O Culto de Ganesha na Ordem do Lotus Negro (Dharmagupta)

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Nos ritos teúrgicos da Ordem do Lotus Negro (O.L.N)  o Deus Hindu Ganesha é o primeiro invocado. A primeira prece é sempre dirigida a Ganesha. Existem muitas razões para isso conforme segue abaixo:

Ganesha é uma divindade popular. É o Deus removedor dos obstáculos ao desenvolvimento espiritual e material, possibilitando aos seus devotos alcançar as riquezas e assegurando o êxito em todos os empreendimentos. 
Ele é tradicionalmente invocado antes de qualquer empreendimento, pois é o protetor de tudo o que possa ser considerado auspicioso.

Ganesha possui duas esposas, uma chamada Siddhi (êxito, forca mística, poder) e a outra Buddhi (intuição, intelecto, discernimento), filhas de Vishvarupa (senhor dos mundos), que ajudam a proteger o conhecimento, as escrituras sagradas e a educação. Na imagem contemporânea de Ganesha nós vemos uma estranha composição de elefante e homem, e na parte de baixo do quadro um camundongo ou um rato. Este é um glifo dos três mundos - do céu, da terra e do submundo, ou sol, lua e fogo. Devido a este tríplice simbolismo Ganesha está associado as três gunas. Sua associação com "obstáculos" provém  da grande força do elefante, a inteligência do humano e a sutileza ou habilidade do camundongo ou rato de penetrar pequenos espaços.

Shiva designou Ganesha como o guardião de passagens, cruzamentos e portais de todos os tempos e mundos possíveis. Projetado no corpo humano, Ganesha também é o Protetor dos Chakras. Ele guarda a entrada do chakra sexual, a fonte do poder shamânico curador. Esse chakra fundamental (muladhara chakra) é a fonte de toda a energia (kundalini), sem o qual nenhum ser humano pode viver.

Ganesha também pode aparecer segurando uma flor de lótus, que nasce no pântano, porém nunca é suja por este, representando assim a pureza do espírito. Devido a isso muitas vezes Ganesha é visto como um Rei do Muladhara Chakra, no qual reside a Kundalini, e seu principal aspecto é a inocência.

Assim Ganesha é filho da Mãe Deva-Kundalini, da qual é Guardião, o Protetor e encarna a completa inocência da criança. Invoca-se às bênçãos de Ganesha antes de se iniciar qualquer atividade, porque é Ele que vence os obstáculos.





                                           GANESHA NO BUDISMO


No mês de setembro, comemora-se o mês de Ganesha, que os budistas chamam de MAHAKALA, “O Grande Tempo”. Em muitos templos budistas do Nepal, Ganesha em sua forma hindu, como é amplamente conhecida, está na porta, guardando a entrada, tomando conta. Isto quer dizer que Ganesha é uma das divindades protetoras, guardiãs do Dharma, a doutrina budista, e protege os praticantes e devotos.

Ganesha é geralmente apresentado com quatro braços - estes representam as quatro direções do espaço ou os quatro elementos - o Deus sendo o Espírito ou Quintessência destes. Isso também é uma indicação de como os quatro se transformam em três e os três em Um.

Ganesha significa Senhor das Hostes. Como é comum no simbolismo Tântrico o Nome é realmente um adjetivo. Esse adjetivo também é aplicado a Shiva. As Hostes são as hostes de Espíritos ou habitantes dos Três Mundos.


Na tradição xamânica mundial, os xamãs são aqueles que vêem o mundo como um composto de três mundos. Um físico, povoado pelos espíritos da natureza, um mundo subterrâneo e um terceiro, sublimado ou espiritual. Em todos os grupos, seja na Sibéria ou na Nova Zelândia, as tradições sempre batem: são três mundos ligados por um eixo central. A imagem varia. Pode ser uma corda, uma escada, uma montanha. O dom do xamã é viajar pelo intermundo, ao longo dessa corda que atravessa os três mundos.

Embora se pense em Ganesha geralmente como filho de Shiva e Parvati, o ponto de vista mais cósmico é de que Ele é, simplesmente, um aspecto ou símbolo do Deus Primordial.

Algumas vezes, ele aparece com oito braços, o nobre caminho óctuplo:

1- palavra correta
2- ação correta.
3- meio devida correto.
4- esforço correto.
5- plena atenção correta.
6- concentração correta.
7- pensamento correto.
8- compreensão correta.

