A Marca da Bruxa

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Por Nigel Aldcroft Jackson
(de Call of the Horned Piper)


      Ao longo dos relatos de bruxaria europeia, a 'Marca do Diabo' tem se caracterizado como um elemento recorrente; esta 'marca da bruxa' parece ter sido um símbolo em cores ou um signo tatuado que o Mestre Cornífero ou Diabo fazia sobre um novo membro da companhia no momento de sua admissão à Wicce-craeft. Esta marca foi avidamente buscada mais tarde pelos caçadores de bruxas dos séculos XVI e XVII, já que se pensava que constituía uma prova irrefutável da participação de um indivíduo numa seita. Como Reginald Scot escreveu em 1594: 'O Diabo dava a cada noviço uma marca, com seus dentes ou garras'.

      As formas que a Marca do Diabo tomava variavam de região em região, amiúde consistindo em pouco mais que uma mancha azul, negra ou roxa sobre várias partes do corpo, encontrando-se frequentemente sobre um dos dedos da mão. Em Somerset as bruxas eram marcadas entre as articulações superior e média do dedo anelar ou quarto dedo da mão direita. Em 1597, Andro Man, uma bruxa de Aberdeen, disse que havia sido marcada pelo Cornífero sobre o terceiro dedo da mão direita. Uma bruxa em Yarmouth, em 1644, contou como numa noite iluminada pela lua 'um alto Homem negro a chamou em sua porta e lhe disse que devia primeiro ver sua mão; depois pegando algo similar a uma navalha de bolso, lhe fez um pequeno arranhão, para que o Sangue saísse, e a Marca permaneceu desde esse momento'.

      Em outros lugares a Marca do Diabo era de natureza simbólica mais explícita e consistia em pequenos glifos e sigilos totêmicos. Martin Delrio informa que as bruxas eram marcadas com signos secretos tais como a pegada de uma lebre, a pegada de um rato ou o símbolo de uma aranha. A lebre está profundamente conectada com os mistérios noturnos da lua, o rato aparece na antiga iconografía romano-gálica como Cernunnos, deus do submundo, e a aranha como tecedora de redes é sagrada para as deusas fiandeiras do destino tais como as Nornas, as Parcas e as Matronas.

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      Na Inglaterra rural a marca algumas vezes é conhecida pela forma de um lirón (roedor). Henri Boguet atesta o fato de que as bruxas francesas do século XVI recebiam a 'marque les sorciers' sobre o ombro esquerdo (sinistro) na forma de um pé de lebre. Menciona Jean de Vaux cuja marca da bruxa era 'un petit chien noir', o Cão Negro da noite,' da morte e do submundo. Entre as bruxas bascas dos Pirineus três marcas eram feitas sobre o coxa esquerda, o lado esquerdo das costas e sobre o olho esquerdo. O Diabo amiúde marcava as bruxas bascas com o signo do sapo ou pé de sapo, o anfíbio mais sagrado na Wicce-craeft que está associado com os pântanos subterrâneos, as cavernas e as águas ctônicas do submundo.

Fonte: La Huella Hendida del Maestro Astado

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