O que é Magia Cerimonial?
Magia Cerimonial é a arte de
invocar e controlar espíritos terrestres, celestes e infernais por meio da
aplicação de certas fórmulas místicas. Abrange vários sistemas mágicos entre
eles a Magia Talismânica, Salomônica, Enochiana, Greco-Egípcia etc.
O Ritual vem a ser a parte falada
do cerimonial, onde se incluem todas as invocações, evocações, conjuros, preces
e orações proferidas pelo mago e/ou magista.
Na Magia Cerimonial, as hierarquias
de “Poder”, têm que estar bem definidas, orquestradas, paramentadas,
documentadas e praticadas. Os materiais ritualísticos atuam, mas só tem
validade se corresponderem ao estado íntimo adquirido. Assim, cada instrumento
exterior (seja o bastão, a espada, o Tetragramaton, o Pentagrama e outros)
torna-se um meio de catalização dos espíritos e forças invocadas.
Muitos magos cerimoniais trabalham
com energia interna (Ki) combinada com a energia de diversas entidades não-humanas
(deuses, anjos, gênios etc) para realizar suas operações mágicas. Em geral, o
magista (termo usado para ambos os sexos) domina e ordena as entidades de
diversas hierarquias e para tal tem que ter controle tanto interno como
externo. Algumas vezes uma forma de energia espiritual mais geral (planetária,
elemental ou zodiacal) pode ser usada para criar “elementais” artificiais,
consagrar talismãs e amuletos, lançar feitiços etc. Outras vezes ele precisa
pedir ajuda a um arcanjo ou mesmo evocar um daemon (vulgarmente chamado de
demônio) para fazer sua magia.
Muitas vezes são utilizados nomes e atributos de Deus (ou deuses) sob a forma de "Nomes Bárbaros de Invocação e Evocação" que formam as palavras de conjuração, em geral uma mistura do latim, hebraico, grego e gnósticos.
Atualmente a Magia Cerimonial se refere a muitas tradições
diferentes, mas a maioria é geralmente baseado na Kabala, Herméticos,
Rosacruzes, Alquimia ou no trabalho de várias facções da Golden Dawn, que usa
todas elas. Thelema, a tradição de Aleister Crowley, está agrupada com a Magia
Cerimonial. A Magia Cerimonial é também chamada de Alta Magia.
A História da Magia Cerimonial é complexa devido a quantidade de influências
que ela recebeu ao longo de sua existência. Neste artigo iremos analisar a
evolução da Magia Cerimonial desde a Antiguidade Oriental passando pela
Idade Média e Renascença e alcançando os dias atuais.
Século XIX
Em seu livro “As Ciências Ocultas” Arthur Edward Waite admitia que as técnicas de Magia Cerimonial deviam “ter hoje (1891) efeito tão forte quanto em qualquer período da Antigüidade. (...) Ora, o valor real e demonstrável do cerimonial da magia tem dois aspectos. Produzia no operador uma exaltação que desenvolvia as faculdades latentes de seu ser interior; e as condições ambientais necessárias para o sucesso de todo tipo de experiência mágica eram produzidas por (...) um apelo aos sentidos, exercido por um ritual exuberante e irresistível (...), seus perfumes e incensos.”
Para Arthur Waite, o princípio fundamental para a
comunicação com várias classes de inteligências transcendentais ( tais como
anjos, espíritos elementares, demônios etc) “...residia no exercício de certa
força oculta existente no mago e intensamente exercida para o estabelecimento
daquela correspondência entre os dois planos da natureza capaz de efetuar o
propósito almejado. A síntese desses métodos e processos tinha o nome de Magia
Cerimonial e constituía, de fato, uma tremenda válvula multiplicadora das
faculdades latentes da natureza espiritual do homem.”
Entretanto o renascimento da Magia Cerimonial teve início quase cem
anos antes de Waite escrever o livro acima. Em 1801 o inglês Francis Barret publicou sua obra literária única: “O Mago, ou Inteligência Celestial". O Mago era uma compilação da magia dos grimórios e dos magos filósofos medievais. Grande parte do material recolhido por Barret provém realmente de manuais ocultistas mais antigos, como ele sugere no prefácio:
"Reunimos nessa obra a sabedoria dos magos mais famosos, como Zoroastro, Hermes, Apolônio, Simon do templo, Trithemius, Agripa, Dee, Paracelso, Roger Bacon e muitos outros.."
Na verdade, a maioria do material vinha do livro de Agripa "Três Livros de Filosofia Oculta" e do Heptameron de Pietro d`Abano.
O revivalismo ocultista iniciado por Barret continuou por todo o século XIX através da linhagem dos ocultistas franceses que tiveram como expoentes principais: Eliphas Levi, Papus (Dr. Gerard Encausse), Stanislas de Guaita, Joséphin Peladan e Saint-Yves D’Alveydre. Integrados entre si por identidades doutrinárias ou por vínculos de mestre e discípulo, esses autores propõem uma visão eticamente orientada, enfatizando a importância do Mago alinhar-se com as Forças da Luz.