Em alguns casos, é visto até com dez braços, as direções do universo, ou seja, os quatros pontos cardeais – norte, sul, leste, oeste; os quatros pontos colaterais – nordeste, noroeste, sudeste, sudoeste e os dois pontos místicos: o Nadir e o Zênite – o centro da terra, a partir do chão que pisamos, e o alto da cabeça representando o infinito. Isto quer dizer que este Deva nos protege em todas as estas direções.


Ganesha também é visto como Ganapati a divindade protetora das escrituras, da sabedoria, da força mistíca, da profundidade e do discernimento. Em algumas regiões, é conhecido como Heramba e possui cinco cabeças de elefante, são o que os textos canônicos denominam de cinco skandas:

O corpo.
As sensações.
As percepções.
As formações mentais.
A consciência.

“Em muitos sutras – os textos sagrados do budismo – o Buda era visto como “O Grande Elefante”.

“O Sábio Elefante”. Diz à lenda que a mãe do Buda sonhou com um elefante branco entrando em seu ventre. Logo depois ela estava grávida de Sidarta, que veio a ser conhecido como “o Buda”. Observe as imagens do Buda, ele tem uma orelha proeminente grande, comprida; são o símbolo da paciência, de ouvir bem, com carinho e atenção os outros, o respeito para com o próximo.


                                        GANESHA NO XAMANISMO

Todos os jhankris (xamãs nepaleses) invocam Ganesha primeiro, antes mesmo de Shiva e Agni. Eles fazem isso com a oração que disponibilizamos abaixo. O rabanete (Raphanus sativus ou radicula) conhecido como "mula" no Nepal é a planta sagrada do Deus Elefante. Ele pode ser visto em máscaras ou em ilustrações pictográficas. Mas, na verdade, não há nenhuma relação real com o rabanete. Ao invés disso, trata-se de uma planta chamada "ban mula" (rabanete selvagem), "daling", "belu chare" ou "pangla bung".

O gosto é similar ao do rabanete. Ela é comida afoitamente pelos xamãs, já que seu consumo fortalece o shakti (energia vital). Essa planta é um símbolo de Ganesha: é metade animal, metade vegetal. O rabanete selvagem é metade raiz, metade folhas -- assim é um símbolo similar à mandrágora da Europa.

                                           Oração a Ganesha, o Guardião da Passagem

"Jai Ganesha, Jai Ganesha, Jai Ganesha Deva
Mata Shrii Parvai, Pita Mahadeva
Jai Ganesha, Jai Ganesha, Jai Ganesha Deva
Ek danta, dua danta, char bhuja dhari
Kapal bhari raato sindoor musa ko sawari
Jai Ganesha, Jai Ganesha, Jai Ganesha Deva"

Oração a Ganesha, o Guardião da Passagem (TRADUÇÃO)


"Oramos a ti Ganesha, Pai dos Deuses
Sua mãe é a senhora Parvati, seu pai Mahadeva
Oramos a ti Ganesha, Pai dos Deuses
Você que tem dois tipos de dentes e quatro braços fortes
Você que tem vermillion na testa
E cavalga em um rato

Oramos a ti Ganesha, Pai dos Deuses"

Obs: Vermillion significa vermelho, este é o nome do mineral que deu origem ao pigmento vermelho utilizado na antiguidade, antes de reproduzirmos quimicamente as cores.

Foto: Imagens de Ganesha e Shiva em sua forma de Daksinamurti. Muito embora se pense em Ganesha geralmente como filho de Shiva e Parvati, o ponto de vista mais cósmico é de que Ele é, simplesmente, um aspecto ou símbolo especializado do Deus Primordial. Logo abaixo de Ganesha aparece a representação de Adinath Daksinamurti. A palavra Adinath em sânscrito significa "Primeiro Senhor” por sua vez  Daksinamurti é um aspecto de Shiva como um mestre de todos os tipos de conhecimento (jnana), e sua personificação como ou a suprema  consciência definitiva, compreensão e conhecimento. 

Daksinamurti (दक्षिणामूर्ति)  cumpre o papel de Guru Divino e primeiro mestre da linhagem supra-humana na Ordem do Lotus Negro.



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