Testemunho de uma ex-cristã sobre o sacerdócio magístico (Soror Asenat).

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Para quem  nasceu com certos dons paranormais crescer no seio de uma família ortodoxa cristã às vezes é difícil. Sempre tive certa inclinação pelo misticismo, pela magia e isso – para a maioria de meus familiares – sempre foi  rotulado como "coisas satânicas".

Ver seres invisíveis (vidência astral), capacidade de telecinese, premonição etc  sempre foram para mim – desde que me lembro –  dons muito naturais e achava em minha infância que todos teriam a mesma facilidade, mas logo notei que estava enganada. Eu não só percebia espíritos humanos como também não-humanos (elementais, daemons goéticos, metamorfos etc). Nas poucas vezes que expressei o que sentia, e via no astral, logo percebi que isso assustava as pessoas. Elas ficavam me olhando de modo estranho. Algumas crianças possuem mediunidade, na verdade a maioria, e às vezes escondem de seus familiares por medo que considerem parte de sua imaginação ou  de interferência demoníaca. Era isso que invariavelmente me acontecia. Eu cheguei me abrir para algumas pessoas líderes da Igreja que participava. Eles diziam que era tudo tentação do mal, coisa de satanás, para que eu rezasse e fizesse jejum para que os “demônios não tivessem o controle sobre mim”. Isso me deixava cada vez mais isolada e com medo de me expor, me fechava e simplesmente comecei a reprimir tudo que sentia e ignorar tudo que acontecia de sobrenatural a minha volta.

Quando ainda muito pequena lembro-me que vivia em um Universo Místico povoado de fadas, gnomos e outros seres – alguns não tão amistosos. Objetos inanimados como meus ursos de pelúcia e bonecas pareciam cheios de vida, como veículos para forças invisíveis que pareciam querer se comunicar comigo. Com o tempo minha fascinação pelo mundo mágico só aumentou e o interesse  por energias e seres invisíveis não terminaram, mas as dúvidas e os questionamentos começaram a surgir. 


Quando você percebe que já cresceu e aquele pensamento típico de criança sonhadora se torna um dos seus principais interesses é hora de dar uma direção a tudo isso. Foi assim que aconteceu comigo. Desde minha pré-adolescência, meu interesse pelos estudos esotéricos foi crescendo, existia uma força dentro de mim que me incentivava a buscar qualquer coisa que estivesse ligado a Magia e ao Miraculoso. Lembro-me que foi quando completei 12 anos que o contato com seres de outras dimensões se tornou mais real, e às vezes até perigoso. 

Sentia uma conexão com seres elementais, conhecidos como daemons. Na verdade a palavra 'demônio" passou a significar uma palavra malévola, inclinada a destruição ou no mínimo ao molestamento da humanidade. Mas a apalavra vem do grego "daemon", que significava qualquer espírito de natureza elemental, bom ou mau.  Então esses seres  possuem um caráter ambíguo, às vezes são bons,  outras vezes ruins. Algumas vezes sentia que me “mandavam” fazer certas coisas, cumprir determinadas ações e caso não fizesse eles me puniam. Em contrapartida, me davam receitas de elixires e poções para realizar meus propósitos. Outras vezes revelavam as intenções e até os pensamentos de outras pessoas (fazem até hoje). Ajudavam-me a conseguir coisas que desejava, desejos fúteis como um livro que não tinha dinheiro para comprar, uma peça de roupa que em minha cabeça adolescente achava o máximo e etc.  Muitas vezes recebia esses objetos de forma repentina, inusitada, como um presente dos daemons  kk

Foi na minha pré-adolescência que conheci a Tradição Wicca. Comprei uns livros lindos de “Wicca” na banca de jornal. No bairro onde morava não tinha livrarias, nem sebos. A livraria ficava bem longe, tinha que pegar ônibus, sem chance minha família permitir. Eu tinha várias revistas e livros de “Wicca”, comprava toda semana, e algumas eram quinzenais. Não foi uma nem duas vezes que eu deixava de comprar coisas que necessitava para comprar esses livros e revistas. Eu nasci em família humilde, então tudo era um sacrifício mesmo.

