MAGIA E BRUXARIA EM YECLA

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      Yecla, entre os séculos XVI e XVIII, foi a zona do Reino de Múrcia, onde mais casos de bruxaria foram reconhecidos pelo Tribunal do Santo Ofício de Múrcia.

      Em meados de século XVIII mulheres foram denunciadas ao tribunal inquisidor, porque os vizinhos de Yecla, estavam aterrorizados e denunciavam também que Yecla havia adquirido fama de terra de bruxas, é que isto fazia com que os forasteiros não quisessem passar por tais terras.

      Eram mulheres quase ermitãs, analfabetas, grandes manipuladoras, despreocupadas com sua aparência, dotadas com certos poderes maléficos e conhecimentos relatados no Malleus Maleficarum.

      As mais conhecidas naquela época de obscurantismo em Yecla eram: Maria Castaño (la sevillana), Josefa Cueva (la murciana), Maria Martinez (la del trueno), Francisca Azorin (la padre nuestra) e Ana Román (la tierna).

      Ana Román foi acusada em 1767 por Benito Martinez, os relatos são os seguintes:

      Benito lhe pediu que fizesse um conjuro para curar seu cunhado, oferecendo-lhe 40 réis e, entre ofertas e exigências por parte dela (la tierna), conseguiu convencê-la, por alguns punhados de réis a mais. Ana Román hábil e astuta, depois de ter os réis em seu poder, algo que planejou desde o princípio em sua mente retorcida, lhe comentou que para estes casos, a melhor era sua companheira Josefa (la Murciana) e que no dia de Santo Antão teria a resposta, e se isto por si só não fosse pouco, (la tierna) como boa manipuladora provocou sexualmente a Benito para que cedesse e assim fizesse perdurar uma nova linhagem de feiticeiras, porém Benito se negou retundamente.

      Passados dias sem resposta, piorada a saúde de seu cunhado, Benito Martinez, foi à casa de Ana Roman que lhe disse que ele já estava curado, sendo isto mentira e sem pensar duas vezes, Benito pegou uma faca e colocou em seu pescoço e esta, aterrorizada, lhe confessou que seu cunhado estava sob os feitiços de Francisca Azorin (la padre nuestra) e Maria Martinez (la gila), manipuladora, habilmente salvou seu pescoço dessa vez, porém isso não lhe livrou de ser julgada pelo inquisidor e castigada por ele como se fazia naqueles anos com métodos diversos...

      Outro caso também impactante de manipulação, foi o de Pedro Muñoz, que manteve relações com Maria Martinez (la gila) deixando-a depois de um tempo por outra mulher e sendo este o motivo que fez com que Maria Martinez utilizasse seus conhecimentos sobre feitiçaria e sortilégios contra Pedro, sem este estar consciente disto, tendo no pouco tempo que esteve enfermo até mesmo levitado em algumas ocasiões segundo declarações de algumas testemunhas. Novamente como o caso anterior, os familiares de Pedro Muñoz, o levaram à casa de Maria Martinez (la gila) e esta lhe disse que revelaria quem o enfeitiçou.

      Colocando um caldeirão no fogo da cozinha, lhe disse que olhasse para este e que veria passar muitas mulheres feiticeiras e que a que lhe olhasse fixamente seria quem o havia enfeitiçado. Pedro reteve uma imagem em sua retina, e essa era Francisca Azorin (la padre nuestra), este cheio de raiva, com uma faca em mãos quis ir atrás de Francisca, porém Maria Martinez, nesse instante, lhe confessou que foram as duas que fizeram o conjuro sobre ele.

      Após tudo, Pedro Muñoz, recorreu a um sacerdote do povoado (Pedro Antonio Ortuño) que lhe praticou um exorcismo, porém sem êxito, pois Pedro terminou seus dias entre alucinações, vendo as feiticeiras arrebatando seu membro viril, entrando em estados de puro nervosismo e tendo desmaios.

      O estado do pobre Pedro foi sem dúvida provocado pela ingestão de plantas e fortes feitiços relatados no Malleus Maleficarum.

      Atualmente pouco se sabe disto, e quase tudo nos soa como lendas e mitos, porém não olvides que elas existem, existem...

~ Murcia: crimen y castigo: taller de historia del Archivo General ~

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