DA MARESIA METAFÍSICA por natanael gomes de alencar

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As rochas das ilhas da memória,
As ondas sobre elas,
A força natural das espumas,
O limo, as estrelas afixadas nos pés,

Ao longe, navios e barcos na névoa,
Onde crenças antigas em decadência
Armavam cordas de algas ontológicas,

Sobre as orlas das ondas,
o sangue do pai, a me chamar,
ao último acordo, braço da morte,
garganta de verdades dissolutas,
não posso ainda

De grandes narinas sugando o ar,
seus ombros onde carregava o mundo,
há tempos,
o avô em seus delírios

Um minotauro sorria no rádio,
tentava ganhar o seu pão,
avô dizia, eu acreditava e tia sorria

Na esquina uma puta santa, espiralava um cigarro,
perguntei ao pai, ele disse que era borboleta,
que feiticeiros transformaram, por desobediência,
condenando-a às indecisões das esquinas

Pequenos comercializavam drogas
e cantavam com palavras de baixo calão
o hino nacional

Sombras disparavam cifrões arenosos pelos ânus,

avô dizia: prossiga, mas não pisa nas formigas,

As formigas, ah as formigas,
estas não paravam sua faina carregando as folhas,
alheias à metafísica daquele dia


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