Depois dos passos que dei, as coisas que observei
por aí e as porradas que tomei, resolvi escrever coisas que pudessem servir
como uma nova visão pra quem está na Magia. Em especial, pra quem está
começando o caminho...
O que vou colocar aqui vale para todo tipo de
caminho religioso/espiritual. Antes de tudo, deixarei claro uma coisa: A
escolha é sempre única e exclusivamente sua. Estas palavras podem fazê-lo
reavaliar alguma situação particular ou não, cabe apenas ao leitor decidir
sobre si e arcar com as consequências.
Quando surgiu meu interesse pela Magia devido à
popularização da Wicca entre as adolescentes roqueiras da minha escola, em
menos de um mês conheci aquela que se tornaria minha primeira tutora de
Bruxaria. Me tornei sua primeira discípula, e acho que ela nunca ensinou pra
outras pessoas além de mim. O conhecimento dela era totalmente diferente da
Wicca, mas minha intenção era me tornar uma bruxa, não uma wiccan (sim, existem
diferenças grandes entre uma coisa e outra...). Criamos um vínculo de amizade,
saímos juntas por muito tempo, conheci o tutor dela... e apesar das idas e
voltas da vida mantemos algum contato até hoje, embora bem menos frequente.
Ainda considero a melhor forma de aprendizado possível, através de um contato
humanizado, sem hierarquias, apenas o respeito e o reconhecimento pelo
aprendizado recebido, sem egolatrias e idolatrias.
Três anos depois fui obrigada a me mudar, passei um
ano em Angra dos Reis. O caminho solitário era árduo, desanimador, e os
conflitos emocionais da adolescência complicavam minha mente, mas eu persisti.
Passei este ano da minha vida lendo muitos livros, sobre todo tipo de coisa
relacionada à Magia, religiões e espiritualidades. Quando retornei para minha
velha cidade, minha tutora me “emancipou”. Disse que eu já estava pronta e ela
já não precisava me ensinar.
O caminho solitário já mostrava seus obstáculos
desde o dia que fui obrigada a mudar de cidade... mas ainda era pouco comparado
ao que enfrentei 6 meses depois de deixar Angra dos Reis para voltar a morar
onde cresci. Minha história é longa, e faço questão de frisar meu tempo de
caminhada – 10 anos – apenas para mostrar quanta coisa pode acontecer na
sua
vida em nome do crescimento e do aprendizado. Nunca precisei fazer rituais
iniciáticos, assumir títulos ou graus pro desafio surgir na minha vida. Não me
afiliei à uma religião, ordem, seita, ou qualquer coisa parecida. Apenas pedi
ao Universo, na minha forma particular de sempre, que me enviasse alguém para
me ensinar. Não demorou e minha primeira tutora apareceu. Na nossa primeira
conversa, ela perguntou por que eu queria aprender Bruxaria, e minha resposta
foi simples – Quero evoluir. Evolução pode tomar várias conotações, não apenas
a comumente entendida como algo típico do tal “Caminho da Mão Direita”. Não
pedi pra me tornar uma santa, pedi pra crescer, obter poder e conhecimento útil
ao meu próprio progresso.
Quando dizem pra tomar cuidado com o que pede, na
verdade você deve estar seguro do quanto pode suportar de consequência. Junto
com os benefícios vem o preço, e se não pode pagar, não pense que irá conseguir
na marra sem sofrer. Ouvi muitas vezes aquelas histórias de gente que abandonou
a Magia pra se tornar cristão, simplesmente porque não aguentou o tranco quando
os desafios vieram. Também tem o caso daqueles que entraram na igreja para se
beneficiar, já que a prosperidade com o aspecto charlatão é bem presente por
lá. E por falar em prosperidade e charlatanismo, vou aproveitar pra começar a
incomodar alguns... rs
Citei parte da minha história pessoal numa única
preocupação: Fazer o leigo ou iniciante em algum caminho mágicko/religioso
perceber que eu cheguei onde estou através do “Assim Seja” do Universo. Eu
pedi, e recebi. No começo foi bem divertido, os anos com minha tutora foram
muito legais. Mas a persistência fez o Universo entender que eu queria levar a
coisa a sério, e Ele me mostrou que não havia flores nesse caminho... Pense
nisso e
jogue ao fundo a música Highway to Hell... rs
Quando as dificuldades começaram, também foi a época
que estava incomodada com a solidão. Mesmo estudando e praticando com meus exs,
ainda conheci grupos abertos de magia, covens, ordens, clãs, etc... Por mais
que eu conhecesse pessoas bacanas nesses locais, por mais interessante ou
agradável que fosse, logo ocorria algo desagradável que me incentivava a cair
fora (ou simplesmente ficava inviável frequentar o local). Comecei a perceber
que não concordava com nada daquilo que estava estabelecido, e minhas
conclusões finais sobre todas estas voltas que dei só apareceram recentemente.