Maior sacrifício era esconder essas revistas e livros da minha família, sobre risco de - caso fossem descobertos - serem queimados !!  Minha família é Cristã Católica, daqueles bem ortodoxos mesmo! Se vissem um desses livros comigo iriam queimá-lo e eu corria o risco de até mesmo ser expulsa  de casa.  Então criei um compartimento secreto no guarda roupa, existe até hoje kk. Aonde colocava os livros e os lia sempre de madrugada kk.

Difícil era seguir os ensinamentos dos autores sobre Magia prática. Não tinha nenhuma privacidade, faltava espaço  (dividia o quarto com mais duas irmãs ) e não possuía os instrumentos necessários. Então só os lia mesmo. O que considerava mais difícil era entender a existência de vários deuses já que tinha nascido dentro da religião cristã, não tinha fé na existência de tais deuses pagãos. Mas, acreditava no restante kk

Teve um período na minha adolescência quando tinha 15 anos que fiquei bem confusa, por causa da pressão psicológica exercida sobre mim, por meus familiares, dos dogmas da Igreja a respeito da salvação da alma, pecados etc... Isso me deixou com receio de ler livros sobre Magia ou qualquer assunto dito esotérico. Acabei me afastando por um tempo e me ligando a uma religião cristã conhecida como Mórmons. Mas, o fato de ter deixado de ler sobre Magia ou Ocultismo não impediu  de eu continuar tendo minhas experiências espirituais. Ao contrário, elas estavam ficando cada vez mais intensas, como se não já o fossem. Os daemons ou minhas energias reprimidas do subconsciente – eles estão ligados – começaram assumir formas densas e a pegar  pesado! Começaram a me atacar fisicamente, psicologicamente, de todas as formas possíveis e imagináveis! Acontecia por vezes de acordar de madrugada e notar formas fluídicas deslizando pelo ambiente e sentia medo de ser atacada. Muitas vezes chegava a desmaiar quando me cercavam. Parece que queriam que eu trabalhasse com eles de alguma forma e, como na época eu repudiava tudo relacionado à Magia ficavam furiosos!

Essas entidades usavam minha própria família contra mim, que discutia comigo do nada e sem motivo. Efeitos poltergeist também começaram a surgir. Coisas se moviam e objetos se deslocavam, desapareciam e apareciam em outro lugar magicamente. No meio de tudo isso, me perguntava, por que Deus me odiava tanto? Por causa desta situação, chorava inúmeras vezes, e entrava em melancolia. Por mais que buscasse um meio para controlar esses espíritos e forças não encontrava.  

Enquanto estava na Igreja Cristã não me faltaram eventos semelhantes e piores. A explicação dos lideres sobre esses acontecimentos é que  tudo não passava de “tentações do adversário, do inimigo etc”, ou seja: Satã.  Mas, isso não explicava os outros seres que se comunicavam comigo,  que me inspiravam positivamente e que hoje vejo como guias e espíritos superiores. Apesar do fato de muitas das várias experiências sobrenaturais que tive fossem boas e encorajadoras eles não aceitavam como verídicas. Sem falar em minhas vidências e premonições. Para eles, só quem poderia ter o “dom de revelação profética” eram homens!

Então... por que eu tinha? Não eram apenas coincidência, as visões que tinha se concretizavam mais cedo ou mais tarde.  Ainda assim tinha que me calar e asfixiar tudo dentro de mim para não correr o risco de ser chamada de esquisita ou de inventar mentiras. Comecei a ficar incomodada, por sempre tentar seguir  os padrões cristãos (que considerava virtuosos) e mesmo assim sofrer tanto.

Meu cotidiano não era como de outras pessoas, sofria diariamente, tinha inveja de pessoas normais, muitas vezes implorei chorando para Deus me livrar de minha paranormalidade, ou seja lá o que fosse isso. Não queria  ver nada mais, ter revelação alguma, queria apenas a paz de uma vida normal, que me deixassem em paz! 