"Reunimos nessa obra a sabedoria dos magos mais famosos, como Zoroastro, Hermes, Apolônio, Simon do templo, Trithemius, Agripa, Dee, Paracelso, Roger Bacon e muitos outros.."
Na verdade, a maioria do material vinha do livro de Agripa "Três Livros de Filosofia Oculta" e do Heptameron de Pietro d`Abano.
O revivalismo ocultista iniciado por Barret continuou por todo o século XIX através da linhagem dos ocultistas franceses que tiveram como expoentes principais: Eliphas Levi, Papus (Dr. Gerard Encausse), Stanislas de Guaita, Joséphin Peladan e Saint-Yves D’Alveydre. Integrados entre si por identidades doutrinárias ou por vínculos de mestre e discípulo, esses autores propõem uma visão eticamente orientada, enfatizando a importância do Mago alinhar-se com as Forças da Luz.
A Teurgia Neoplatônica foi a raiz da Alta Magia ocidental
moderna
A Teurgia surgiu através de Jâmblico de Chalcis (250 – 330
d.C) místico e filósofo neoplatônico do século IV da nossa era. A palavra:
“Teurgia”, significa “Ação dos Deuses” ou ainda “Serviço Divino” sendo
considerada um tipo mais elevado de Magia, realizada num contexto
espiritualista por filósofos e sacerdotes.
A Teurgia grega, ou Magia dos Deuses, era originalmente egípcia. Isto não surpreende visto os rituais de mistérios desenvolvidos no Egito influenciaram de maneira determinante praticamente todas as escolas de magia e ocultismo que se desenvolveram posteriormente no Ocidente.
A Filosofia Hermética formava a base teórica que
fundamentava as práticas teúrgicas entre os neoplatônicos. Esta filosofia fundamentava-se num tipo de gnose emanacionista que buscava elevar o iniciado
as alturas do Uno Transcendental pela escada da Natureza. Nessa ascensão as
esferas celestiais o iniciado travava comunicação com aqueles poderes
espirituais denominados “deuses”. Os caminhos de busca do Mago, deixados pela
Hermética, são: alcançar o limiar do Espírito para ser onipotente e conquistar
o conhecimento (gnose) da Mente Cósmica; e conseqüentemente, entender a
natureza do Universo.
A Teurgia tinha plena aceitação entre os filósofos pagãos, que a consideravam uma barreira contra o avanço irresistível do cristianismo e como algo situado por cima da filosofia clássica, dado que permitia o acesso direto aos deuses. Segundo o neoplatônico Jâmblico " não é o pensamento que liga o teurgo aos deuses...a união teúrgica (com a Divindade) se alcança unicamente pela eficácia de atos inefáveis realizados de modo correto."
Sendo considerada uma espécie de concorrente mística ao Cristianismo os teurgistas foram muito perseguidos pelos padres cristãos, e, por
isso, além de serem reduzidos em seu número, passaram a formar grupos secretos,
operadores da Magia Teúrgica.
Desde o
Império Romano até a Reforma, a magia ritual e cerimonial estava totalmente
entrelaçada com a religião predominante na época. Quando o cristianismo
alcançou o poder com o imperador Constantino, a Magia assumiu rapidamente a
natureza cristã. Muitas cerimônias de magia bastante usadas, algumas tão
antigas, provindo da época da Babilônia, assumiram a nova roupagem teológica da
religião cristã. As práticas religiosas cristãs impuseram, aos antigos círculos
mágicos babilônicos, os nomes dos quatro anjos judaicos dos pontos cardeais.
Elas também substituíram os nomes das divindades do panteão babilônico pelos
nomes dados pelo panteão romano às forças planetárias, e os nomes das
divindades hebraicas do Antigo Testamento pelos nomes dos atributos do Deus
Criador.
A regra era a cristianização dos ritos e das fórmulas
mágicas. Os apelos divinos eram feitos em nome de Jesus Cristo, e as alusões ao
Novo Testamento eram comuns. Nomes hebraicos de poder, como Agla e Tetragrammaton,
foram substituídos por frases cristãs e assim por diante.
Muitos dos ritos da Chave
de Salomão, por exemplo, foram “cristianizados” – quase seguramente pelas
mãos dos padres – para dar a impressão que resultados taumatúrgicos podem ser
conseguidos através deles com adições cristãs.
De
modo geral, os encantamentos e as técnicas de preparação do mago e do material
eram centrados em orações nas quais são exaustivamente repetidos muitos nomes
hebraicos e gregos de Deus, de anjos e demônios, além de fórmulas mágicas em
latim ou hebraico mais ou menos distorcidas.