Foi aí que entendi um fato bem simples – Eu não preciso de grupos. Nunca precisei.
Sim, eu tive quem me orientasse no início, e isso
evita a insegurança que temos ao encontrar algo desconhecido que nos interessa.
Mas era um contato direto, diferente de estar construindo uma egrégora grupal,
onde é
comum a hierarquia, egolatria e idolatria. Passando pouco tempo dentro
de vários grupos diferentes, percebi outro fato – Quem constrói a força do
grupo não é o líder, mas as pessoas que estão no grupo. O líder pode ter todo
carisma e lábia pra manter o grupo sob suas ordens, mas basta que ele dê um
deslize e a egrégora enfraquece. Perceba: Você NÃO precisa do líder, O LÍDER É
QUEM PRECISA DO GRUPO.
É uma via de mão dupla - por um lado você aprende, e
por outro você contribui com as intenções de quem está na liderança. Não é
diferente de qualquer outra coisa que vemos na sociedade, como as hierarquias
acadêmicas ou empresariais. Família ou Clã também é uma hierarquia. O fato é
que você será obrigado a abaixar a cabeça pra alguém, e até que ponto isso irá
te beneficiar? Será que você não aprenderia muito mais aqui fora? Basicamente,
a Magia é constituída de Teoria e Prática. Teorias existem aos milhões por aí,
tem pra todo gosto. A Prática já é algo bem mais particular, e apesar dos
milhões de registros práticos por aí, seus resultados sempre serão parte
exclusiva do seu ser. E o mais importante – O Universo sempre será seu melhor
orientador.
Quando cheguei à essa conclusão, parei de me
incomodar com o Caminho Solitário. O grande desafio de estar sozinho é se
sentir confortável com a vida onde só há você e o Universo. Caminhamos com
pouca coisa na mochila, quase nada, mas os passos dados são a nossa real
riqueza. E finalmente, quando nos aceitamos plenamente enquanto solitários,
ocorre um fenômeno – “Eu Sou Deus”. Como assim? É simples, basta se rebelar e
passar a criar por si mesmo, sem se importar com o mimimi alheio. Você se basta
e está satisfeito com sua via solitária, sem hierarquia, egolatria ou
idolatria, e isso incomoda muita gente, acredite... Isso sim é agir como um
verdadeiro Lúcifer, sendo sua própria Luz. É esta auto-emancipação que nos
torna deuses, sem verborragias ocultistas, sem teorias complexas. Sem putarias
desnecessárias.
“Tudo é muito simples, nós é que complicamos”. Nunca
antes acreditei tanto nessa frase. Espero que estas palavras sirvam pelo menos
pra reflexão, até porque eu não estou aqui pra aturar mimimi, gente. Lamento,
mas não perco meu tempo respondendo aqueles sujeitos que amam criar discussão.
Já estou meio velha pra isso, sabe? Não sou do tipo que gosta de masturbar o
ego alheio... Convenhamos, essas briguinhas entre magistas/ocultistas são um
saco e só servem pra disputa de egos.
Como puderam perceber, não sou do tipo de pessoa que
vai evitar falar os fatos ou que está aqui pra ser só mais uma a repetir as
velhas ideias e teorias feito um papagaio. Não estou escrevendo pra fazer fama,
estou aqui pra quebrar regras e criar coisas diferentes, além de expor o que
vivo e vejo como uma ferramenta que possa auxiliar outros, mesmo que seja pouco.
E também não estou aqui pra servir de “conselheira particular”, eu escrevo
quando posso e tenho vontade. Só vou bancar a psicóloga se me pagar a consulta,
já aviso...
Quem quiser acompanhar minhas publicações, taí o
link do meu blog: http://lokizando.blogspot.com.br/
Meu agradecimento à Lizza Bathory pela oportunidade
de escrever pro blog Submundo.
Loki Sher
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