uma mãe presente ou exemplar. Hanah vê na filha um modelo perfeito e, aliando a sua figura de criança ao erotismo habitual do seu trabalho, volta a ganhar destaque dentro do seu meio. Os problemas vão surgindo à medida que Violetta se apercebe do seu papel no trabalho da mãe e, sem ter uma infância propriamente normal, torna-se também ela numa criança bastante diferente das outras.

Esta pequena sinopse acaba por ser um pouco confusa, mas também não há melhor forma de caracterizar o enredo do filme. Enquanto que, no fundo, tudo gira em volta da gradual prostituição de Violetta pela mão da mãe, as atitudes das personagens parecem sofrer avanços e recuos sem qualquer explicação óbvia. Num momento a criança odeia a mãe e todo aquele ambiente e na cena seguinte está novamente a posar para a mesma, sem qualquer objeção. Além disso, os momentos climáticos do filme são fracos, confusos, ridiculos por vezes e acabam por não ter o impacto que deviam. As prestações das personagens em si também são pouco regulares. Enquanto que Isabelle Huppert está geralmente bem como a odiável Hanah Giurgiu, a Violetta de Anamaria Vartolomei nem sempre é credível. Normalmente consegue dar a intensidade desejada à personagem e tem de se lhe dar crédito por conseguir fazer um papel tão adulto mas, ainda assim, há momentos em que se nota muito bem que é a primeira longa-metragem da jovem atriz. A avó de Violetta é uma personagem muito mal construída e com um destino mais do que prevísivel e fica por aqui a lista de personagens importantes na história.

Este é um filme que raspa um tema sério, mostrando uma relação afetiva inexistente entre Hanah e Violetta, onde a mãe apenas se serve da filha para chegar a determinados fins. Pelo meio, percebemos que talvez nem tudo seja tão linear quanto isto mas, mais uma vez, não tem impacto suficiente para que valha sequer a pena pensar sobre isso. Há cenas ridiculas, como a maior parte da ação que se passa em Inglaterra, enquanto poucas estão realmente bem conseguidas (todo o ambiente nas sessões fotográficas de Violetta e a atitude da mesma para com as outras pessoas). Podia ser muito melhor trabalhado, para compensar o esforço que foi certamente pedido às atrizes. Assim, serve apenas para pensar um pouco sobre o tema e para despertar alguma curiosidade em relação ao futuro de Anamaria Vartolomei.

Texto por Sandro Cantante


Fonte: ARTE-FACTOS

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