MUITO AMADO

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Em sua casa, reinava uma perfeita harmonia.
Era o único amante e o melhor amigo de sua mulher.
O melhor ponta-direita do time de veteranos do Clube da Igreja do Bom Sacrifício.
O melhor pai do mundo.
O mais premiado. Fora até xerife honorário.
O mais gentil.
O mais necessário.
O mais querido filho.
O mais querido irmão.
Por que então pregavam-no naquela cruz? Suas mãos e pés sangravam todo o sangue do mundo.
Debaixo de si, via seu filho mais velho abrir uma cova com todo o prazer do mundo. Assobiava uma canção antiga. Do filme Cabaré.
Sua mulher servia ao centurião um "Cabernet", vinho feito com uma casta de uvas chamada "cabernet sauvignon", da espécie "vitis vinifera", originária de "Bordeaux", sudoeste da França.
Toda a Igreja que ele ajudara a fundar estava presente.
Às duas horas da madrugada, tocaram os sinos.
Ele acordou por alguns segundos. Tudo fora um sonho. O coração doía, estava grande demais. Como os seus caninos.
Seu melhor amigo cravou-lhe a estaca, então.

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