Acreditava que existia algo de errado. Ou era comigo ou com a religião que professava. Então cheguei ao meu limite, quando não aguentava mais a pressão psicológica do cristianismo ditando o que era certo ou errado, que era bom ou mal etc.. de pessoas querendo comandar minha vida e decidir com quem deveria fazer amizades ou namorar!  Não aguentava mais seguir aqueles padrões! Mesmo que isso significasse a condenação eterna nos termos cristãos! Ou rompia com tudo isso ou iria enlouquecer literalmente! É indescritível o quanto que sofri dentro desta estrutura dogmática, quanta tortura psicológica isso me causou por causa do medo de ir para o inferno. 

O que aprendi depois de passar 2 anos negando/reprimindo minha natureza livre e questionadora e me dedicando ao cristianismo? Que não vale a pena viver uma vida cheia de restrições, se limitando a fazer o que uma religião ou um líder qualquer, impõem como certo e verdadeiro. Em vez de ser feliz e viver a vida a sua maneira. Até porque, quem poderá te garantir que tem um inferno te aguardando? E se Deus existe e realmente é justo, iria mandar uma pessoa para o inferno por esta tendo uma vida feliz? Se fosse, um Deus assim não vale a pena ser adorado!

Com esse pensamento em mente rompi definitivamente com a Igreja e tudo que ela representava.

Depois de minha auto-libertação do Igrejismo militante eu voltei minhas forças para aquilo que me fascinava desde pequena: a Magia. Passei a reler tudo o que podia sobre o assunto, frequentava grupos na internet sobre o tema ocultismo, comprei novos livros e adquiri diversos conhecimentos  mágicos, com eles pude ajudar não só a mim, mas também minha família e outras pessoas.

Através de minhas leituras descobri um mago/filósofo chamado Therion que escreveu certa vez que homem ou uma mulher pode tornar sua própria vida miserável por ter feito um retrato errado/caprichoso de si mesmo. Se ele/ela acreditar que seguir uma conduta ou princípios (sejam eles familiares, religiosos ou sociais) devem ser priorizados em detrimento de seus sentimentos, de sua natureza, ele caminha em direção ao abismo. Ao contrário: o ser humano deve investigar a sua real natureza  pois – como dizia Therion -  um ser humano cujo desejo consciente está em choque de colisão com sua Vontade Real está desperdiçando suas forças. Ele não pode esperar influenciar seu ambiente eficientemente dessa forma. Isso acontece porque toda mudança seria forçada, artificial, e não corresponderá ao que sente em seus níveis mais profundos. Agindo assim as coisas, por mais organizadas e certinhas que pareçam externamente cairão por terra, ruirão um dia pois Set (o Caos necessário) agirá mais cedo ou mais tarde.  Se existe uma coisa boa que aprendi praticando Alta Magia é que nossa Vontade Real está muito ligada aos nossos instintos mais primitivos e devemos direcionar essas energias, de nossa herança animal, positivamente. Nós devemos aprender a cavalgar o diabo/dragão e utilizar suas energias a nosso favor. Não é reprimindo as forças de nossa alma animal que evoluiremos como seres humanos. Ao contrário é direcionando as forças de nosso lado sombra para algo realmente construtivo (como a realização de nossa Vontade Real) que um dia seremos deuses. E isso é maravilhoso! Também aprendi que todo Homem que esteja realmente empenhado em descobrir sua Vontade Real (seu dharma) ou missão aqui na Terra tem a inércia do Universo a lhe assistir. Cada ser humano deveria ser como uma estrela viajando em sua própria órbita, não deveria agir como uma ovelha em um rebanho. 

Depois de chegar a estas conclusões, descobri o que é a liberdade: não ter medo de um inferno te esperando, nem de cometer pecado, nem de demônios, nem de Satã. Senti um enorme peso saindo de mim e encontrei a paz de consciência finalmente.