Surgimento
da Alta Magia
A Magia Cerimonial evoluiu e modificou-se
e já a partir do final do século dezenove buscou-se reviver novamente os
elementos teúrgicos do êxtase, que são a chave para o conhecimento Divino ou
gnose. Assim é que as mudanças promovidas por Eliphas Levi, Mathers, Westcott e
seus sucessores da Golden Dawn era a de mesclar as tradições mágicas anteriores
com uma mística união com o Divino, mergulhando-as no espírito de otimismo e fé
no progresso humano que caracterizava o século XIX. Foi a esta mistura que
Eliphas Levi, com sua genial capacidade de criar rótulos úteis, inventou o
termo haute magie, Alta Magia.
Após Eliphas Levi a Alta Magia sofreu transformações e passou a combinar aspectos do misticismo judaico-cristão com as antigas Tradições de Mistérios da Grécia, Egito e Mesopotâmia. Os principais agentes dessa mudança foram a Ordem Hermética da Golden Dawn e seu mais conhecido membro Aleister Crowley. A primeira mudança veio em relação às entidades as quais se dirigiam. Embora
mantivessem as hostes judaico-cristãs, a Golden Dawn também se dirigia a deuses
do panteão egípcio e greco-romano, sempre trajando túnicas e adornos sugestivos
das deidades invocadas. Depois que Crowley seguiu por conta própria, continuou
a dirigir-se aos antigos deuses. Mais adiante, ele negou a existência de um
poderoso Ente Supremo no topo da hierarquia universal. Proclamou que o objetivo
do Mago era "alcançar o Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo
Guardião", satisfação da "verdadeira vontade", e a realização da
própria divindade. Apesar de alguns magos terem sido influenciados pela própria
obra de Carl Jung, que considerava todos os deuses como imagens arquetípicas projetados
por um inconsciente coletivo, e por filosofia orientais, outros entendem os
deuses como seres reais ou personalidades incorpóreas
onipresentes, intimamente ligadas com sua cultura de origem e com a essência
universal de onde vieram.
Existe pouca dúvida de que Crowley acreditasse que o Sagrado
Anjo Guardião fosse uma entidade externa à própria pessoa, uma das inúmeras
inteligências operando de outras dimensões da existência. Para Crowley, a
realização da divindade do mago não significa sua absorção no absoluto,
significava a realização de sua linha de evolução individual. Na verdade essa
realização é um processo gradativo de iluminação da consciência humana rumo a
Consciência Cósmica.
Entretanto, e por melhor que tenham sido as intenções dos magos
modernos, algo se perdeu durante todo esse processo de renovação da Alta Magia. O que Levi e os ocultistas do século XIX tencionavam fazer era liberar as habilidades mentais e espirituais latentes dos seres humanos através do uso da Magia Cerimonial Tradicional. Era uma forma de terapia destinada a permitir que os seres humanos evoluíssem até se tornarem deidades, ou até manifestar o divino que já existia neles. Entretanto o objetivo maior dos magos cerimoniais da Idade Média e Renascença não era somente espiritual. Eles também visavam obter o
domínio sobre os espíritos do Mundo Inferior para obrigá-los a realizar seus
desejos no mundo material.
Já próximo ao final da Idade Média os magos cerimoniais eram
estudiosos de mapas astrais e alquimia, praticantes de geomancia oracular, de
kabbalah angélica, de magia talismânica, e de cristalomancia ritual, geralmente
dentro de uma visão trinitária cristã. Embora influenciados pelo manto
teológico do catolicismo a orientação dos magos medievais e renascentistas era
pragmática. No estilo da antiga magia egípcia, eles buscavam baixar a
metafísica ao nível físico, e realizar ritos destinados a compelir forças
sobrenaturais, quaisquer que sejam, a realizar suas ordens.
Com o surgimento das ordens iniciáticas modernas o foco
mudou e a ênfase em resultados no mundo físico deu lugar ao autoconhecimento e
a busca do transcendental. Não que os magos antigos não se interessavam por
evolução espiritual. Eles também ansiavam por gnose (conhecimento) mas a
orientação, e a motivação, eram diferentes. Enquanto os magos da Goldem Dawn e
outras organizações ocultistas modernas buscavam uma espécie de ascensão
espiritual cuja competência mágica era medida através de graus iniciáticos de
avaliação subjetiva, os magos antigos visavam sempre precipitar mudanças no
plano físico.
Mas mesmo que o objetivo maior da Teurgia Medieval tenha sido realizar atos taumatúrgicos uma mudança na realidade aparente deve ser sempre precedida por uma mudança psicológica, na estrutura mesmo da personalidade do mago. O divino, o supra-natural deve agir através do mago utilizando-o como um canal de manifestação para que as forças “desçam” sobre os planos e “milagres” aconteçam.
contato com o autor através do email: heliomonteiro1966
também no facebbok o endereço do grupo da Ordo Lotus Nigra (OLN): h
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