FUGA DE AMOR

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Estava ali à mesa há mais de meia hora. Comia bastante. E com as mãos.
Pensando na floresta. Na floresta de onde o tiraram. E de vez em quando naquela cadela Doberman, a Charlene. Que beleza! As outras vinte cadelas não lhe superavam a formosura! Que olhar! Uma judiação ela no meio de toda aquela feiura. 
As cadelas cuidavam com eficiência de todo o quintal. O quintal parecia uma chácara. Tão grande que ninguém chegava até o fim do quintal por ser muito desolado e cheio de perigos equivalentes ao daquela ilha abandonada daquele filme...como é mesmo o nome?
Ele vivia com o corpo arqueado sempre, como que desacostumado a cadeiras e mesas. O que era a verdade.
Deram-lhe uma cama quentinha, com lençol limpo e coberta grossa. O frio estava dominando aquela região nos últimos anos.
Vestiram-lhe como a um milionário. Levaram-no às associações de amigos endinheirados. Apresentaram-no ao "high-society".
Noivaram-no, casaram-no, deram-lhe uma mansão no Jardim Selene.
Não conseguiram tirar dele o andar como o de um símio.
Os dias sucediam monótonos depois dos primeiros tempos de adaptação.
Foi num dia dos namorados que não aguentou. Sumiu. Procuraram-no em todo canto. Deduziram que voltara para a selva.
Um dia, alguém quis explorar os fundos do quintal na esperança de encontrá-lo e....não, ele não estava lá....
No outro dia, um outro fulano quis se distrair contando o número das cadelas e....Charlene não estava lá.
Mas quem uniu um fato ao outro?

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