Por um tempo me senti até estranha, então poderia fazer o que quisesse? Sem ter medo de está pecando? Isso era tão bom... Senti como se tivesse entrando em um mundo novo que só estava disponível para aqueles que quebravam os seus paradigmas. Não podia perder mais nenhum tempo. Imediatamente intensifiquei a minha busca por conhecimento mágico, mas agora sem bloqueios, sem restrições, de forma plena e completa.

E com o tempo meus problemas foram se resolvendo, tudo foi se organizando, até que um dia conheci o trabalho de meu marido Helio (Dharmagupta), que através de sua Magia me encontrou e eu através de meus Mestres espirituais o encontrei. Como consequência desse encontro fui iniciada no sacerdócio magístico da O.L.N (Ordem do Lótus Negro). Eu passei acreditar nos Deuses, que eram muito diferentes como diziam no cristianismo, Eles existiam – pelo menos em seu próprio plano - e eram muito fortes e bem reais, fora o carinho e amor que emanavam. Também a proteção espiritual que sentia quando realizava certos ritos esotéricos da ordem era muito maior da que tinha quando apenas orava servilmente. Sentia minha força interna crescer e a confiança em algo transcendente, que ia além de minha compreensão.  Sabia que o que sentia não era algo hipnótico - como acontece em alguns cultos religiosos - quando tentam alienar  você. Não! Vinha de dentro para fora, da aurora de minha Luz Interior.

A diferença foi gritante, quase risória, quando aprendi o que era um verdadeiro banimento... Eu descobri com meu mentor (Helio) que apenas rezas e uma boa intenção nem sempre bastam para lidar com forças e entidades do baixo astral. Foi quando sinceramente fiquei com raiva de ter perdido meu tempo pedindo ajuda para os lideres das igrejas que frequentei. Foi também quando eu pude me vingar pessoalmente daqueles daemons (haha) e colocá-los ao meu serviço!

Depois de aprender a fazer um simples banimento minha vida nunca mais foi à mesma, a partir daquele momento agir sem ter interferência de nenhuma entidade maliciosa. Se não podia liquidar de vez meus débitos cármicos poderia, sem dúvida, abrir caminho para uma vida melhor e começar a ser dona de meu destino.

Antes de ser iniciada na O.L.N muitas vezes eu  sentia bloqueios energéticos terríveis, principalmente no meio da coluna vertebral – parecia que uma lâmina estava lá fincada -  logo depois da iniciação eu nunca mais senti isso ( e olha que essa sensação de dor me acompanhou durante anos). No outro dia, assim que acordei, parece que uma armadura que eu carregava a vida toda foi arrancada de meu corpo. Eu sentia-me verdadeiramente estranha, como se tivesse nascida novamente.

Hoje sou muito feliz ter abraçado o Sacerdócio Magístico, por acreditar nos Deuses,  de pertencer e seguir a Tradição Draco-Lemuriana da Ordem do Lótus Negro.

Minha vida mudou? Sim e muito! Eu também sou uma nova pessoa, não tenho mais medo das forças do mundo invisível que antes me obsediavam.  Helio  explicou-me que nem tudo de ruim que acontecia comigo vinha de influências externas. Existe também a auto-obsessão e que nós também podemos criar, inconscientemente, entidades artificiais autônomas com raízes nas forças de nosso próprio subconsciente. Essas entidades assumem formas e materializações no astral e passam a sabotar nós mesmos.  Mas ele dizia que independente do que fossem nós podemos reverter tudo e utilizar a nosso favor e que nunca devemos deixar as coisas “correrem soltas” pois, como diz sempre, “a Natureza desassistida fracassa” (provérbio alquímico).

Ele me disse também que logo após a minha iniciação eu comecei a gerar um Corpo de Luz dentro de mim. Falou –com ar sério- que doravante deveria cuidar de meu Corpo de Luz como uma boa Mãe cuida de seu bebê, mesmo antes dele nascer. Desde então é exatamente o que tenho feito. Mas como ainda tenho muito o que aprender (e evoluir) sigo aquele pensamento: caminhante, não  caminho, se faz caminho ao caminhar.

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